[MÚSICA] Eu agora converso com Tiago da Veiga Pereira farmacêutico, coordenador da unidade de avaliação de tecnologias saúde do hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde ele atua na área de avaliação de tecnologias saúde, no âmbito do programa desenvolvimento institucional do sistema único de saúde, o PROADI-SUS e coordena projetos de pesquisa e cursos de formação avaliação de tecnologias saúde para os profissionais do Sistema Único de Saúde, obrigado pela disponibilidade compartilhar sua experiência conosco, Tiago Obrigado, eu quem agradeço o convite Na sua experiência acontecem muitos casos de ausência de metanálise, de não conseguir fazer uma metanálise devido a ter tido problemas na extração, ou uma falta de imputação de dados devido a dados faltantes, dados que não estavam disponíveis ali no manuscrito? Sim Taís, é relativamente comum, então a gente tem visto bastante estudos na área de revisão sistemática que não procedem para a próxima etapa que é a combinação estatística dessas estimativas porque os pesquisadores têm algum receio, ou algum tipo de inabilidade metodológica de converter todos os dados disponíveis naqueles dados que nós precisamos usar metanálise, então só pra gente exemplificar, tipicamente quando a gente conduz uma metanálise de dados contínuos a gente precisa do tamanho amostral, da média, e do desvio padrão de cada grupo tipicamente isso é, relativamente, frequente. Ocorre que os trials, os estudos clínicos, eles não relatam exatamente essas três entidades estatísticas mas eles relatam outras formas, por exemplo, a diferença média comparado com o baseline, a mediana, o intervalo interquartil, entre outras estatísticas. Quando os revisores não tem uma expêriencia tão aprofundada na área de metanálise a tendência é excluir esses dados que não são prontamente aplicáveis dentro do contexto meta-analítico, e a gente sabe que excluir estudos que deveriam ser incluídos causa viés, causa a modificação na estimativa sumária e reduz o nosso poder estatístico. >> Sim. E qual abordagem metodológica que você recomenda então frente a esses casos, frente a ausência de dados prontamente utilizáveis para a metanálise? Aí é uma decisão que varia de caso a caso, mas antes de nos discutirmos qualquer tipo de metodologia, é super importante pra quem ta começando na área, pra quem ja conduz revisões sistemáticas saber que não devemos excluir estudos pertinentes mas que não relatam os dados úteis metanálise, então a primeira metodologia, ou neste caso, a minha primeira recomendação é incluir todos os estudos e discute aqueles onde não foi possível extrair os dados, termos de metodologia e estatística existem vários métodos existem metodologias frequentistas, existem metodologias bayesianas e todas são relativamente acuradas quando nós assumimos as premissas corretas, o que nem sempre é o caso na prática. E aí nesse sentido, qual seria o impacto do emprego dessas estratégias na extração ou imputação de dados na metanálise, você tem conhecimento de comparação metodológica do uso das estratégias, por exemplo, e o dado real prontamente disponível, utilizável na metanálise, a imputação versus o dado verdadeiro? Sim, a gente sabe que quando a gente usa algum tipo de metodologia adequada, quando aplicada de modo consciente, a gente consegue obter estimativas que são confiáveis. Quando a gente inclui todos esses estudos, aqueles com dados prontamente disponíveis e aqueles com dados imputados, a gente obtém estimativas menos enviesadas com uma precisão mais aprimorada e, portanto, poder estatístico maior. Existem alguns estudos na literatura, todos apontam para a mesma direção, é melhor imputar do que excluir, qual que é a recomendação prática que a gente faz dentro das nossas atividades? A gente usa duas ou mais metodologias de imputação, quando pertinente, quando apropriado, e compara a robustez dos nossos resultados. Se os resultados após a imputação forem consistentes nos dois ou mais diferentes métodos de imputação, a gente tem uma maior credibilidade de que aqueles resultados gerados estão adequados. >> Então Tiago, pros nossos alunos que querem aprender pouco mais, entender pouco mais sobre essas técnicas ou entender o impacto delas, que sugestões você daria? >> É uma área que, a gente sabe Thaís, que demanda mais investigação. Tanto metodológica quanto empírica, então é uma área que poderia ser mais bem explorada no contexto nacional, dentro das revisões sistemáticas do Brasil. E pra quem quer aprender mais existem basicamente os artigos científicos que discutem mais a fundo essas metodologias, e o handbook da Cochane que dá uma visão bastante pragmática do que a gente deve fazer e não fazer na prática. Perfeito Tiago, muito obrigado pelas suas sugestões, pelas suas indicações, e também pelo seu tempo compartilhar o seu conhecimento que é realmente bastante aprofundado, muito obrigada! Eu quem agradeço, obrigado! [MÚSICA]