[MÚSICA] Como nosso tempo aqui é muito escasso, não é? Nós precisamos fazer certas escolhas, infelizmente nós não poderemos estudar mais detalhes todas as nuances e as implicações de prazos distintos, cupons distintos, e mudanças da taxa de juros sobre o retorno dos títulos. Mas eu deixo alerta aqui para que todos tenhamos muito cuidado para relacionar taxa de juros com retorno de título, ok? Título de prazo de maturidade maior que ano, ou seja, dois, três, quatro, cinco, dez, 15, 20 anos de prazo de maturidade, ele tem o seu retorno pela mudança das taxas de juros ao longo do tempo. É o que nós chamamos de risco de taxa de juros, ok? Para medir ou verificar a exposição de título a este risco normalmente nós usamos medidas de duration, infelizmente nós não temos tempo para abordar todos esses aspectos, e eu gostaria apenas de reforçar e fixar a relação inversa entre preço de título e taxa de juros. Ok? Combinado? Então, por favor, façam os exercícios e verifiquem se você entenderam esse conceito que é muito importante. De novo, repetindo. Pense no mercado de títulos, não sabemos ainda, não falamos, não definimos, não estudamos quais são os determinantes da sua oferta e da sua demanda, assim também como não falamos sobre isso a respeito da moeda, mas pense mercado com uma certa demanda, uma certa oferta, se esse mercado está equilíbrio, nós temos preço médio desses títulos sendo negociado e uma taxa de juros associada a este preço. Se por algum motivo exógeno a este mercado, a demanda por títulos aumenta que tipo de desequilíbrio ocorre neste mercado? Excesso de demanda. Mercado excesso de demanda, naturalmente, produz o quê? Uma pressão de elevação dos preços. Porque tem mais gente querendo comprar o título do que gente querendo vender. Quando a pressão de demanda, produz uma elevação no preço dos títulos, o que acontece com a taxa de juros desse título? Cai. Então, o preço do título subindo, taxa de juros caindo. Preço do título caindo, taxa de juros subindo. A compreensão intuitiva dessa relação também é relativamente simples. Vamos pensar? Se hoje eu pagar mil reais para ter fluxo de caixa, com cupom de 10%, a taxa de juros é de 10%, porém se hoje eu pagar menos para ter esse mesmo fluxo de caixa, significa que além dos 10% do cupom, eu ainda tenho ganho de capital, porque eu estou pagando mais barato por ativo que vai me dar o mesmo fluxo de caixa. Ok? Então se eu juntar este fluxo de caixa com o fato de que eu estou pagando mais barato, que eu estou tendo ganho de capital, a taxa de juros do título está maior. Entenderam? Vamos fazer o raciocínio inverso. Se eu pagar mais de mil reais, se eu pagar mais caro que o preço anterior, não necessariamente mil, mas se eu pagar mais caro pelo título hoje, o que está acontecendo? Estou pagando mais caro por uma coisa que tem a mesma propriedade, ou seja, tem o mesmo fluxo de caixa, significa que estou tendo uma perda de capital, uma perda de capital quando somada ao ganho dos cupons vai me dar uma taxa de juros menor do que 10%. Então é raciocínio relativamente simples, associado a essa questão de vender mais caro, ou melhor, desculpem, comprar mais caro ou comprar mais barato, ativo que tem a mesma característica sempre, ou seja, o ativo não mudou. O cupom é de 10% e do prazo de maturidade a ter. Não mudo nada. Porém o preço flutuou no mercado por condições de demanda de oferta. Ao flutuar o preço, a taxa de juros do título também flutua sentido inverso. Ok? Então este é o recado fundamental aqui, para que a gente possa voltar para nossa compreensão de política monetária. O que guia a decisão de comprar ou vender título? Basicamente estamos falando aqui de uma compreensão de uma tomada de decisão que modernamente é entendida a partir da teoria do portfólio. Então nós podemos entender o desejo dos agentes por mais ou menos títulos função da relação entre o seu retorno esperado e o retorno esperado dos demais ativos da economia, relação ao seu risco relativo, então é o risco daquele ativo quando comparado com o risco de todos os outros ativos da economia, relação também à liquidez relativa deste ativo, e finalmente, o elemento que determina de forma equivalente a demanda por todos os ativos financeiros, é o estoque de riqueza, ou seja, o quanto de riqueza o indivíduo, o sujeito, a instituição financeira possui para alocar seu portfólio. Certo? Então a teoria do portfólio que foi desenvolvida a partir dos anos 50, com as contribuições de Markowitz, Sharpe, Lintner, de Ross que constituem todo campo de teoria de finanças, vai nos dar os elementos para compreender como e porque os agentes demandam ativos financeiros. Essa perspectiva também pode ser adotada para a compreensão da demanda por moeda, que também é ativo financeiro. Aqui nós vamos ficar nível de compreensão pouquinho mais simples, mas o suficiente para que nós possamos entender não só a gestão da política monetária, mas como a política monetária e a formação da taxa de juros interagem com os outros segmentos da macroeconomia. Nós vamos apresentar a teoria de demanda por moeda, a partir de uma perspectiva mais simplificada que é a perspectiva Keyneziana, mas como já ressaltei ela vai dar conta do recado para que a gente possa entender a lógica de funcionamento e gestão da política monetária. Esta opção também se deve ao nosso foco. Nós temos uma ambição aqui muito grande, que é de compreender e analisar a macroeconomia, então nós temos que abrir mão de apresentar com mais detalhes teorias e raciocínios lógicos que nos permitiriam compreender o assunto de finanças com mais profundidade. Mas são as opções, são os trade-offs a que estamos todos sujeitos nas nossas escolhas não só econômicas, mas do dia a dia. Pois bem, vejamos então que para que nós possamos compreender a formação da taxa de juros, nós precisamos entender como moeda e título se relacionam. Já fizemos esta análise levando conta não a teoria do portfólio, mas a simples decisão de realocação de portfólio dos agentes. Quando eu quero mais moeda, eu quero menos título. Quando eu quero mais título, eu quero menos moeda, certo? Esta lógica básica que vai conectar esses dois segmentos, na verdade, esses dois ativos do mercado monetário. Então nós podemos passar para a análise do mercado de moeda propriamente dito. Vocês devem ter observado que quando eu digo mercado monetário, estou falando basicamente dois ativos: moeda e títulos. Quando eu digo mercado de títulos, estou olhando só para o pedacinho do mercado monetário composto do mercado de títulos. E o mercado de moeda a mesma coisa, apenas o ativo moeda. A inter-relação entre eles vai se dar pela realocação do portfólio, como eu já disse. Portanto, na literatura de macroeconomia, é muito comum que nós apresentemos o mercado monetário pela lógica do mercado de moeda, e isso é uma consequência da inovação ou da contribuição que Keynes ofereceu para a nossa compreensão da macroeconomia lá nos anos 30 com seu livro clássico, destacando o papel da moeda e da taxa de juros nas inter-relações macroeconômicas. Então a opção metodológica e de retórica de apresentação da teoria foi sempre trazer a lógica do mercado de moeda e é isso que prevaleceu, por exemplo, no modelo bastante conhecido de quem já tem algum conhecimento anterior de economia que é o chamado modelo IS/LM que o mercado de bens e serviços está representado pela IS e o mercado monetário está representado pela LM que é exatamente a representação do equilíbrio do mercado de moeda. Por que que estou falando isso? Apenas para alertá-los de que o foco sobre o mercado de moeda não significa que o mercado de títulos tenha desaparecido da nossa análise. Ele continua lá e continua importante, por quê? Porque é no contexto deste mercado que a taxa de juros se forma. Muito bem. Então para entender a relação, eu posso expressar a lógica ou só do mercado de títulos ou só do mercado monetário. E a convenção, a tradição da macroeconomia é apresentar essa lógica pela ótica do mercado de moeda, que é o que nós vamos fazer aqui. Então para entender a política monetária, a gestão da taxa de juros, nós vamos entender o processo de oferta de moeda na economia, e o processo de demanda por moeda na economia. Foco principal não afeta, por quê? Porque estamos aqui com o olho na política monetária. A política monetária é a gestão dos instrumentos da política monetária por parte do Banco Central e que afetam a oferta de moeda, a liquidez da economia, e que consequência afetará a formação da taxa de juros por meio da conexão moeda e títulos. Ok? Então é esse caminho que a gente vai fazer, começando pela demanda por moeda, simplesmente, porque apresentaremos essa lógica de decisão de uma forma relativamente simples, mas o suficiente para que vocês entendam porque que as pessoas demandam moeda na economia. Ok? [MÚSICA] [MÚSICA]