[MÚSICA] [MÚSICA] Para tratarmos da oferta agregada, precisamos lembrar que o lado da produção na economia, a capacidade de produzir bens e serviços numa economia, e quando tratamos de bens e serviços finais num certo período de tempo, estamos falando especificamente da mensuração do produto da economia, do Produto Interno Bruto, do Produto Nacional Bruto, que são diferenças de mensuração contábil. Para nós aqui, simplesmente produto. Quando olhamos para esse aspecto, capacidade produtiva da economia, nós, necessariamente, vamos nos voltar para as condições de produção, para as condições que a economia acumulou ao longo do tempo estoque de capital e hoje usufrui desse estoque de capital para a produção de novos bens e serviços. O que é que isso significa? Bom, vamos resgatar então o investimento produtivo, que já tratamos anteriormente. O investimento produtivo é a decisão de produzir novos bens e serviços num determinado momento, seja de capital ou de consumo, decisão essa que vai nos levar ao estoque de capital. Então, o acúmulo de investimento produtivo, descontada a depreciação do uso do estoque já existente, vai nos levar à certo nível, certo montante de estoque capital disponível na economia que são as maquinas, os equipamentos. Já tratamos disso lá trás, vamos resgatar pouco novamente: máquinas, equipamentos, infraestrutura, capacidade energética, de transporte e de telecomunicações, enfim, tudo aquilo que propicia que a produção de bens e serviços aconteça numa economia. Obviamente, esse estoque de capital está associado com certo nível de uso de tecnologia ou de desenvolvimento tecnológico que o país tenha produzido ao longo das suas décadas anteriores e que hoje se consolida máquinas e equipamentos disponíveis para utilização do processo produtivo na produção de novos bens e serviços. Esse estoque de capital, quando nós tratamos de flutuações macroeconômicas, ele é tomado como dado, como constante. Mas por quê? Não é só uma simplificação, é exatamente porque a mudança deste estoque demora tempo para acontecer. Esse estoque evolui ao longo do tempo e muda de patamar bastante lentamente. Então, ano que haja mais investimento produtivo, isso, obviamente, vai contribuir para que haja uma elevação do estoque de capital. Porém, quando nós olhamos para esse percurso ao longo do tempo, determinados anos o investimento produtivo sobe pouco mais, outros não, outros cai. E, ao mesmo tempo, o estoque de capital vem sempre sendo utilizado e se depreciando. Esta relação entre novo investimento e depreciação muitas vezes leva a uma estabilização, uma mudança muito lenta do patamar do estoque de capital ao longo do tempo, principalmente quando consideramos a relação capital/produto. Quando associamos, ou seja, quando comparamos, quando relacionamos, o montante de capital com o produto da economia, ou seja, estoque com fluxo, num determinado momento do tempo, nós observamos que essa relação é bastante estável, ela muda pouco. Ela muda, principalmente, quando a economia passa por processos de desenvolvimento tecnológico, de inovação tanto de produto, quanto de processo produtivo. É o desenvolvimento tecnológico que vai permitir, geral, grandes ou significativas mudanças na acumulação de estoque de capital como proporção do produto ao longo do tempo. Então, essa é uma variável que nós consideramos que seja relevante no longo prazo, que seja relevante para compreender crescimento econômico, como a economia cresce, do que depende o crescimento econômico. E nós já sabemos aqui que quando estamos voltados para a compreensão da flutuação macroeconômica, a flutuação ocorrerá torno de uma taxa de crescimento deste produto que será determinada, principalmente, por outros aspectos que tenham uma conexão relativamente fraca com a flutuação si. Então, nós consideramos esses fatores para o estudo da flutuação de uma forma mais simplificada, exato. É claro que isso também é uma simplificação. Nós consideramos este fator como dado exógeno. Portanto, é bastante comum na literatura e no ensino e o aprendizado de análise macroeconômica que nós tenhamos recorte de flutuação econômica com o estoque de capital dado. Voltaremos a falar sobre a influência da acumulação de capital quando tratarmos mais adiante pouquinho de crescimento econômico. Nosso foco aqui é flutuação. Já sabemos também, porque já discutimos isso no contexto do investimento e do consumo e da própria política fiscal. Já sabemos também que certas decisões relação à flutuação macroeconômica podem ter mecanismo canal, por meio do qual o estoque de capital no longo prazo seja afetado. Então, não é que sejam duas coisas totalmente independentes. Significa apenas que, numa primeira aproximação de análise de flutuação macroeconômica, nós podemos considerar o efeito da variação ou do crescimento de estoque de capital como proporção do PIB como uma variável exógena, como fator que não vai ser o mais importante para a compreensão da flutuação no curto prazo. Então, nesse contexto, quando nós olhamos para a função de produção, quando nós olhamos para a capacidade de produzir bens e serviços que uma economia apresenta, nós observamos que fator, que é o capital, tomado como proporção do produto, ou simplesmente o estoque de capital, está dado. Ele está congelado, ele não vai ter efeitos significativos para nossa análise de curto prazo. Pensando no processo produtivo, se o estoque de capital está dado, o outro fator, extremamente relevante e necessário no processo de produção é o trabalho. Então, como insumos da produção, nós temos o capital, estoque de capital, as máquinas, equipamentos e toda a infraestrutura da economia, que permite que as empresas operem, produzam novos bens e serviços. E temos, do outro lado, a participação também relevante de outro fator de capital, que é o trabalho. Então, quando nós olhamos para essa composição entre capital e trabalho num dado estado de uso ou de desenvolvimento da tecnologia, que nós chamamos, na teoria econômica, de função de produção agregada, quando nós observamos a composição de capital e trabalho para produzir novos bens e serviços, para gerar o produto da economia num determinado período de tempo, sabendo que o estoque de capital se movimenta muito lentamente, nosso foco recai, naturalmente, sobre o mercado de trabalho. Exatamente por isso que eu comecei a nossa discussão de hoje trazendo de volta o pedacinho que compõe a estrutura completa da macro, que nós chamamos lá trás de mercado de trabalho. Então, o foco agora, para entender o processo de produção de bens e serviços para dado estoque de capital é entender o que acontece no mercado de trabalho de uma economia. E é esse o nosso objetivo. Nós vamos agora pensar sobre como é que se dá a formação dos salários e dos salários reais, ou seja, salários termos de inflação, descontando o efeito da inflação. Como é que se dá a formação dos salários reais. Como é que dá a determinação do emprego e, portanto, do desemprego numa economia, no contexto do mercado de trabalho. Para entendermos esses aspectos, nós vamos tratar o mercado de trabalho de uma forma mais moderna, mais aproximada, ou seja, que explica melhor o comportamento das economias reais. E por que nós vamos fazer essa opção? Bem, simplesmente porque nós estamos preocupados entender a análise macroeconômica a partir da perspectiva do funcionamento das economias modernas. E, nesse sentido, nós temos que abrir espaço para comportamento diferente do tradicional microeconômico no mercado de trabalho. Do que eu estou falando? Estou falando explicitamente do fato de que, nesse contexto mais moderno, nós não trataremos o mercado de trabalho como mercado que esteja concorrência perfeita, ou seja, mercado que as forças de oferta e demanda determinem o preço, ou seja, o salário real e, que, portanto, nós estaríamos numa situação... Muito associada ao desenvolvimento, aos desenvolvimentos anteriores da teoria econômica e da macroeconomia. Principalmente no contexto da macroeconomia clássica, que nós estaríamos uma situação tal que o equilíbrio no mercado de trabalho seria determinado pelas forças de oferta e demanda. Certo nível de emprego seria determinado. Este emprego seria o emprego considerado ótimo, ou seja, emprego que aqueles que estão dispostos a trabalhar ao salário vigente e aqueles que estão dispostos a comprar, a demandar trabalho ao trabalho vigente, estão satisfeitos simultaneamente. E o nível de emprego que se determinaria nesse sentido, seria o nível de emprego de pleno emprego na economia. O nível de emprego de pleno emprego corresponderia, naturalmente, ao nível de desemprego de pleno emprego. O quê significa isso? Simples. A relação entre emprego e desemprego é uma relação conceitual. Nós temos a força de trabalho, que é o total de indivíduos na sociedade, na economia, que estão dispostos, que estão condições de participar da força de trabalho, do processo produtivo na economia. Desse total, que é a força de trabalho, uma parte estará empregada e a outra parte estará desempregada. Então, se nós olharmos para a relação entre empregados como proporção da força de trabalho, nós também vamos olhar para a relação entre desempregados como proporção da força de trabalho e essa é a definição de taxa de desemprego. É percentual que mostra qual o volume, qual o montante, de pessoas desempregadas relação ao total da força de trabalho. Então, emprego e desemprego são simétricos; quando o emprego sobe, o desemprego cai, se considerarmos que a força de trabalho esteja constante, que, por enquanto, é uma hipótese que faremos. Por quê? Porque a força de trabalho também só evolui, significativamente, com o tempo, ou seja, ao longo do tempo, com o passar do tempo. Então, ele será fator, a evolução da força de trabalho vai ser fator relevante, também, para estudarmos crescimento econômico. Por enquanto, podemos tomar no contexto estático, no contexto de curto prazo, principalmente, podemos tomar essa variável como dada. Então, a relação entre emprego e desemprego é simétrica, ou seja, só que o sinal trocado, quando sobe o outro cai, na mesma proporção. Portanto, estamos falando que se estivéssemos contexto de concorrência perfeita no mercado de trabalho, o equilíbrio neste mercado determinaria o nível de equilíbrio. E este nível de emprego seria considerado nível de emprego de pleno emprego, ao qual corresponderia o desemprego de pleno emprego. Ou seja, significa que esse desemprego estaria associado apenas às decisões dos agentes. E ele é conhecido, então, ou chamado na literatura, de desemprego voluntário. Significa que, ao salário de equilíbrio, as pessoas que não estão trabalhando, assim, o fazem, porque na sua lógica de decisão entre trabalhar e não trabalhar, o salário real vigente não é compensador o suficiente para incentivar essas pessoas a desejarem, ou aceitarem, esse salário e aceitarem, portanto, posto de trabalho. Então, é chamado de desemprego voluntário. No contexto do mercado de concorrência perfeita, a demanda por trabalho também estaria sendo obtida a partir das decisões de otimização, ou seja, de buscar o máximo possível dadas as suas restrições, pelo lado das firmas, pelo lado dos produtores. O quê que significa isso? Significa que as firmas, objetivando maximar o seu lucro, elas demandariam trabalho até o ponto que a contribuição de cada trabalhador adicional, por processo produtivo para produzir novos bens e serviços, fosse exatamente igual ao seu salário real. Essa seria a condição de otimização pelo lado da firma. Então, a demanda por trabalho estaria expressando a produtividade marginal decrescente do trabalho- por dado estoque de capital- e a oferta de trabalho estaria representando a decisão de trabalhar, ou não, função do fato de que os trabalhadores têm número limitado de horas. Vamos pensar que durante dia nós temos 24 horas. Então, nós trabalhamos oito horas e descansamos. E descansamos ou fazemos outras atividades nas outras 16 horas, que nós chamamos de lazer. Então é o tradeoff entre lazer e trabalho. Quando o salário real não é suficiente para que os agentes escolham o trabalho no lugar do lazer; esses trabalhadores são considerados como desempregados voluntariamente. Então, esse é contexto dito de forma muito rápida e simplificada. Este é o contexto que o mercado de trabalho seria apresentado sob a suposição de que ele funcionasse como uma estrutura de concorrência perfeita. Muito bem! Pois bem! Esse era, exatamente, o ponto que a compreensão do funcionamento do mercado de trabalho se encontrava no início das décadas do século 20, ou seja, 1910, 1920. E, nós sabemos que logo após a crise de Nova Iorque, nós tivemos efeito bastante grave, recessivo, sobre as economias, que a taxa de desemprego cresceu enormemente. Esse foi o contexto que a teoria Keynesiana foi trazida e apresentada como uma alternativa a essa compreensão microeconômica do funcionamento do mercado de trabalho concorrência perfeita. Uma vez que nós estavamos presenciando taxas de crescimento muito elevadas. Então, esse é contexto histórico para que a gente entenda por que, determinada circunstância, o mercado de trabalho passou a ser considerado como mercado que os lados- oferta e demanda- tomam suas decisões fora do contexto da concorrência perfeita. Isso é ponto bastante importante para a gente entender a apresentação e o funcionamento do mercado de trabalho. Então, observando o mundo e observando a perspectiva que a teoria nos oferecia para a compreensão do mundo, fica bastante claro que não é possível que nós consideremos que uma taxa de desemprego da ordem de 8%, 10%, 12%, 15%, ou crises severas como já vivemos na história recente das economias capitalistas, com taxas de desemprego torno 10% a 15%. Não é possível que a gente admita que a explicação do desemprego voluntário seja uma explicação razoável, uma explicação que nos ajuda a entender o mundo. É nesse sentido- e contexto de evolução da compreensão da relação entre salários e inflação- que foi sendo produzido ao londo dos anos 50, 60, 70 e 80. E que começou como uma contribuição muito importante, que foi o trabalho do Philips. As famosas curvas de Philips- ao longo dessas décadas que eu citei- que nós fomos aprimorando a nossa compreensão do comportamento do mercado de trabalho; e da relação entre a formação dos salários e a formação dos preços na economia. A minha proposta aqui não é reconstruir esse desenvolvimento teórico ao longo das décadas de 60,70,80 e 90, principalmente. E que nos levaria a introduzir novo módulo no nosso curso. E que seria bastante interessante porque poderia trazer para você que esta aí nos acompanhando e fazendo todos os esforços para entender melhor o funcionamento da macroeconomia moderna. Daria te uma perspectiva mais histórica do desenvolvimento dessas teorias. Infelizmente, nós não temos tempo suficiente para isso. Então, precisamos fazer algumas opções. E a opção que nós vamos fazer aqui é de trazer o contexto da nossa compreensão já para a ponta desses desenvolvimentos. E já apresentar uma teoria de oferta agregada de curto prazo, consistente com os chamados modelos novo-keynesianos. Exatamente, como a gente brincou lá no início do nosso curso; nós estamos aqui apresentando uma visão da economia, ou seja, estamos olhando a economia pelos óculos da corrente principal. E no contexto da oferta agregada, isso nos leva à apresentação de uma estrutura do mercado de trabalho que não há a suposição de concorrência perfeita, que nós podemos observar a ocorrência de desemprego involuntário. O que significa que durante as flutuações macroeconômicas, nós estaríamos uma situação de desequilíbrio no mercado de trabalho. A situação de equilíbrio só se encontrará, só será possível de ser utilizada, no contexto do equilíbrio de médio prazo. Ou seja, depois que todos os ajustes da estrutura macro- resposta a choque, por exemplo- estejam, ou tenham sido realizados, e nós estejamos, novamente, no que nós vamos chamar, daqui para a frente, de equilíbrio de médio prazo. O equilíbrio de médio prazo vai ser, exatamente, caracterizado pelo conjunto de ajustes pelo qual a economia passará e que produzirá resultado de equilíbrio no mercado de trabalho. Obviamente, isso ainda não está claro para vocês, mas eu espero que ao longo das próximas sessões, dos próximos módulos, nós consigamos chegar a este resultado. Então, nós teremos, aqui, aprendizado pelo lado da oferta agregada, que vai se conectar com o aprendizado pelo lado da demanda agregada; e nós, a partir dessa estrutura lógica, analisar as respostas que os agentes dão termos de mudanças das suas decisões, quando a economia sofre algum tipo de choque. E vamos nos perguntar, também, como tanto as autoridades monetárias- por meio da gestão da política monetária como autoridade fiscal, por meio da gestão da política fiscal- deveriam responder a esses choques. [MÚSICA] [MÚSICA]