[MÚSICA] Dentro do samba a gente pode fazer uma levada direto reta, mantendo o binário e o swing do Samba, e de uma forma, acredito eu, que as primeiras vezes aonde se pensou parar esse andamento para se fazer uma outra informação quebrando o binário, se eu não me engano, foi mestre André, da Padre Miguel, aonde ele faz a paradinha. E essa paradinha realmente era uma paradinha. Parava tudo e retomava. Havia medo de: "Como eu vou voltar?". Mas essa paradinha evoluiu para bossas de bateria, aonde você tem uma orquestra tocando, uma combinação de instrumentos tocando ou passando a bola para o outro num momento de último toque de determinado desenho, e a junção deles. Isso, de certa forma, dá uma certa revigorada para quem está desfilando, joga pouco para cima, sempre tomando o cuidado de não se exagerar demais numa bossa o tempo inteiro, e bossa é muito grande, que o principal é o molho, é o swing da bateria, é o samba si. Então, é uma escola de samba, não é uma escola de show de paradinhas. Isso seria uma outra história. Então, tem que se tomar cuidado com isso. Hoje nós fizemos Olodum, que é uma onda, aonde o surdo de primeira começa a fazer uma quebra de binário, dividindo esse binário pela metade. Ao invés de ele manter o espaçamento ele sai daqui e começa a fazer movimento de quebra 'tumdum', 'tumdum' e volta 'tumdum', 'dumdum'. Então, isso é o Olodum. Tem pouco das informações africanas, e hoje foi uma das que a gente fez. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Depois fizemos uma bossa criação nossa, a bossa balanço, onde você vem andamento, para tudo, só os surdos fazem grupo de sete toques dobrados [BARULHO], depois tamborim vem sozinho e dá PÁ, depois soma-se três instrumentos ao mesmo tempo: caixa, tamborim, e chocalho [BARULHO], fechando no surdo, caixa volta, e o surdo volta para o andamento. Então, isso é uma bossa balanço, uma criação nossa, que a gente se deu muito bem com essa bossa. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Depois fizemos o funk, que é uma levada tradicional, uma marcação: dois, três, quatro, cinco, seis; e vai os surdos fazendo ai essa levada [BARULHO], enquanto os outros instrumentos vão fazendo a marcação, que realmente remete ao funk. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Qual é o enredo, qual é o tema daquela escola? Você vai falar de Copacabana, de uma boate de funk, nós estamos falando de funk. Não cabe muito aqui você botar uma Timbalada da Bahia. Então, o tema do samba-enredo é importante, eu vejo assim, qual é o tipo de bossa que eu vou inserir naquele contexto. Fizemos Ijexá e fizemos Afoxé, que são basicamente africanos e sai muito do, imediatamente, do binário. Os surdos fazendo outro tipo de levada e as caixas também fazendo alguns toques que remetem a alguns atabaques. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Na verdade o som do binário cessa, mas a informação que a gente tem que ter o tempo todo com a gente é o binário proposto. Não importa o que você vai fazer. Se você vai dividir o compasso mais ou menos, se vai sair do dois por quatro. Não importa, a volta tem que estar ali porque, não se esqueçam, nós estamos falando de acompanhar canto. O canto não parou. Ele está no mesmo andamento, ou deveria estar no mesmo andamento. E você vai ter que retomar binário, porque as escolas são julgadas, basicamente, muito, principalmente, pela levada binária do samba e a cadência. As bossas é up, é plus, que poderá levar uma nota pouco superior, mas a primeira coisa que julgador vê é se o andamente está dentro, se não está atravessando dentro da bateria relação ao cantor também. Como julgador, para mim, o que eu presto, eu vou ser sincero, mais atenção é o grupo, é o naipe das caixas, porque eu acho que é inadmissível uma levada de binária num grupo especial sair errado. Para isso acontecer tem muita coisa errada. Então, o que encanta realmente são as levadas de caixa ou cima, ou baixo, seja ela qual for. Existem várias levadas, como eu falei, são aproveitadas de toques de Orixás de atabaque. Você tem hoje algumas levadas cima e baixo. Então, para mim, naipe de caixas estar tocando exatamente dentro do andamento proposto, com os timbres daquelas levadas de uma forma uniforme da ala toda, é o que eu mais olho, e a volta da paradinha. Porque existe uma tendência do andamento acelerar. Então, isso é basicamente, o que a gente vê, mas a gente julga se a afinação está legal, uma gama de informações que a gente fica prestando atenção, mas com relação ao grupo especial do Rio de Janeiro, realmente o nível é muito alto. Tirar algum décimo ali é difícil. Acontece, tem que acontecer, porque ninguém é perfeito, as escolas não são perfeitas, mas o nível é altíssimo.