[MÚSICA] [MÚSICA] Nessa aula, a gente vai ver pouco sobre os flavivírus geral, pouco mais a fundo do que falamos na aula de Febre Amarela, não só porque o Vírus da Dengue é o mais estudado, mas também porque algumas destas características serão importantes quando a gente for falar sobre a vacina contra a Dengue. Como já vimos, os Flavivírus são vírus que tem o genoma de RNA positivo, o que quer dizer que o material genético deles pode ser usado diretamente para produção de proteínas nas células. Esse genoma de RNA do vírus da dengue codifica para três proteínas estruturais, ou seja, proteínas que fazem parte da partícula viral. A proteína que faz o seu capsídeo e as proteínas que ficam na superfície do envelope viral e fazem o contato e a entrada na célula. E também temos proteínas que chamamos de não-estruturais, porque não fazem parte da partícula viral, mas são usadas durante a replicação dela. A proteína estrutural E, por exemplo, é bastante importante para o vírus poder reconhecer e se ligar às células e por estar mais exposta, é a proteína mais reconhecida pelo nosso sistema imune. Então, vale dar uma olhada mais de perto no que que acontece quando o vírus se liga à uma célula. Depois que o vírus da Dengue encontra a célula que ele vai infectar, ele entra nela através do processo de endocitose, que é a formação dessa vesícula que coloca o vírus para dentro. Normalmente, a célula acidifica essa vesícula para degradar o que ela incorporou, mas, no caso do vírus da dengue, ele conta com isso. Quando esse endossomo, essa vesícula, é acidificada, a proteína E muda de conformação e funde a membrana do vírus, o envelope viral, na membrana da célula, o que libera o vírus no citoplasma da célula. Uma vez dentro do citoplasma, ele desempacota e já usa a maquinaria celular para fazer as novas proteínas que vão formar as novas partículas virais. Assim como o vírus da Febre Amarela, o vírus da Dengue normalmente infecta as células de defesa do corpo, como os leucócitos. É o processo inflamatório causado pela resposta dessas células, que dá os sintomas da doença que a gente conhece. Além disso, o vírus da dengue pode comprometer outras células sanguíneas na medula óssea que são as células produtoras das plaquetas que nós usamos para coagular o nosso sangue. Por isso, que a Dengue pode facilitar sangramento e hemorragias e, por isso, que medicamentos que interferem na coagulação devem ser evitados e são, inclusive, perigosos para quem tem Dengue. Quando a fêmea do Aedes pica alguém com dengue, esse vírus, que estava circulando no sangue, consegue atravessar o intestino do mosquito e infecta todo o seu corpo, sem causar complicações no inseto, até onde a gente sabe. Porque a gente já viu que o vírus pode permanecer no corpo do inseto até ele morrer. Ou ele pode passar para os ovos que as fêmeas depositam, mas isso é relativamente mais raro no caso do vírus da Dengue, ao contrário da Febre Amarela que já vimos. Nos mosquitos Aedes, esta transmissão transovariana de vírus é, pelo menos, 10 mil vezes mais comum no caso da Febre Amarela. O caso mais comum na Dengue é o vírus se replicar nas glândulas salivares do mosquito e ser transmitido junto com a saliva que a fêmea injeta quando pica a pessoa seguinte. [MÚSICA] [MÚSICA]