[MÚSICA] [MÚSICA] Na realidade, todos os nossos tecidos trabalham por indução. São induções, o processo, a natureza, na formação de qualquer ser vivo; ela é extremamente perfeita e precisa que as coisas andem bem. Então, nós temos as induções no momento certo. O sistema nervoso central se forma período muito curto da vida embrionária. Então, ele precisa que tudo esteja muito corretamente nas medidas certas, nas concentrações certas do ácido fólico, enfim, de todos os mediadores. E esses mediadores dependem da indução de sistemas proteicos, muito potentes na indução de formação de tecidos. E o vírus Zika, ele tem sistema proteico- que é o NS1A e NS1B- que eles inibem esse sistema proteico. Última análise, ele inibe o sistema mTOR, que consegue fazer e promover a indução da formação do sistema nervoso central. E ele, também- esse mTOR- ele inibe a autofagia. Como esses sistemas- do vírus Zika- ele vem e inibe o mTOR, nós não temos a formação do sistema nervoso central e aquele que está formado, é destruído. Tem potencial. Não ocorre isso todos os casos. Nós sabemos que têm crianças, mais ou menos, comprometidas. Nós sabemos da potencialidade, o vírus pode fazer isso. Não faz todos, ou faz parcialmente, mas, potencialmente, ele pode destruir totalmente o sistema nervoso central. Ele pode fazer com que o sistema nervoso central não se diferencie de maneira alguma. Então, o que existe é essa indução e essa inibição dos sistemas que vão fazer, e promover, a indução da formação do sistema nervoso central. É desta forma que nós temos a fisiopatologia das más-formações. Na realidade, ele tem capacidade de comprometer todo o sistema nervoso. Ele vai...Por que que têm diferenças dessas crianças? Algumas são mais comprometidas, outras não. É porque o vírus, ninguém sabe o que regula, mas ele compromete estruturas que são mais importantes; estruturas motoras, estruturas sensitivas, oculares. Nós temos crianças cegas, que ele destruiu o globo ocular, destruiu os nervos óticos, bilateralmente. Então, nós temos crianças que não enxergam- crianças cegas- porque tem comprometimento objetivo do aparato do sistema nervoso ótico, com destruição; e essas crianças não enxergam. Nós temos crianças que não ouvem, porque o sistema nervoso central, responsável pela audição, foi destruído, ou comprometido. Nós temos crianças que não ouvem, ou crianças que ouvem mal. Então, tudo isso, todos esses danos, eles vão do zero até o dano máximo. E o que nós temos na vida, depois quando essas crianças nascem, é saber qual é o grau de comprometimento; e tentar recuperar essas crianças. Então, existem formas de você saber depois que nasce, existem testes que vão além da imagem. Porque a imagem tem uma associação muito próxima daquilo que ocorre na realidade. Ela prevê, ela pode te dizer: "Essa criança vai ter tais, e tais, e tais, distúrbios." Mas erra. Nós só podemos ter essa resposta definitiva depois com os testes de habilidade que nós vamos fazer nessa criança para poder dizer qual vai ser o dano que essa criança vai ter que viver trabalhando, e vivendo, desenvolvendo a sua vida, frente a essas limitações. E aí que entra dado importantíssimo. Porque o sistema nervoso central, ele tem plasticidade, que está comprometido nessas crianças, mas existe. Então, se eu pego essas crianças com dificuldades mais leves, mais discretas, eu posso e tenho condições de induzir para que elas possam recuperar, ou possam levar a sua vida próxima a normalidade; para que elas tenham uma certa independência. Para sentar, para andar, para comer. E é a nossa torcida, para que elas possam crescer, para que elas possam aprender a ler, tenham a sua individualidade. Então, tudo isso vai depender do grau de comprometimento que, de maneira alguma, nós não sabemos nada do que pode ou não. Nós não podemos prever, uma infecção, se essa criança vai desenvolver comprometimento leve, discreto, moderado, grave; nós não temos condições de saber. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]