Então, gente, parabéns por chegar ao último vídeo do nosso curso de UX e nesse último vídeo, como o tema é mais aberto, a gente pensou fazer uma conversa mais informal mesmo e discutir sobre os diversos tópicos que podem rolar aí no futuro da nossa profissão. Primeiro, eu gostaria de, talvez, começar a discutir sobre o futuro da nossa profissão de UX mesmo. Eu trouxe aqui os nossos colegas da Taqtile, o Greg e o Jorge para tentar discutir sobre isso. Desde que o Don Norman cunhou o termo "User Experience", muita coisa mudou. De acordo com a Lei de Moore, o processamento dos computadores ele dobra a cada ano e meio, então 2034 os computadores vão estar um milhão de vezes mais potentes do que eles são hoje. Aí os designers vão poder tirar proveito de todo esse poder computacional. Mas mesmo assim, as regras de como fazer uma interface amigável e boa para o usuário, provavelmente, vão continuar as mesmas, que é dar um bom feedback para o usuário, ele saber onde ele está e a interface ser previsível. Essas coisas, provavelmente, vão continuar constantes no futuro. Greg, como você vê, então, a nossa profissão no futuro? Nos próximos 10, 20 anos? >> Nossa, difícil, mas eu acredito que nesses últimos anos vem acontecendo muitas coisas legais que o designer, hoje, não faz um trabalho tão solitário mais, é um trabalho mais colaborativo e tem o papel de maior prestígio dentro da empresa também. Então, já que a gente está falando de aplicativos, no caso aqui da Taqtile, nós que cunhamos, nós que criamos algumas coisas que as pessoas vão mexer, empresas grandes até. Então, são muito importantes as decisões que a gente toma. Hoje, não é um trabalho feito sozinho ou entre os designers e sim com até os fundadores das empresas ou outras pessoas. A gente também consegue trazer, hoje, metodologias para dentro, mostra para essas pessoas que, talvez, aquelas reuniões mais burocráticas, de conversas, não são o caminho mais fácil e rápido de chegar a conclusões e chegar a alguns objetivos. Outra coisa importante foi também trazer a questão do usuário para o centro, também, não adianta a gente fazer uma coisa que é boa para o negócio, mas que para o usuário não é boa, porque no final das contas vai cair em cima do negócio, o que não vai ser bom. Então, todas essas questões estão sendo trabalhadas e no futuro... A gente tem até o caso do Airbnb, né? Que é fundado por designers, então é uma empresa que tem uma preocupação muito grande com isso. Acho que cada vez mais vão ter empresas com esse pensamento de designers nos fundadores e isso vai ser muito mais legal e mais fácil para a gente, tanto para aprovação de novas ferramentas que a gente quer implementar dentro da empresa, ou até mesmo para testar outras coisas. Então, eu sou otimista. >> Sobre isso dos designers tomares decisões também, uma coisa muito interessante é estudo que o MIT está fazendo, que se chama "A Máquina Ética", que é basicamente um questionário, onde ele dá dois cenários para você, sobre como o carro automatizado deveria se comportar. Um dos exemplos é se você acha que é certo a máquina proteger o motorista, mas atropelar uma pessoa ou se você acha que é certo você salvar a pessoa, o pedestre que está atravessando, só que matar o motorista, que no caso poderia até ser você. Isso são questões éticas que os designers, com todo esse poder que vai ter no futuro, eles vão ter que influenciar, vão ter que decidir também para construir os produtos. >> Verdade, isso é uma coisa interessante. A gente não pensa muito. Você vê o Elon Musk com carros autônomos que já deram alguns problemas também com a pessoa dormindo e depois o carro não responder, então são coisas que hoje a gente nem pensa que podem acontecer, mas que estão já aí a dois anos para frente. É muito longe. >> Legal. E isso dos carros autônomos também, isso vai dar entrada para a gente projetar vários outros tipos de interface de interações também. As novas interações que estão vindo aí podem ser também não só tela, porque hoje dia os designers trabalham muito com o lado visual, mas como seria daqui a 20, 30 anos se não precisasse ter telas, pudesse falar com a máquina, que é o que já está sendo explorado nesses assistentes virtuais que a gente tem da Siri, da Amazon. Mas isso daqui a uns tempos vai estar muito mais avançado, a ponto de você conseguir fazer muita coisa sem precisar da tela. Hoje dia você não consegue fazer tudo totalmente com a Siri, talvez ela só consegue te ajudar no começo. Por exemplo, abrir um aplicativo, aí depois lá no aplicativo você faz a tarefa que você queria. Você não consegue ditar um texto completamente com ela e ficar conversando com ela como se fosse uma secretária mesmo, mas isso tende a mudar com esse poder dos sistemas no futuro. >> É bem legal você comentar isso da Siri, do Cortana e da Alexa, porque, de fato, foram coisas que chegaram e são realidade por aí. Tenho amigos, por sinal, que usam muito isso, mas acabam não substituindo outras interfaces, como muita gente achou que a gente ia entrar, talvez, num episódio meio Black Mirror das coisas, as acho que, no final das contas, não é tão exagerado assim. Teve uma euforia sim, de fato, um tempinho atrás, principalmente com o Chatbot, mas acho que isso está passando um pouco. Acho que as grandes empresas que investiram, as que chegaram, chegaram junto mesmo. Você consegue ver, por exemplo, no messenger bocado de Bot, Esses dias eu falei com o Bot do Pablo, por exemplo, a voz romântica. [RISOS] Então, está cheio de Bot por aí, mas, no final das contas, não é algo tão destrutivo, tão avassalador quanto a galera pensou. Acho que passou um pouco o hype. Mas ainda assim surgiu uma coisa bem legal, que isso da interface conversacional, ou seja, ela escrita ou por voz, ela é um jeito bem interessante e meio que sem fricção de usuários de primeira viagem entrarem no sistema e entenderem ele melhor. É bom quebra gelo, digamos assim. Mas como a gente comentou agora pouco, eu acho que ainda não substitui tanta coisa assim. Talvez no futuro, mas hoje em dia ainda não há tanta tecnologia para isso. >> É, esse negócio também eu acho que cabe aos designers saberem qual é a melhor forma de mostrar, de transmitir a informação. Se vai ser numa tela ou se vai ser por voz, porque mesmo o Google Home, por exemplo, é legal você setar um timer para você lembrar de tirar o negócio do forno, mas para você ficar sabendo quanto tempo ainda falta, era mais fácil ter uma telinha alí para você ver, que é mais rápido do que você ficar perguntando. Então, tem coisa que é legal combinar um jeito com o outro, do que ter realmente só um. >> É, e os designers têm que ver como é que isso vai ficar. Por exemplo, peguei uma máquina de lavar esses dias que toca música de natal quando termina o ciclo de lavagem, então, às vezes as coisas podem ficar meio estranhas e cabe a gente, talvez, aliviar, deixar mais suave essa transição toda aí com as interações de telas e tudo mais. >> Você falou da máquina de lavar também, dessa expansão da internet das coisas e o nosso trabalho de desenvolver interfaces vai ser muito mais expandido. Se você pensar que vai ter, então, software na máquina de lavar, vai ter software no fogão, vai ter software tudo quanto é lugar. Então, quem vai projetar toda essa interface. Então, acho que vai ter realmente muito campo de atuação para nossa profissão. E também, além do que você falou da máquina tocar uma musiquinha, no final eu acho que no futuro ela vai conversar com você. Eu acho que hoje dia a gente tem várias máquinas que fazem vários tipos de bip. É o jeito de se comunicar com a gente, são os bips. Por exemplo, quando você tem uma máquina nova que faz um tipo de bip, para, por exemplo, falar que terminou o ciclo e outro tipo de bip para falar que está faltando sabão. Como é que você sabe diferenciar um do outro. Então, você acaba ficando confuso porque você não sabe diferenciar o jeito que ela comunica com você. No futuro, com esse avanço das interfaces comunicacionais, conversacionais, eu acho que ela vai realmente falar o que é que está acontecendo, para você ter menos esse espaço para tentar adivinhar o que ela está querendo comunicar para você. Acho que vai ser bem legal. >> Podia pegar o gancho das interfaces conversacionais e falar sobre emoções. >> Legal. >> Que, além disso, de toda essa, esse tipo de interação na conversa, quando você está desenhando também chat board ou alguma coisa, você tem que botar emoção. Como você falou que conversou com o Pablo. O Pablo tem toda a sua personalidade, tem todo o estilo dele, então a pessoa que fez lá o copy, que desenhou aquilo, tinha que passar como se fosse o Pablo mesmo para poder outra pessoa ter essa sensação, senão ia ser design inútil, ficar conversando com uma máquina. Essa é a dificuldade. Como trazer emoções de pessoas mesmo, porque acho que no final, quando você está conversando comum Chatbot, conversando com qualquer outro produto. Você quer ter a mesma sensação que você está conversando com uma pessoa. Relações humanas mesmo. Essa, eu acho que é a maior dificuldade: quebrar essa barreira, onde deixa de ser uma máquina para ser realmente uma pessoa e ser mais fluída. >> Aham. >> Esquecer que você está tendo uma conversa com uma máquina mesmo. >> É. Eu acho que essa simbiose humano-máquina, termo que eles usam bastante, vai cada vez ser mais natural e mais íntima também. Por exemplo, esse negócio das emoções, surgiu agora com o iPhone 10 essa possibilidade de você escanear o rosto e a própria Apple está investindo bastante uma empresa que reconhece as emoções que estão no rosto das pessoas. Então, você imagina, uma interface que consegue ler o seu rosto, saber o que você está sentindo e, a partir disso, mostrar então um post no Facebook de acordo com a emoção que você está sentindo. Então, é uma coisa bem mais poderosa e que vai mexer bastante com as nossas emoções. Uma coisa bem mais íntima e talvez até invasiva. >> Isso é interessante, porque sabendo das emoções das pessoas, sabendo como ela está se sentindo. Eu já vi até uma vez geladeira que sabe já da saúde, sabe de tudo como está, já vai deixar os alimentos ali o mais frescos possível ou vai deixar já as coisas preparadas para a pessoa que está sentindo aquilo, quer comer aquilo. Então, tem isso tudo já para dar um toque, tocar música de natal, mas vai fazer algo a mais, porque realmente isso é pouco, para quê ter isso? Será que faz sentido ter uma música de natal? >> É interessante isso mesmo da emoção. Comentaram por sinal bastante isso lá no Interaction South America esse ano lá Floripa e ano passado eu não fui no ISA, mas eu lembro de pessoal do CESA no Recife, se eu não me engano, que estava mapeando as emoções das pessoas de acordo com as reações delas em redes sociais, por exemplo. Então, sem dúvida eu acho que isso é uma coisa para o futuro. O Emotive, por exemplo, que eu acho que é um device, uma tecnologia que te ajuda a mapear essas coisas todas, essas emoções. Eu acho que é uma coisa do Arduino, é uma coisas que é acessível inclusive, dá para você usar e fazer designs com isso. [RISOS] >> Isso daí eu acho que é bem legal, o designer, agora que a gente sabe qual é a emoção que o usuário está sentindo, o quê que a gente vai mostrar? Eu acho que são essas decisões que vão mudar bastante a nossa, a rotina da nossa profissão no futuro. Você estava falando também do iPhone 10 e também, cada vez menos, a gente tem que se esforçar para interagir com alguma coisa. Antes, você tinha que dar um slide para desbloquear o iPhone e depois agora você só coloca o dedo e agora com o iPhone 10 você só precisa olhar para desbloquear. Então, eu acho que esse poder também está ajudando a reduzir a fricção para você interagir com as coisas e a partir disso vai ficar muito mais natural essa relação entre humano e máquina. >> Quando você sabe que o ciclo da máquina de lavar está pronto e você recebe o som. Hoje a gente tem, a partir do iPhone 6, você teve lá o 3d touch: quando você faz um movimento na tela, ele te dá uma vibração falando que a sua ação teve sucesso. E essa possibilidade agora de ser tátil, alguma coisa que você faz: mexer no computador, jogar videogame, o videogame tremer, são coisas que a gente tem que pensar também antes do design tátil. >> Transmitir informação não só visualmente, mas também a partir do tato da pessoa. Isso é uma coisa que já está acontecendo agora, mas no futuro pode ser muito mais extrapolado. Por exemplo, tem uns pesquisadores que estão desenvolvendo uma roupa que você veste para você estar transmitindo informações pela roupa. Por exemplo, vamos supor que você tenha um drone hoje e aí você o controla pelo controle remoto, mas se você estivesse com essa roupa você poderia sentir como está o vento naquela situação, como está o balanço dele. Tudo sentindo na sua pele vez de você ficar numa telinha vendo. Então, esse tipo de transmissão da informação eu acho que vai mudar para caramba no futuro. E também tem essa parte da realidade aumentada com, por exemplo, o Google lens e agora também recentemente o Magic Lip, que você tem a interface projetada meio que na sua realidade, você não depende mais de um computador naquela limitação física da tela para interagir com a sua interface. Você projeta a sua interface onde você quiser: ela está na sala, ela está do lado da sua cama. Então, você coloca o que você quer lembrar exatamente no local onde você está interagindo na vida real. Dos problemas que existe hoje é de você colocar as coisas, por exemplo, no Google Drive e meio que esquecer delas para você não ter que ficar sempre procurando, mas se estivessem ali do lado da sua cama, você lembraria que elas existem, elas estariam bem mais visíveis você no seu dia-a-dia. >> Eu acho isso interessante. Hoje uma grande barreira da realidade aumentada ainda são os artefatos, os produtos na verdade que são pouco... >> Trambolho. >> É, você tem que vestir eles e eles fazem você passar vergonha até quando você está usando. Então, eu acho que por isso que até não vingou ainda e você tem que colocar tanta coisa, é tão pesado, não é barato ainda, requer investimento e ainda parece aquela, se a gente fizer uma analogia com videogame, é o Playstation 1 ainda, tem uns gráficos meio ruins e esse Magic Lip do qual você estava falando, ele já parece que tem uma coisa mais legal, já mais real, eles fizeram uma parceria com a Lucas Film, do Star Wars, enfim. Então, parece que tem uma tecnologia interessante que vai mudar. Aí precisa ver só se ainda é uma barreira, porque para mim ainda é como o cego que é bonito, faz várias coisas, mas era muito caro e muito feio e acabou falhando. >> E, relação à nossa profissão, a rotina da nossa profissão. Como vocês veem então as nossas ferramentas evoluindo. >> Eu acho que cada vez mais vai ter uma integração com o pessoal do front na verdade. Nós enquanto designers, a barreira parece que está cada vez menor entre código e design. Vamos ver. A partir de que momento a gente vai precisar de designer ou não e front-end ou desenvolvedor ou não. Eu acredito que na verdade no futuro, porque de novo eu não acho que as cosas são tão Black Mirror assim. Eu acho que a gente vai se adaptando com elas ao longo da evolução. Mas, eu acho que o futuro é cada vez mais a gente ter uma coisa mais unida: os dois possivelmente, os dois, no caso, designer e desenvolvedor, fazendo coisas bem parecidas, mas eu acho que não vai excluir os dois. Cada talvez usando até a mesma ferramenta quem sabe? O Figma há pouco tentou uma coisa, aproximar pouco mais os designers. Agora há pouco a gente teve, tem o React, por exemplo, aproximando as tecnologia, a gente tem as empresas trazendo coisas aí, trazendo frameworks ou sei lá o quê, que aproxima cada vez mais os dois. Mas, eu acho que cada um meio que abordando o que sabe mais. Os designers, como a gente falou agora há pouco, talvez trabalhando um pouco mais com as emoções e quem sabe os desenvolvedores vendo as implicações mais técnicas daquilo. Mas, com certeza os dois bem mais próximos no futuro. É como eu acredito. >> Eu compartilho da sua opinião. Até, contando uma anedota do passado, a Taqtile antigamente trabalhava só com o Photoshop. Uma ferramenta que não era nem uma ferramenta para o design de interface mesmo, é de edição de foto. Então, hoje a gente tem milhares de ferramentas não só de design, mas também de prototipação. A gente está chegando num nível que a gente não só desenha telas, mas a gente desenha interações. A gente tem que pensar mesmo no movimento que as telas vão fazer e essas ferramentas estão ajudando muito nisso, porque antes a gente tinha uma limitação muito grande: ao desenhar só uma tela, eu não consigo imaginar o fluxo inteiro como ele vai ser e a gente ficava limitado. E hoje, criando protótipos rápidos, a gente consegue ver as coisas. Eu acho muito positivo isso e penso que, nessa questão do desenvolvimento também, uma barreira que está sendo quebrada aos poucos, e o designer e o desenvolvedor quem sabe vão fazer coisas bem similares. Eu acredito que vão morrer as duas, porque até são pensamentos pouco diferentes, não compartilhados mas a gente vai conseguir trabalhar melhor juntos. Talvez fazer mudanças de maneira mais rápido. eu não sei. Essa é a minha opinião. >> Até o próprio Figma que agora permite um trabalho colaborativo tipo o Google Docs que você consegue ver o quê que o outro designer está fazendo ali com o mouse dele e isso meio que em tempo real. Então, isso quebra completamente o jeito que a gente fazia antes, que era sempre: eu tenho que fazer ali naquele arquivo e fica aquela versão e aí cada mexe de cada vez, cada vez para não ficar desatualizando e até o Abstract também que está ajudando a gente fazer as versões dos arquivos, mais parecido como os Dev's fazem. Eu acho que tem bastante futuro. >> Eu concordo com isso. Eu acho que é cada vez mais a colaboração mesmo: a gente enquanto designer talvez ficar cada vez menos na nossa ilha e jogar para fora, trazer os desenvolvedores para a conversa ou ir para as conversas deles e cada vez mais isso tudo entrelaçado. >> Então, é isso. Eu queria agradecer então a presença do Greg e do Jorge aqui no nosso último vídeo falando sobre o futuro. Espero que vocês tenham gostado do curso. A gente vai colocar bastantes referências nesse vídeo aqui e sigam-nos. [RISOS] Eu vou falar sobre o NEU, que é uma iniciativa legal. Todos esses vídeos que vocês estão assistindo, o NEU que editou. Eles vieram até a Taqtile e outros lugares até gravar. Obrigado pela paciência de [RISOS] esperar que a gente ficasse pronto, fizesse os vídeos, enfim. Foi muito legal a experiência para todos nós. A gente nunca teve essa experiência de fazer vídeos e eu espero que tenha ficado bom também. [RISOS] Foi legal para a gente e eu espero que tenha sido legal para vocês.