[MÚSICA] [MÚSICA] Será que o processo de seleção dos indivíduos a serem incluídos nos estudos pode ter algum impacto na nossa confiança nas evidências? Esse é justamente o tema da nossa aula. Apesar de estarmos interessados em generalizar os resultados de uma pesquisa para a população geral, ou para a população com uma condição de saúde no nosso contexto, devemos considerar que essa população de estudo passou por um longo processo de seleção. Primeiro, parte-se de uma determinada população geral onde se dimensiona uma amostra. Dessa amostra ainda avaliaremos os indivíduos elegíveis, o processo de elegibilidade. Somente depois disso é que os indivíduos serão incluídos no estudo ao serem randomizados. Cada passo desse processo pode ter alguma influência de viés na seleção. Um problema que você deve ter atenção ao avaliar um estudo, é se não houve uma super seleção. Isso é comum nos casos que existe pré-tratamento dos indivíduos previamente à sua randomização. Ou seja, os pesquisadores podem fazer um teste daquele tratamento e só nos
indivíduos onde houve algum efeito, ou só naqueles indivíduos onde os efeitos adversos não foram tão importantes, você terá o segmento posterior à sua inclusão nos estudos. Nesse caso você estará lidando com uma amostra altamente selecionada e que pode não condizer com a realidade. Isso aconteceu, por exemplo, na avaliação de uma intervenção da hepatite C pelo Ministério da Saúde. Os resultados das pesquisas de determinada intervenção mostravam taxas de cura, de negativação do vírus, de até 80%. Apesar disso, quando este tratamento foi incluído na prática essas taxas não foram nada comparáveis ao que se observava na pesquisa clínica e isso pode ter sido efeito dessa super seleção, pois esses indivíduos foram pré-tratados anteriormente à sua inclusão no estudo randomizado. Tenha atenção a esses pontos e observe o quanto aqueles indivíduos realmente randomizados correspondem à sua pergunta de pesquisa, à sua prática e à sua recomendação. Até mais. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]