Mas e aí, quais são os pontos negativos e positivos desse tipo de interação? Alguns pontos positivos são os gestos são fáceis de aprender. Não sei se você já jogaram o Wii, aquele videogame da Nintendo, ele era muito fácil, porque você tinha dois controles remotos, mas com o controle você simulava que você estava lutando boxe ou você estava jogando tênis, era bem fácil de aprender. Era até o videogame que foi vendido como se fosse videogame para família e não para aqueles jogadores que eram mais pró-hardcore. Aí tem algumas pessoas que são contra os gestos, mas se a gente voltasse no tempo e se a gente desse o Google Maps para você mecher e falasse que como você faz para ampliar para você ver algum endereço, se você saberia fazer, provavelmente não. Mas se você aprendesse vendo alguém utilizando, dificilmente você ia esquecer, porque apesar de não parecer usual você fazer esse movimento aqui para dar zoom, ele é tão satisfatório, você tem uma sensação tão boa e é tão simples e fácil de fazer, porque ele não simula nada. Quando você está no jornal, você não faz assim para ampliar, você provavelmente vai colocar mais perto do seu rosto ou você vai pegar uma lupa e vai ver. Mas é tão fácil que você aprende, depois da primeira vez que você faz, você, provavelmente, não esquece mais. Outro ponto positivo é que é rápido. Eu citei o Tinder anteriormente e é muito mais fácil você dar swipe para o lado esquerdo ou para o lado direito do que você pegar num botão ou fazer qualquer coisa no cursor. Ele transforma as coisas de uma maneira muito mais rápida. Terceiro ponto e interessante é que eles são confortáveis. Apesar do tamanho hoje dos smartphones, serem maiores, terem o que a gente chama, ainda sim os designers estão conseguindo criar interfaces que não cansam para você mexer. Outro ponto positivo, que esse é um ponto controverso até, é que você cria interfaces minimalistas, você acaba escondendo os botões, isso é o que os gestos te permitem fazer. Você esconde os botões para você criar uma interface limpa, para você, só através de gestos, abrir coisas dentro do aplicativo. Um case de sucesso pelo designer foi o Clear, que era aplicativo de tarefas que você só via as tarefas e você passava por onboard bem rápido, tutorial, que te mostrava que gestos faziam para você criar uma nova tarefa, completar uma tarefa e depois ficava lá, você teria que aprender. Ele foi controverso, porque ele era muito bonito, ele tinha design muito elegante, mas, ao mesmo tempo, as pessoas preferiam ainda os aplicativos de tarefas que eram mais simples de escrever com os botões, mas também foi um case de sucesso, não deixou de ser. Alguns pontos negativos, que apesar de todo o hype criado, controle de gestos, ela não é uma tendência universalmente adorada. Na verdade, existem grupos de design que falam que ele é um retrocesso de usabilidade, porque você não deixa nada, não existe label, não existe nada escrito de como que você faz uma coisa, você tem que aprender mesmo. Então, um ponto negativo é que muitos ignoram os padrões de UX. Às vezes alguém inventa um gesto ou inventa alguma forma que você tem que tocar que foi da cabeça do cara, não teve nenhum tipo de estudo e aí esse cara fez assim, aí o outro designer também copia e isso é um dos problemas, que é a falta de familiaridade que gera descontentamento. Em 2014, o Facebook lançou um aplicativo chamado Facebook Paper, que foi também aclamado pelos designer, era bem mais clean, tinha uma navegação no estilo de uma revista, era bem interessante mesmo, só que era tanto gesto para você fazer uma tarefa ou outra que ele acabou em desuso. Obviamente, tiveram outros motivos que fizeram ele ficar em desuso, mas esse com certeza foi um deles. Outro problema que eu acho que soma todos esses que eu falei foi a falta de padrão na indústria. Hoje, você tem os guias da Apple e do Material Design, mas não existe nada como o dos emojis, o Unicode, que ele unifica todos os emojis nas plataformas. Hoje é uma bagunça. Se você entrar no Instagram, antes era dois taps para você dar um like, hoje não sei o que ele faz, mas enfim, cada um faz do jeito que quer, não tem uma linguagem universal do que que os gestos deveriam fazer. A curva de aprendizado, eu falei que era uma coisa positiva, mas tem gente, como eu falei, da parte de design que acha negativa. Fala que, por ser muito escondido ou ter alguns gestos complicados, ele acaba sendo mais difícil do que ele você tivesse algo escrito ou algo demonstrando como deveria ser feito. Mas como que a gente consegue melhorar essa experiência, apesar dos pontos negativos? Então, eu saparei aqui três pontos que a gente fala que poderia ajudar você a criar uma experiência de gestos melhor. E, inclusive, esses três pontos são os pontos que incluidos na formação de hábito. O primeiro seria o gatilho, algo que você estimule a pessoa a entrar nesse aplicativo para aprender como se usa. Então seria uma post notification, seria um lembrete. O segundo seria a ação, algo que mostre o usuário como ele vai mexer nesse aplicativo, seria como um tutorial, você vai ajudando ele a mexer nesse aplicativo. E o terceiro é o feedback, depois que ele completa essa tarefa, é uma recompensa, um estímulo para ele voltar e utilizar de novo. Então, do gatilho é bem simples, quando você está num aplicativo, vocês já devem ter recebido uma notificação falando: "Pô, vem fazer o Duolingo do dia, você deixou de fazer ele". Então, ele está te estimulando a entrar. Uma ação, que foi muito interessante e que dá para notar a evolução é o usuário de iPhone, usou desde o primeiro, ver a mudança que teve na lockscreen, na tela de bloqueio do celular. Então, o primeiro iPhone, o iPhone 1 deixava uma seta para o lado e falava assim: "Olha, deslize aqui para você abrir", tinha todas essas dicas como você faz esse gesto, essa interação para abrir o celular. Depois, a gente teve a evolução do sistema operacional do iOS um ao seis era desse jeito, depois no iOS sete ao nove eles já eliminaram várias coisas, tinha um design mais minimalista, ainda tinha uma seta bem sutil e ainda tinha o escrito para você deslizar para abrir ele. E agora, no iOS 10, também com a evolução do hardware, que hoje você tem o touch ID, que é a leitura da digital, você não tem mais que ir para o lado, você coloca o seu dedo para liberar o seu iPhone. Inclusive, foi lançado esse ano o iPhone 10, o máximo de minimalismo que pode ter e de você mexer algo que você precisa fazer pouco esforço. Você só olha para o celular que o celular já abre. Tem os seus problemas, mas é uma coisa que a gente pode caminhar para esse tipo de zero esforço, é uma coisa interessante. O feedback, existem várias maneiras de você dar o feedback pela recompensa, pelo trabalho que essa pessoa fez. Um deles, que eu comentei no começo do vídeo, é o 3D touch, que é táctil. Hoje, a partir do iPhone 6, eles introduziram um novo gesto, que é esse 3D mesmo. Então, ele consegue entender o tanto de força você está aplicando sobre a tela e ver o que você quer fazer, então abriu portas para coisas diferentes. Quando você está fazendo uma tarefa, você sente isso no seu dedo, que você está clicando mais forte, ele dá uma vibrada, o celular. Então, quando você está vendo o mapa, se você aperta com uma determinada força, você tem uma ação, com menos força, outra ação. Isso é bem interessante. Isso dá uma sensação também que você conseguiu completar a tarefa e que deu certo. Outra mais simples é o feedback sonoro. Quando você está digitando uma mensagem no Whatsapp, se você estiver com o som ligado, obviamente, você consegue ver que as teclas estão fazendo barulho, então está funcionando aquilo que você está clicando. E também tem o feedback visual, a própria mensagem que você está digitando, além do som, você consegue ver as telas se movimentando, mudando de cor. Então, todos esses são artefatos para você ajudar a pessoa a entender que aquilo que ele está executando está funcionando. Além disso, dessas três regrinhas que a gente fala que é para você criar o hábito, a gente tem algumas regrinhas que seriam interessantes seguir para ter uma melhor interação. E a mais básica de todas é a posição do dedo, que em inglês chama thumb zone. Normalmente a gente usa todos esse devices com o nosso dedão e hoje a gente precisa tomar cuidado, porque tem algumas áreas do celular, da tela, que são mais nobres e outras áreas que são impossível, não impossíveis, mas são incômodas. Você não consegue alcançar. Cada pessoa tem um tamanho de mão diferente, você tem celular maior e menor, então você tem que tomar cuidado com tudo isso. Foi feito um estudo com 1333 pessoas e aí ele percebeu que realmente 49 por cento dessas pessoas no estudo, eles usavam o dedão para mexer no celular, então é uma coisa que precisa tomar cuidado mesmo. É uma interação quase que mais comum das pessoas ao usar o celular, usar com uma mão e com o dedo. O Tinder é um exemplo bom, de novo, porque ele deixa a tela no meio, então é uma interação fácil. Você não precisa deslocar o seu dedo até o topo para mexer nele. Eu coloquei outros exemplos também, como Facebook, como o próprio Instagram, que eles gostam de usar o meio do celular para as coisas mais nobres para você fazer. Até pelo aumento dos telefones, foram feitas algumas decisões de design muito interessantes pela Apple, que é o clicar duas vezes no botão do meio do celular, a tela abaixa. Então, sabendo que os celulares estão ficando maiores e que era difícil você alcançar, eles criaram esse artefato que você agora clicando duas vezes, ele vai abaixar e você vai conseguir alcançar com mais facilidade. Uma coisa interessante que teve numa atualização do software do iOS, foi a possibilidade de você digitar com um dedo só. O teclado muda agora, você pode escolher o teclado fica um pouco menor e você consegue digitar com mais facilidade com dedo. Então são coisas que foram muito bem pensadas, pelo fato de você estar aumentando o tamanho do celular e a mão não consegue alcançar algumas coisas. E, por último, tem a regra do dedo gordo também. A gente que tem o dedo gordo aqui, a gente não consegue clicar em coisas pequenas, então você tem que pensar num tamanho mínimo, que é 44. Enfim, você pode ver lá no guia das plataformas melhor como que é, mas tem que pensar nisso também. Você não pode fazer uma coisa muito pequena e esperar que ele vai conseguir fazer uma tarefa ou uma interação. Falando sobre o guia das plataformas, a Apple tem que chama Human Interface Guides, que você consegue ver lá todas as regrinhas direitinho ali, vai te ajudar na hora de construir o seu aplicativo e o próprio Google tem o do Material Design. Você lá tem uma lista bem completa das coisas dos "Do and Don't", do que você pode fazer e não. Resumindo isso tudo, independente dos benefícios e vantagens, as interfaces de toques estão aí para ficar e você vai ter que encontrar uma maneira de se adaptar a elas, mas espero que tenha ficado tudo claro e qualquer dúvida perguntem aí que a gente vai tentar responder. Muito obrigado.