[MÚSICA] [MÚSICA] Muito bem, estamos aqui falando de uma economia que tem relações com o resto do mundo, que troca bens e serviços, que troca fluxos de capitais com o resto do mundo. Então, nós temos que pensar os componentes da demanda agregada no contexto de uma economia aberta. Então, até o momento, nós já temos a compreensão de grupo importante de elementos que são associados ao consumo das famílias, outro conjunto relevante, que é o componente do investimento produtivo, os gastos do governo e a tributação e a sua inter-relação num contexto da demanda agregada e, nesse momento, a gente passa a se preguntar sobre os efeitos das relações de país, de uma economia, com os demais países que macroeconomia nós chamamos, sem nenhum aspecto pejorativo, de resto do mundo. Neste momento, nós estamos interessados então entender as conexões da nossa economia, da economia doméstica, com o resto do mundo, do ponto de vista, principalmente, dos fluxos de bens e serviços. Mais adiante, quando falarmos do mercado de câmbio, do mercado cambial trataremos dos aspectos financeiros, dos aspectos de fluxos de capitais e de como essas relações, tanto de comércio quanto de fluxo de capitais, estão associadas as taxas de câmbio. Eu deixarei para detalhar esses elementos quando estivermos analisando o mercado cambial, que é dos segmentos dos mercados financeiros da economia. Então, neste ponto, nós estamos mais interessados entender os fatores que afetam as exportações de país para o resto do mundo, bem como as importações dos demais países, dos demais países para o nosso país doméstico. Este elemento, que é a relação entre as exportações e as importações, nós denominamos como componente de exportações líquidas, dentro da demanda agregada. Exportações líquidas que sentido? No sentido de que nós estamos subtraindo daquilo que nós exportamos, aquilo que nós importamos. Então é o famoso X menos M, X associado às exportações e M associado às importações. [MÚSICA] As exportações líquidas são elemento fundamental no contexto da demanda agregada e que vão nos dizer como o resto do mundo afeta diretamente a nossa demanda, o dispêndio da nossa economia relação à aquilo que produzimos e à aquilo que os demais países produzem e vendem para o país doméstico. Vamos pensar inicialmente no componente de exportações. Do quê que dependem as exportações? Quais são os principais elementos, os principais fatores que determinam o quanto país exporta daquilo que ele produz domesticamente, tanto de bens, quanto de serviços, e bens podem ser bens de consumo ou bens de capital, serviços de diversas naturezas podem ser exportáveis, nem todos. Serviços não exportáveis são aqueles serviços, digamos, mais locais, serviços que nós utilizamos no nosso bairro, serviços normalmente associados à alimentação, etcetera, mas uma boa parte também dos serviços podem ser exportáveis. Do quê que dependem as exportações de país? Se nós pensarmos na nossa compreensão sobre o consumo das famílias, não é tão difícil entender que aquilo que nós exportamos, depende, basicamente, do que outros países desejam comprar dos nossos produtos, então, no fundo, é como se nós estivéssemos olhando para o consumo de outros países, daquilo que nós produzimos. E do quê que depende o consumo das famílias que estão outros países? Basicamente, depende da renda dessa famílias, ou seja, da renda dos seus respectivos países. A renda do resto do mundo é, portanto, importante fator para determinar o quanto nós exportamos. Vejam que, de nada adianta que nós aumentemos a nossa produção que pode ser exportada se nós não tivermos demandas, ou seja, se do outro lado não houverem compradores para os nossos produtos. E haverá compradores tanto mais a renda disponível desses compradores esteja elevação. Então, quando o resto do mundo está passando por período de aquecimento, ou seja, as economias do resto do mundo estão crescendo principalmente, daquelas economias que são parceiros habituais de consumo dos produtos por nós produzidos ou dos nossos serviços, quando essas economias estão bem, estão caminhando bem, estão crescendo, estão bem aquecidas, naturalmente, elas demandarão, suas famílias, os seus agentes demandarão mais dos produtos que nós produzimos aqui. Então, elemento importante para definir o quanto nós exportamos é como caminha a economia do resto do mundo, a renda do resto do mundo. O PIB do resto do mundo é fator primordial para que nós tenhamos comportamento positivo das exportações domésticas. Por outro lado, as importações, ou seja, aquilo que nós compramos dos produtos que são produzidos no resto do mundo depende da capacidade de consumo das nossas famílias e das nossas empresas. Nós podemos importar bens e serviços de consumo, assim como bens e serviços de capital. Da mesma forma que os países do resto do mundo também podem comprar os nossos bens e serviços de consumo ou de capital, nós também, os nossos agentes, as nossas famílias, as nossas empresas podem comprar bens e serviços de consumo ou de capital produzidos no resto do mundo. E do que vai depender essa nossa capacidade de comprar produtos que outras economias produzem? Da nossa renda. Assim como o consumo das nossas famílias depende, basicamente, da nossa renda, as nossas importações também dependem, fundamentalmente, da nossa renda doméstica. Se a nossa renda, se o nosso PIB está crescendo, nós, naturalmente, importamos mais. Então são dois fatores muito relevantes e que estão associados, basicamente, com o nível da atividade econômica no país doméstico e no país, ou no resto do mundo, nos demais países com os quais nós comercializamos. Esse é fator muito relevante, ou seja, o PIB e a renda, tanto doméstico, quanto do resto do mundo, porém não são os únicos fatores. Há outro fator que é extremamente importante e que, principalmente pode nos ajudar a entender a relação entre as nossas exportações e as nossas importações ao longo do tempo, ou seja, pensando mais longo prazo, não pensando só no mês presente, ou no trimestre presente, mas pensando na nossa capacidade de ganhar novos mercados, de ampliar o nosso comércio internacional, de exportar mais e participar mais ativamente do comércio internacional. E esse fator extremamente relevante, é exatamente a competitividade dos nossos produtos e serviços domésticos. Como os nossos produtos e serviços domésticos competem com os demais do resto do mundo, termos não só de preço, mas também, mas principalmente de conteúdo de inovação, de tecnologia, que nós embutimos no nosso processo produtivo e fazemos agregar nossos produtos finais para que eles possam então, ao serem comparados com produtos de outros países, serem escolhidos para serem comprados. Então, basicamente, estou dizendo o seguinte. Se nós exportamos, por exemplo automóvel, que tipo de automóvel nós exportamos? Será que os automóveis que nós exportamos podem ser comparados com os automóveis produzidos, por exemplo, pela China? Será que o conteúdo, o valor tecnológico, o valor agregado o valor contido nesses dois produtos são semelhantes? Ou será que... A China oferece produto com uma tecnologia superior e, portanto, com valor agregado melhor do que o produto brasileiro. Quando esses dois carros são comparados, nós estamos falando de preços relativos. E não simplesmente de quanto custa dólares o carro brasileiro ou quanto custa dólares o carro chinês, mas da relação desses dois valores que nos diz qual é a relação de competitividade entre países distintos. Então, quanto maior a competitividade dos nossos produtos, no sentido de encorporarem tecnologias que poupem custos, que reduzam custos, que agreguem valor, que tragam benefícios para aqueles compradores dos produtos lá fora. Quanto mais nossos produtos oferecerem este tipo de valor agregado, mais competitivos eles se tornarão. Então, é possível que nós sejamos competitivos exportando produtos agrícolas. Sim. É possível que nós tenhamos desenvolvido tecnologia, processos produtivos, que fazem com que nossos produtos sejam preferíveis, ou seja, ofereçam- relação a produtos internacionais- benefício maior para o comprador do que produto argentino, produto chileno, produto europeu. Então, é possível obter ganhos de competitividade nas diversas áreas, nos diversos setores da economia. Aqueles setores que nós desenvolvemos maiores ganhos de competitividade, nós, naturalmente, teremos vantagens comercializá-los no resto do mundo. Esta relação de competitividade, ela é medida por conceito tanto quanto abstrato, que nós denominamos de taxa real de câmbio. Então, no fundo, o elemento importante aqui é esta relação de competitividade. Eu não vou entrar detalhes técnicos muito específicos, porque nosso propósito aqui é capturar as grandes linhas lógicas das relações que guiam a estrutura da macroeconomia. Portanto vamos entender aqui esse conceito de taxa de câmbio real como sendo a competitividade relativa entre os produtos domésticos e os produtos, e serviços, do resto do mundo. Mais adiante, quando falarmos de mercado cambial, nós vamos observar que, no curto prazo, o efeito da taxa de câmbio pode ter alguma relevância na competitividade/preço. Porém, do ponto de vista real, do ponto de vista concreto, do ponto de vista da produção de bens e serviços da economia e a sua participação no comércio internacional, o aspecto relevante, de fato, é esse aspecto que se revela ao longo do tempo e, mais ainda, quanto mais tempo nós estamos considerando, ou seja, que se revela ainda mais no longo prazo, que significa conteúdo de desenvolvimento tecnológico, de inovação, de estrutura produtiva, não só do capital, mas também do trabalho e que produz valor agregado que gera competitividade na relação com o comércio internacional, na relação com os demais produtos e serviços oferecidos pelos outros países. Esse aspecto é aspecto, então, associado a crescimento da economia, desenvolvimento da economia. E portanto, como nós veremos mais adiante, ele está mais ligado a nossa capacidade de crescer no longo prazo do que propriamente as flutuações da macroeconomia. Nesse módulo, podemos sintetizar os principais fatores que afetam as exportações líquidas como sendo determinados por esses três elementos. A renda do resto do mundo, o PIB do resto do mundo; se o resto do mundo está crescendo, as nossas possibilidades de exportação aumentam. Nossas exportações, geral, crescem quando a renda do resto do mundo cresce. Quando os Estados Unidos vão bem, quando a Europa vai bem, quando os nossos principais parceiros comerciais vão bem, nossas exportações crescem. Quando a renda doméstica aumenta, nós também, naturalmente, importamos mais. Tanto porque nós queremos consumir bens e serviços importados, mas também porque as oportunidades de investimento produtivo se elevam e, naturalmente, as importações, também, de máquinas e equipamentos se elevam. Então, nós temos aqui elemento da renda doméstica afetando as importações. De tal forma que, quando a renda doméstica se eleva, as exportações líquidas caem. O que significa que as exportações ficam iguais, porém as importações crescem, reduzindo a diferença, ou saldo, chamado aí do saldo da balança de transações correntes. E quando a renda do resto do mundo vai bem, as exportações sobem, mas não necessariamente as importações. Portanto, nós temos aí saldo positivo de exportações líquidas que se reflete termos de balanço de pagamentos, ou balanca comercial apenas, ou no contexto mais geral, que é a balança de transações correntes. Então o superávit, ou déficit, da balança de transações correntes, ele está expresso nessa relação entre o que exportamos e o que importamos. Além desses dois elementos, renda do resto do mundo e renda doméstica, outro fator extremamente importante é, como já ressaltamos, a competitividade relatividade do país doméstico com o resto do mundo. Então, esses três elementos vão guiar o dinamismo das exportações líquidas e, portanto, como esse componente vai afetar a demanda agregada da economia doméstica. E nesse momento, então, nós temos já condições de compreender completamente a estrutura da demanda agregada. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]