[MÚSICA] Eu sou uma pessoa privilegiada, porque eu nasci numa família que meu pai gostava muito de música. Meu pai tocava violão do jeitinho dele, gostava muito de jazz, ouvia muito jazz, então eu cresci ouvindo jazz e meu pai foi aquele homem que teve aquela percepção de colocar todos nós para estudarmos instrumento. E isso foi muito bom, todos tivemos oportunidade, mas quem seguiu a música fui eu. Desde pequena sempre demonstrei o interesse pela música, com cinco anos de idade eu me formei teoria infantil, fui para a Escola de Música Santa Cecília muito pequena e sempre com oportunidade de estudar instrumento, estudei piano uma época e depois eu descobri que o meu instrumento seria o violão por causa do João Gilberto. No Brasil teve filme chamado Orfeu do Carnaval, que a trilha sonora era do João Gilberto, compacto duplo que ele fazia Orfeu do Carnaval, que era a trilha sonora e eu fiquei, assim, quando eu vi pela primeira vez esse som de voz e violão com a divisão totalmente diferente eu fiquei estatelada assim "Meu Deus, o que é isso, eu nunca vi uma coisa dessa". Uma pessoa trocando a divisão com o próprio instrumento, aquilo me encantou muito e aí eu cheguei a conclusão que o meu instrumento seria o violão, que eu queria seguir por esse caminho, então o João Gilberto me mostrou o caminho. E daí eu segui com essa orientação da música brasileira da Bossa Nova, que é uma das minhas maiores influências, mas só que eu segui e fui estudando, fui desenvolvendo o trabalho e procurando evoluir como musicista, como interprete, como compositora, sempre busca da minha assinatura. Eu acho que é por causa da melodia, da harmonia, do ritmo, da dinâmica, a música brasileira é muito rica, é uma música sofisticadamente alegre e a gente tem como devidos os três temas mais importantes da música brasileira, que é a Bossa Nova, o Samba-canção e o Samba, que são três ritmos muito ricos e isso faz com que a música brasileira seja mágica, porque as pessoas gostam de tocar Bossa Nova, as pessoas querem tocar os Sambas-canções, as pessoas são apaixonadas pelo Samba, o Samba de qualidade, as músicas de qualidade. Então, a música brasileira ela tem essa magia, mas é muito pela beleza da melodia, pela beleza da harmonia, porque é eterna e nós temos uma gama de grandes compositores brasileiros que são incríveis, que deixam a música eterna, como Tom Jobim, Dorival Caymmi, Ary Barroso, os contemporâneos Ivan Lins, Djavan, João Bosco, Gilberto Gil, é muito rica. Então isso desperta uma grande curiosidade e uma grande vontade de tocar a música brasileira. Eu gosto das duas coisas, mas eu ando ultimamente nas três. Tocar também, claro, mas eu ando numa fase muito assim, já tem certo tempo, de buscar as interpretações. Eu gosto de desafio sempre, então eu me sinto bem de pegar clássico da música brasileira, que já foi gravado não sei quantas vezes e eu fazer a minha leitura, porque isso houve estudo e eu tenho essa capacidade de fazer e eu acho interessante você pegar clássico e fazer com uma leitura diferente, porque é uma nova informação para aquele que quer ouvir, quer dizer, eu procuro mostrar que existe caminhos. Aquela mesma música lá você pode fazer de várias formas, é só estudar, é só procurar seguir uma linha de interpretação sua, que é isso que eu sempre falo. E também gosto do lado da compositora, tanto é que eu estou me preparando para gravar próximo trabalho autoral, mais para o ano que vem. Você tem que ter uma linha de talento dentro de você, com musicalidade para poder você, então, crescer e ter aquilo que eu falo, assinatura, porque você tem que ter diferencial, senão você vai ficar igual a todo mundo. Estudar. Não é só ter talento, tem que estudar muito para crescer e evoluir.