[MÚSICA] [MÚSICA] Outro choque exógeno que podemos considerar é o efeito do ciclo econômico do resto do mundo sobre a economia doméstica. Se, por exemplo, a economia do resto do mundo passa por uma fase de diminuição do seu nível de atividade, uma fase que ela está crescendo menos do que o seu potencial, uma fase de baixa do ciclo econômico, isso, obviamente, vai ter consequências sobre a economia doméstica. Que consequências? Vamos então identificar o ponto inicial de conexão entre este elemento, que é a diminuição da renda do resto do mundo, e a economia doméstica. O ponto inicial de conexão é por meio das exportações líquidas. Quando a renda do resto do mundo cai, nós vamos ter menos exportações brasileiras para o resto do mundo, portanto as exportações líquidas caem. Quando as exportações líquidas caem, nós vamos ter diretamente efeito no mercado cambial. Portanto, nós estamos exportando menos, há menos disponibilidade de moeda estrangeira, de dólares, no mercado cambial, então, nós temos uma diminuição na oferta de dólares no mercado cambial, excesso de demanda por dólares, o que vai produzir uma elevação no preço do dólar e, portanto, uma depreciação da moeda doméstica. Uma depreciação da moeda doméstica, de certa forma, produz o efeito competitividade-preço que nós já chamamos atenção anteriormente e que pode contrabalancear essa queda das exportações inicialmente identificada como resposta ou como consequência à queda do produto do resto do mundo. Portanto, nós podemos ter efeito competitividade-preço que volta a recolocar as nossas exportações num patamar maior. A pergunta fundamental é: Será que nós vamos ter uma compensação completa desses dois efeitos? Dificilmente. Se o choque inicial é choque que se inicia com nível de atividade menor do resto do mundo, dificilmente nós vamos ter efeito compensatório completo pelo lado da variação cambial e seu efeito sobre às exportações líquidas, mesmo porque se não há renda no resto do mundo, mesmo que a gente tenha uma competitividade-preço mais atraente, não necessariamente conseguiremos exportar. Então, o impacto inicial, o choque inicial do produto menor provavelmente deve prevalecer, mas, no fundo, isso é uma questão mais empírica que precisa ser mensurada e analisada com dados. Porém, supondo que esse efeito prevaleça, nós vamos ter liquidamente uma elevação na taxa de câmbio, uma depreciação da moeda doméstica, e, do ponto de vista real, as exportações líquidas caem, o dispêndio doméstico cai, as empresas começam a acumular estoques indesejados, diminuem o ritmo de produção, o PIB cai, a renda cai, o consumo responde a queda na renda, intensificando o efeito restritivo, o impacto de baixa sobre o nosso dispêndio doméstico iniciado pelo choque exógeno de diminuição na atividade econômica do resto do mundo. Portanto, nós vamos ter aqui, por meio do efeito multiplicador, uma intensificação desse impacto inicial que veio por meio das exportações líquidas e que vai levar a nossa economia agora para nível de atividade mais baixa, para uma renda mais baixa ao final desse processo. Então, se a taxa de inflação permanecer a mesma, nós estaremos, agora, com nível de renda mais baixo função do fato ocorrido no resto do mundo, que era a nossa hipótese inicial de queda do nível de atividade do resto do mundo. Nós temos uma queda do nível de atividade doméstica também como consequência nesse processo lógico. Observem que, neste momento, nós vamos representar a nossa curva de demanda mostrando uma combinação do mesmo nível de taxa de juros, agora com o nível de renda mais baixo. Ou seja, esse choque exógeno produziu efeito sobre a economia que vai ser representado graficamente com deslocamento para a esquerda e para baixo da curva de demanda agregada. Então, são aspectos como esses, que eu acabei de dar como exemplos, que vão produzir diferentes combinações para mesmo nível de taxa de inflação com diferentes níveis de renda e vão nos levar representar a nossa curva de demanda agregada pontos distintos do nosso gráfico da macroeconomia que caminha para se completar com a nossa compreensão do lado da oferta agregada já no próximo módulo. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]