[MÚSICA] Vamos começar a nossa análise olhando para o seguimento dos mercados financeiros que teoricamente estaria voltado para a troca de fluxo, ou seja, a oferta de fundos e a demanda por fundos de longo prazo. Bom, pensando pelo lado do ofertante, o investidor financeiro, e aqui novamente eu vou fazer a conexão com o nosso módulo anterior. O investidor produtivo era aquele sujeito que estava tomando uma decisão de investir, de comprar ativos reais, equipamentos, máquinas, casas, infraestrutura e assim por diante. Do lado de cá, agora no contexto dos mercados financeiros, nós estamos falando de outro perfil de decisão. Nós estamos falando da decisão de investimento financeiro que diz respeito a como esse investidor vai alocar a sua riqueza. Que ativos ele vai alocar, que ativos ele vai comprar, que ativos ele vai manter na sua carteira de ativos financeiros. Então, o investidor financeiro, ele tem aqui uma perspectiva de dispor de recursos, de dispor de fundos por prazo relativamente longo. Então, normalmente, ele vai buscar ativos do seguimento que nós denominamos de mercado de capitais. Então, no mercado de capitais, nós deveremos encontrar oferta de fundos, oferta de recursos. Normalmente, eu não vou chamar isso de dinheiro, exatamente para tratar de termos mais técnicos dentro do contexto de mercados financeiros. Então, podemos fazer essa analogia, mas, geral, chamamos de fundos ou recursos. A oferta desses agentes deste mercado é uma oferta que está visando retornos de médio a longo prazo. E este mercado vai ser exatamente aquele mercado que os investidores produtivos, preferencialmente, buscariam fundos para financiar os seus projetos de investimento. E como é que se dá essa troca? Esse processo de troca ele é reconhecido dentro da estrutura dos mercados financeiros como financiamento direto no seguinte sentido. O emissor do ativo que vai ser negociado é diretamente o agente que necessita de recursos, por exemplo, a empresa que precisa de recursos para financiar o seu projeto de investimento, e do outro lado uma família fundo, investidor institucional que tem recursos e vai comprar o ativo que vai ser emitido diretamente pelo demandante de recursos que no caso seria a empresa. Então, esse ativo financeiro ele é débito para esse agente e crédito para esse. Então, por isso nós chamamos essa estrutura de financiamento direto. E normalmente ela acontece no contexto de seguimento de mercado de capitais. Que ativos são esses que podem ser negociados nos mercados de capitais? Basicamente dois tipos de ativos. Os títulos de longo prazo, que representam dívida, capital de terceiro para as firmas. E as ações, que representam a propriedade da empresa que está emitindo essas ações. Esse mercado, então, vai ser mercado que títulos de ações, títulos de longo prazo preferencialmente, serão transacionados, serão comprados e vendidos por meio de uma prestação de serviços financeiros, que é a instituição financeira que vai fazer o processo de emissão desse novo lote de títulos ou desse novo lote de ações que são as novas emissões, momento que a empresa vai efetivamente obter os recursos que ela deseja. Esse momento inicial de emissão de título ou de emissão de uma ação, ele é chamado na estrutura dos mercados financeiros de mercado primário. No mercado primário, basicamente, atuam instituições financeiras que são reguladas e permitidas pelo Banco Central para atuarem diretamente nesse seguimento dos mercados financeiros. Então é mercado que só atuam as instituições financeiras que há este lançamento inicial das ações ou dos títulos, e que propicia que a empresa obtenha o recurso que ela deseja para financiar o seu projeto de investimento produtivo. Então, quando nós estamos nesse seguimento, nós estamos com uma perspectiva tanto de quem precisa do recurso, quanto de quem oferta o recurso, que é o investidor financeiro, uma perspectiva do longo prazo. O investidor ele está olhando para quê? Para a lucratividade futura que esse projeto que ele está ajudando a financiar pode render. Certo? Ou seja, para dividendos, para distribuição de lucros ou, se ele estiver comprando título, ele está emprestando dinheiro, então isso é uma dívida para a empresa e a empresa se compromete a fazer pagamento de juros periódicos e devolver o principal ao final do prazo de vencimento do título. Mercados de capitais, geral, possuem mercados secundários bastante importantes. Mercados secundários são os mercados que esses ativos inicialmente colocados a disposição no mercado primário são renegociados, são negociados entre outros investidores. Neste momento, quando os investidores renegociam entre si, compram e vendem ações ou títulos que já foram emitidos anteriormente, nós estamos observando aqui apenas processo de relocação de portfólio dos investidores financeiros e este processo não vai produzir nenhum tipo de recurso adicional para a empresa, ela já fez a sua captação, e este processo de negociação mercado secundário que, por exemplo, no caso das ações, está representado pelas bolsas de valores. Certo? Então as bolsas de valores são os mercados secundários de ações, geral, que os investidores financeiros vão comprando e vendendo entre si, ou seja, realocando o seu portfólio. Os mercados secundários, as bolsas elas têm uma importância muito grande dentro desse processo todo de transferência de recursos. Por quê? Porque no momento que o investidor decide se desfazer, ou seja, vender uma ação que estava seu poder, ou seja, estava seu portfólio, ele está sinalizando a sua expectativa relação aquele ativo. Certo? Então, toda a vez que ativo é renegociado bolsa e o seu preço é definido dia-a-dia, no fundo nós estamos ali observando como os investidores estão avaliando o potencial de lucratividade daquela empresa no futuro, ou seja, é processo de precificação, de valoração, ou seja, de dizer qual é o valor daquela empresa a cada momento do tempo. Então, é processo muito importante, porque se aquela empresa decidir emitir novo lote de ações ela terá, a partir das informações do mercado secundário, já uma ideia, já formará ali uma ideia de a que preço as novas ações serão vendidas. Então, o processo de renegociação mercado secundário tem papel extremamente relevante na reavaliação das empresas, dos ativos dessas empresas, do potencial de lucratividade dessa empresa no dia-a-dia dos mercados financeiros. Pois bem, esse contexto dos mercados de capitais do financiamento direto, ele representa fonte muito importante de capitação de recursos para as empresas realizarem seus projetos de investimento. E também para o próprio governo. O governo quando emite títulos para financiar os seus déficits, se esses títulos são de prazo relativamente longo três, cinco, dez, quinze, vinte, vinte e cinco anos, esses títulos também estão caracterizados como sendo ativos desse segmento do mercado de capitais. Então, alí também é possível que haja atuação do governo como emissor de títulos, emissor de dívidas de médio e longo prazo. E nesse caso, quando o governo vai buscar recursos para financiar as suas necessidades de financiamento, ele vai competir com o setor privado pela oferta de recursos de longo prazo que a economia ofereça. Então, de certa forma, quando nós observamos governo que sequencialmente, frequentemente ao longo do tempo necessita emitir novos títulos para financiar os seus deficits, ele passa a ser concorrente... ...com o próprio investimento produtivo, ou seja, com a própria atividade privada da economia pelos recursos escassos que estão sendo disponibilizados nos mercados de capitais. E, além disso, ou seja, nós temos aí efeito que é bastante importante sobre a capacidade de crescimento da economia. Opa! Espera aí, como assim? Vamos explicar. Se este segmento é o segmento que pode propiciar fontes de financiamento de longo prazo para o investimento produtivo e o investimento produtivo, ao longo do tempo, é exatamente a representação do estoque de capital da economia, quanto maior o estoque de capital da economia, maior a capacidade de crescimento de longo prazo da economia. Então nós temos aqui canal, por meio do qual os mercados financeiros podem ser relevantes, na determinação do crescimento de longo prazo, do crescimento potencial da economia. Por isso que não raramente, nós observamos economias com mercados de capitais poucos desenvolvidos tendo dificuldades financiar o seu investimento produtivo e muitas vezes o próprio governo acaba fazendo o papel de ofertante de recursos neste segmento, ou seja oferta de recursos de longo prazo, por meio de bancos públicos, como tem sido o caso do brasileiro com o BNDS. Sem querer entrar muitos detalhes, ou tem temas tão polêmicos quanto este papel do BNDS no mercado de capitais, apenas gostaria de ressaltar que o governo pode ter uma participação nessa oferta de recursos de longo prazo, de forma que pequenas, médias empresas e até grandes empresas, tenham acesso a financiamento de longo prazo, principalmente para desenvolvimento de novas tecnologias, e de inovações de produtos e serviços e inovações tecnológicas. Pois bem, então, não necessáriamente a oferta de recursos de longo prazo pode ser uma coisa ruim, ela pode ser também interessante desde que ela tenha direcionamento voltado principalmente para o desenvolvimento tecnológico. Mas enfim, o contexto conceitual dos mercados de capitais seria este de representar a locação de recursos de longo prazo, numa economia. As taxas de juros que estão associadas à remuneração dos títulos de longo prazo e os retornos que estão associados a remuneração das ações das empreses no longo prazo, representam aí o custo de oportunidade para que as empresas possam tomar a decisão entre investir produtivamente ou não. Portanto, essas taxas e essas remunerações são a nossa referência de taxa de juros de longo prazo na economia. Porém, há certas, uma parcela das famílias, e uma parcela relativemente grande, pode dispor de recursos que não estejam a disposição por períodos muito longos. Vamos pensar mais concretamente. Vamos pensar que uma determinada família tem poupança que está sendo formada, por exemplo, para comprar sua casa própria, ou para pagar as parcelas intermediárias do financiamento da sua casa própria. Então ela tem lá, uma poupança, recurso guardado. O que ela vai fazer com esse recurso? Ela vai buscar ativos financeiros que possam remunerar a sua poupança, que possam lhe render alguma remuneração. Porém ela sabe que ela não pode dispor deste recurso por prazo muito longo, ela vai precisar desses recursos daqui a três, quatro anos ou dois anos. Quais são as alternativas? Ela vai buscar então ativos nos mercados financeiros que possam fazer esse papel de oferecer uma remuneração, por período intermediário, de curto à médio prazo, e que assim que ela necessitar desse recurso, ela pode obter esse recurso de volta, e usá-lo conforme o planejado. Então, normalmente, essa pessoa vai optar por deixar esse recurso numa caderneta de poupança, se ela tiver grau de aversão ao risco muito grande, ou, ela vai buscar fundo de renda fixa, fundo de renda variável, ela vai compor o seu portfólio de algumas maneiras, de acordo com o seu grau de aversão ao risco. Mas sempre mirando ali, prazos intermediários prazos médios de investimento financeiro. Do lado de cá, quem é que precisa de recursos por prazos médios? Tanto as famílias quanto as empresas. As famílias normalmente vão buscar recursos de médio prazo para financiar consumo de bens duráveis e semiduráveis, como a gente já falou lá quando nós estudamos os determinantes dos consumos das famílias. As famílias podem buscar nos mercados financeiros, neste segmento intermediário de prazo médio, recursos para financiar a compra de carro, a compra de uma geladeira, a compra de bens duráveis e semiduráveis, e quem é que vai ofertar este recurso? Normalmente banco comercial, uma instituição financeira chamada banco comercial, que vai fazer esse papel de intermediação. Então esse processo de financiamento que passa pela captação por meio do banco e pela oferta por meio do banco, é chamado de financiamento indireto, e digamos, geral, nos mercados financeiros do mundo é o segmento muito relevante, muito importante e mais relevante do ponto de vista do financiamento da própria atividade das empresas do que especificamente o mercado de capitais. Então o financiamento indireto tem papel muito importante no financiamento das atividades econômicas tanto de consumo quanto de das atividades empresariais. As empresas vão buscar nesse segmento, por exemplo, o financiamento do capital de giro, descontos de duplicatas, adiantamento de contratos de câmbio. Nós estamos falando especificamente do segmento que nós denominamos de segmento de crédito. Então, o mercado de crédito é este pedacinho dos mercados financeiros que vai fazer este papel, de oferecer para as pessoas que tem recursos, mas não podem disponibilizar esses recursos por períodos de tempo muito longos oferecer ativos para esses pessoas, captar recursos e esses recursos captados oferecer como empréstimos, tanto para famílias, como crédito direto ao consumidor, cheque especial ou financiamento de bens específicos, como para empresas. Então, essa parcela dos ativos, e da movimentação dos mercados financeiros, nós denominamos de mercado de crédito e ele tem papel extremamente relevante na dinâmica da demanda agregada. Por que? Porque é a partir dele que boa parte do consumo é financiada e uma boa parte das atividades do dia-a-dia, do curto e médio prazo das empresas também é financiada. Então, nós temos já dois pedacinhos importantes dos mercados financeiros, o mercado de capitais, que está mais voltado para recursos de longo prazo, e o mercado de crédito, que está propiciando a operação e a transferência de fundos de forma intermediada pelas instituições financeiras, pelos bancos comerciais e que produzirá as remunerações intermediárias termos de prazos dos ativos na economia. O que mais que nós temos? Temos o mercado de capitais, o mercado de crédito e o famoso mercado monetário. O mercado monetário é mercado extremamente relevante para a análise macroeconômica, porque é exatamente neste segmento que nós vamos compreender a atuação do governo por meio do seu braço monetário, que é o Banco Central, gerenciando a política monetária da economia. [MÚSICA] [MÚSICA]