[MÚSICA] [MÚSICA] Agora que nós já vimos a história do primeiro vírus que descobrimos ser transmitido por mosquitos, que foi a febre amarela, vamos ver o flavivírus mais popular de todos números de casos e dores de cabeça, que é o vírus da dengue. Por ser o vírus que causa o maior número de infecções, o vírus da Dengue também é o vírus mais estudado. Então, a gente vai aproveitar ele como modelo pra poder entender os princípios gerais do ciclo infeccioso dos flavivírus de interesse na disciplina. A relação do vírus da Dengue com o vírus da febre amarela não é só biológica, mas também é histórica. A Dengue foi a segunda doença humana demonstrada como causada por vírus e transmitida pelo mosquito logo depois da febre amarela. Ocorrem de 50 a 500 milhões de casos de dengue por ano no mundo, dos quais mais de 20 mil pessoas morrem. O que já faz da Dengue a virose transmitida por artrópodes mais comum. Aí nós falamos artrópodes também para poder representar aquelas doenças que são transmitidas não só por mosquitos, mas por carrapatos também, o que a gente ainda vai explicar mais a diante. Por bastante tempo uma doença com sintomas da Dengue só era conhecida na Índia e nas Ilhas do Pacífico. Já os primeiros registros mais confiáveis do sintoma de Dengue são do final do século 18 quando a doença já estava aqui nas Américas. Mas a maior parte da variedade genética do vírus, especialmente entre a linhagens silvestres que circulam primatas ainda está na Ásia. O que sugere que o vírus se originou por lá, tanto que ele foi isolado pela primeira vez no Japão 1943. Dois anos depois, 1945, os americanos também isolaram o vírus da Dengue no Havaí. Mas eles perceberam que quando isolavam o sangue de alguém que havia sido infectado pela linha Japonesa da Dengue a resposta imune contra aquela linhagem não reagia tão bem com a linhagem havaiana e vice versa. Apesar dos dois serem vírus da dengue, eles eram diferentes o suficiente pro sistema imune reconhecer como dois tipos diferentes de vírus. Ou seja, dois sorotipos. A linhagem Japonesa passou a ser chamada de Sorotipo 1 por ser a primeira descoberta e a linhagem americana sorotipo 2. Na década seguinte ainda foram descobertos outros dois sorotipos nas Filipinas e na Tailândia que foram chamados de Sorotipos 3 e 4. Até a década de 1980, a maioria dos países só registrava a circulação de dois sorotipos simultaneamente, como os sorotipos 1 e 2 aqui no Brasil. Mas com o aumento de número de casos considerável depois da década de 60, com a urbanização do mosquito vetor, o aumento populacional humano, viagens e alterações climáticas, essa situação mudou. Com essas mudanças não só temos mais casos de Dengue, como também temos pessoas suscetíveis o suficiente pra vários sorotipos circularem ao mesmo tempo. O resultado é que atualmente nós detectamos os quatro sorotipos de Dengue no Brasil e boa parte de onde acontecem os casos no mundo. Por muito anos, nós só conhecíamos esses 4 sorotipos até a identificação de quinto 2013, mas a circulação desse ainda está muito restrita. E por isso, nós vamos continuar tratando aqui no curso dos 4 sorotipos mais conhecidos e estudados. A Dengue também é uma doença tropical e subtropical que acontece nas regiões quentes e geralmente úmidas. Não porque o vírus faça questão dessa temperatura, mas porque para ele ser transmitido ele depende dos mosquitos vetores que vivem nesse tipo de ambiente. O vírus da Dengue é mais vírus de primatas não humanos que era transmitido por mosquitos na África e na Ásia e circula pelo menos mil anos. Mas enquanto a Febre Amarela ainda depende do ciclo silvestre muitos locais, a Dengue circula de humanos pra humanos com muito mais eficiência. O que gera potenciais 2 bilhões e meio de pessoas risco no mundo todo. O ciclo silvático ainda acontece na Ásia, mas já foi mais do que superado número de casos pelo ciclo urbano, onde o vetor principal e o Aedes Aegypti, além do Aedes Albopictus, eventualmente. [MÚSICA] [MÚSICA]