[MÚSICA] [MÚSICA] Olá pessoal! Nesta aula falaremos sobre a importância dos desfechos. Ao elaborar a sua pergunta de pesquisa, a sua pergunta clínica, você deve ter se deparado já com variados desfechos, variados indicadores ou resultados que poderiam mensurar a efetividade de uma intervenção. Tome como exemplo a avaliação de uma população de estudo de usuários abusivos de bebidas alcoólicas. Você poderia estar interessado em avaliar a psicoterapia emgrupo para esses indivíduos comparada à psicoterapia individual. Como nós poderíamos avaliar a efetividade dessas intervenções? Poderíamos avaliar a redução do consumo, poderíamos avaliar redução de violência familiar, o absenteísmo, enfim, variados desfechos poderiam mensurar a efetividade dessa psicoterapiaem grupo comparada à individual. E todos os desfechos trariam as mesmas respostas, a mesma confiança? Podemos concordar que não. É necessário estabelecer a importância dos desfechos. Estabelecer a hierarquia dos desfechos é um passo essencial quando você utiliza o sistema Grade na avaliação da qualidade das evidências. Como você pode estabelecer essa hierarquia? Leve em consideração a importância desses desfechos para a tomada de decisão além da perspectiva dos pacientes. Tome agora como exemplo tratamento em um câncer avançado. É comum você encontrar como desfecho a sobrevida livre de progressão. É comum que essas intervenções não consigam aumentar a sobrevida desses indivíduos. e aí a sobrevida livre de uma progressão dessa doença é desfecho importante. Contudo essa sobrevida livre de progressão também está associada a mais idas ao hospital, mais exames, mais efeitos adversos. Será que isso não tem impacto para a qualidade de vida do paciente? Neste caso poderíamos avaliar a própria qualidade de vida desses pacientes, como desfecho como resultado dessa intervenção. E isso poderia orientar melhor a decisão sobre recomendar ou não uma intervenção, incluindo a perspectiva dos pacientes na tomada de decisão. Mas tome cuidado. Busque formas adequadas de coletar essa preferência dos pacientes. Temos estudos demonstrando que a perspectiva dos clínicos muitas vezes é diferente da perspectiva dos pacientes. A percepção da gravidade de uma doença pode ser vista de uma forma para o médico, para o pesquisador e de outra forma para o próprio paciente. É ideal que essa informação seja coletada dos pacientes. São os chamados patient-reported outcomes, ou seja, desfechos relatados pelo próprio paciente. Outra questão importante que você deve observar na avaliação da importância dos desfechos é a questão dos desfechos substitutos ou também chamados de desfechos intermediários. Ao avaliar uma intervenção para redução de fraturas, podemos nos deparar com vários estudos avaliando como desfecho a melhoria dos níveis de densitometria óssea. Existe uma plausibilidade da relação entre a densitometria óssea e a prevenção de fraturas, mas nada impede que essa nossa intervenção traga um pouco mais de sedação que vá implicar em mais quedas, em mais fraturas. Ou seja, aquele desfecho de densitometria óssea não conseguiu reduzir o número de fraturas, que era o nosso objetivo. Então, tenha sempre em mente que os desfechos substitutos podem ter impacto nessa confiança do resultado final. O impacto dos desfechos substitutos pode mudar totalmente a nossa confiança em uma intervenção. Tome como exemplo a roziglitazona, medicamento para diabetis que foi o mais vendido no mundo até 2007 quando foi confrontado com os resultados de uma meta-análise. Ao combinar os resultados de vários ensaios clínicos, publicados e não publicados, observou-se que o medicamento, na verdade, levava a um aumento da mortalidade. Ou seja, os níveis de glicose sanguínea estavam ótimos, os pacientes é que não estavam nada bem. Isso foi tão importante que em 2010 o uso desse medicamento foi restrito no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Bom pessoal, eu sei que pode parecer um desafio estabelecer essa importância dos desfechos, mas esse é passo essencial para uma boa tomada de decisão baseada em evidências. Até mais! [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [SEM SOM]