[MÚSICA] Samba voltado para escola de samba. Estamos falando de binário, dois instrumentos, uma pergunta e uma resposta, onde existe o encaixe de instrumento com outro, mediante baqueta, mão, mão, baqueta. O surdo que entra o é contratempo, o surdo dois é o tempo. No tempo, o surdo de segunda é este ritmista que eu vou acelerar, ou atrasar a bateria. Surdo. [BARULHO] Surdo dois. [BARULHO] [BARULHO] Surdo e dois no encaixe. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Surdo de terceira. O surdo de terceira, ele vem se somar aos dois surdos iniciais do binário. Ele tem o papel de, normalmente, tocar junto do contratempo surdo de primeira e fazer vários cortes dentro do binário. A impressão que dá é que quando ele entra, que aconteça uma pequena aceleração, mas na verdade ele está respeitando o alicerce do e o do dois. Ele tem que tocar dentro deste andamento. Somando os três surdos: surdo de primeira, surdo de segunda, surdo de terceira. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Caixa. Provavelmente o instrumento mais nove da bateria. Ela tem a missão de fazer o suingue, de fazer a levada do samba. Existem várias levadas, essas levadas foram trazidas de alguns toques de atabaques de cada orixá e as escolas optaram por determinadas levadas. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Repique. Repique, com as caixas, tem a missão de sustentar o andamento, a cadência, o suingue da bateria. Ele é o principal instrumento da bateria, no sentindo de ser o solista número. Ele convida a bateria a duelar com ele. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Rocar. Muito confundido com chocalho. Ele tem também uma missão importante, ele sustenta a cadência da bateria. O somatório dele com as caixas e a base do repique é que dá toda aquela pegada do samba. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Cuíca. Dos instrumentos mais tradicionais das nossas baterias. Provavelmente tenha vindo da África, chamado de 'ronco do leão', os caçadores, através do som, tentavam atrair o leão. Na bateria, ela vem na cozinha tentando fazer o toque do malandro, do contraponto, e somando muito com a cadência, com a beleza dentro da bateria, que a gente chama 'da cozinha'. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] Tamborim. Hoje é o instrumento que mais sola na bateria. Tirando o momento que ele está executando dois toques, o carreteiro, e o pagodinho, que ele está junto do suingue, do molho da bateria, com as caixas, com os chocalhos, ele executa diversos desenhos contrapontos, e que enriquecem muito o desfile das escolas de samba. [BARULHO] [BARULHO] [BARULHO] A bateria foi se formando aos poucos. A criação dos instrumentos são nossos, são do Rio de Janeiro. Lá atrás pegamos uma lata de óleo enorme botava-se saco de cimento e era surdo, batia-se ali. E a evolução veio acontecendo a partir de então. As baquetas eram, as vezes, de bambu, quebravam demais, e começaram a ser substituídas por baquetas de resina, para ter uma flexibilidade. Então os instrumentos foram evoluindo, chegada do surdo dois, o três foi o último que chegou. Então ali na entrada você já tinha uma intenção de binário, você tinha as caixas e você já tinha os repiques. Mas instrumentos elaborados de uma forma bastante precária. Não é como é hoje, que tem instrumento de alumínio. Tinha instrumentos de zinco, de aço, diziam que então era chumbo. Então evoluiu-se muito. Tudo isto é muito difícil de catalogar exatamente quando qual instrumento entrou, como foi entrando. A gente tem informações da Padre Miguel, que o surdo de terceira apareceu por lá. A gente tem informações da levada do surdo de terceira da Portela, na sua origem, era pouco mais retinha, não fazia tanta firula como é feita hoje dia. Por exemplo, a baqueta de haste aparece pela primeira vez na Padre Miguel, senhor chamado Amaro. As baquetas que eram de bambu quebravam; ele cria a de haste. Até hoje ele está lá. Então essa baqueta que enverga, que todo mundo usa, ela não é tão antiga não. Não é tão antiga. Então assim, os instrumentos que estão aí já vem de algum tempo, melhorando, acho que a sua performance, a sua condição de toque e outros perderam seu lugar mediante a velocidade. Por exemplo, pandeiro a gente não vê mais hoje na avenida sendo tocado uma bateria. E aí vai por diante. Alguns instrumentos, pelo andamento, pela velocidade, perderam pouco o seu lugar. Hoje, também, tem uma corrente que de algum tempo para cá, está se usando alguns instrumentos afros, que são atabaques, timbaus, que também dão molho, suingue muito interessante, somando com os nossos instrumentos. Então assim, as formações eram bem menores. Hoje você tem formação de 350 a 300 ritmistas. A bateria tinha 100 pessoas, 80 pessoas. Então a evolução fez com que estas baterias ficassem realmente bastante grandes, mas com uma qualidade muito grande. Principalmente as do Grupo Especial do Rio de Janeiro.