[MÚSICA] Muito bem, então, uma vez que nós tenhamos conseguido projetar razoavelmente os fluxos de caixa pros diversos cenários possíveis de análise ao longo da vida útil do projeto de investimento, uma outra informação muito relevante pra tomada de decisão é: qual é o montante de investimento hoje? De quanto será necessário, qual o montante de recursos, qual o valor do investimento necessário hoje, que nós chamamos de I0 (I zero) O investimento no momento inicial. Então é o montante de recursos necessário para que aquele fluxo de caixa seja produzido ao longo da vida útil do projeto de investimento. Essa formação ela é relativamente simples porque basta cotar mercado no momento presente os preços de todos os recursos, de todos os equipamentos, de todas as matérias primas, de toda a infraestrutura, do trabalho, de todos os elementos que serão necessários para que o projeto comece a operar. Então uma informação relativamente, considerando a complexidade das demais informações, essa é uma informação relativamente simples de ser obtida que é de quanto o empresário precisa hoje pra realizar o seu projeto de investimento. Então de posse do seu montante inicial de investimento, e do fluxo de caixa esperado, é possível obter o o retorno esperado desse projeto de investimento, como é que nós fazemos isso? Com instrumento muito simples de matemática financeira que é a taxa interna de retorno. Então o que nós devemos nos perguntar é: qual é a taxa que traz o fluxo de caixa esperado deste projeto ao valor presente do investimento inicial. Então com qualquer calculadora financeira, e depois vocês podem consultar no material de leitura, uma dica de como fazer essa conta. Lá vocês vão notar que é procedimento relativamente simples e que provavelmente a maior parte de vocês algum momento já fez algum cálculo dessa maneira, basicamente é o desconto de fluxo de fluxo de caixa a determinado valor presente e esse valor presente no caso é o montante necessário pra realizar o projeto de investimento. Então daremos alguns exemplos pra vocês saberem como implementar esse tipo de cálculo, enfim, uma vez que nós tenhamos a taxa interna de retorno deste projeto de investimento, nós temos então, uma medida da rentabilidade esperada, do retorno esperado do projeto importante fazer uma distinção nesse momento, nós estamos interessados retorno termos reais e não termos nominais, portanto, precisamos descontar a inflação deste retorno e observar o retorno real que nós esperamos obter no projeto de investimento, mais adiante também quando tratarmos de mercado financeiro vou reforçar esta relação entre retorno e taxa de juros nominal e real. Porém, basta neste momento nós termos mente que o que é importante para essa tomada de decisão é o retorno real esperado pelos investidores. Neste caso, nós temos então, uma das variáveis importantes pra tomada de decisão, que é obtida a partir da própria análise do projeto de investimento. Observamos desde já que para queeste fluxo de caixa seja formado, seja construído, é muito importante que nós ressaltemos o papel das expectativas. Quais são as expectativas relação ao futuro? As expectativas do empresário afetam a maneira como esse fluxo de caixa vai ser mensurada. Se nós tivermos de fato empresários que estão tanto quanto pessimistas relação ao futuro esse pessimismo pode afetar sua disposição aceitar realizar projeto cujo retorno esperado não lhe pareça suficientemente elevado, e aí é que vem a variável parametro de comparação relevante. Com o que nós vamos comparar o retorno esperado do projeto de investimento, como sempre economia com seu custo de oportunidade. O custo de oportunidade do projeto de investimento produtivo diz respeito ao retorno de outras possíveis aplicações desse mesmo recurso, que eu deixo de ganhar, que eu abro mão quando decido realizar o projeto de investimento produtivo. Então vejamos, quais são as opções do empresário? Vamos supor que inicialmente esse empresário tenha o montante de recursos de zero, que ele tenha produzido lucros anteriores na sua empresa que ele próprio vai fazer o aporte a partir do seu estoque de riqueza pessoal, para realização do projeto de investimento. Então se nós partirmos desta hipótese, digamos que o zero está disponível. Quais são as alternativas? Ou o empresário realiza o de investimento produtivo ou simplesmente ele aloca aquele montante ativos financeiros alternativos. No lugar de realizar o ativo real, ativo físico, a compra de ativos financeiros alternativos máquinas, equipamentos, etc, que vão propiciar fluxo que caixa, que vão com bastante grau de risco prover uma certa taxa de retorno esperado, o empresário pode simplesmente optar colocar esse recurso no mercado financeiro. Comprando ativos financeiros e recebendo a remuneração dos ativos financeiros, então o custo de oportunidade entre o investimento produtivo para o investimento produtivo é simplesmente o retorno dos ativos financeiros que o empresário abre mão quando decide realizar o projeto de investimento. Aspecto importante que é muito relevante quando nós pensamos no mundo real, porque geral o empresário não tem o recurso disponível I0 disponível pra realizar o projeto de investimento, mas sim ele vai buscar nos mercados financeiros fontes pra financiar o seu projeto, e nós vamos falar sobre isso daqui a pouco quando tratarmos dos mercados financeiros e a sua inter-relação na demanda agregada, porém já podemos adiantar que, o custo de oportunidade relevante para projeto de investimento produtivo diz respeito ao custo, ou seja, a taxa de juros dos fundos dos recursos que os empresários captariam no mercado financeiro para financiar o seu projeto, então vamos deixar essa conexão aqui e mais adiante nós voltamos a ela. Por hora, nós vamos tratar este custo de oportunidade simplesmente como se fosse a taxa de juros dos ativos financeiros, do mercado financeiro. Então nós estamos uma decisão entre realizar o investimento produtivo ou realizar o investimento financeiro. Qual a opção? O empresário vai realizar o investimento produtivo sempre que o retorno esperado do seu projeto de investimento produtivo superar aquilo que ele está abrindo mão, que é o retorno do mercado financeiro. Então, neste caso nós temos que lembrar que uma série de variáveis e fatores estão sendo medidos com grau de riscos elevados ao longo do fluxo de caixa do projeto de investimento, o que faz com que para que haja uma decisão favor do projeto de investimento, a rentabilidade esperada desse projeto deva ser relativamente elevada. Pra dar uma exemplo concreto vamos pensar que investimento produtivo tem uma perspectiva de gerar retorno de 15% ao ano para o investidor. Sendo que este retorno esperado foi detectado no cenário moderado, cenário pessimista, esse mesmo projeto de investimento teria uma perspectiva de retorno de 10%. Quando comparadas alternativas de mercado financeiro que por exemplo tem uma taxa média de remuneração dos seus ativos de 10%, vejam que a decisão de investir produtivamente já fica pouco mais difícil. Porque se o cenário pessimista acontecer, o retorno esperado do projeto de investimento fica praticamente igual ao retorno dos ativos financeiros, pois bem, como ...risco é muito elevado e a decisão de investir produtivamente é uma decisão muito difícil de ser desfeita instantaneamente, naturalmente há uma tendência do empresário a desistir do seu projeto de investimento produtivo e não captar recursos no mercado financeiro ou não utilizar os seus próprios recursos e alocar os seus próprios recursos ativos financeiros já disponíveis, obtendo dez por cento de retorno com, digamos, talvez pouco menos de risco do que aquilo que ele teria se entrasse, se decidisse a realizar o seu projeto de investimento. Então uma decisão bastante difícil e que envolve, normalmente, muito mais desejo de investir produtivamente, uma necessidade, inclusive, de manter o ritmo de desenvolvimento de uma organização, de uma empresa, pequena, média ou de grande porte, do que propriamente uma decisão que esteja única e exclusivamente pautada pela lógica de ativo versus o seu custo de oportunidade. [MÚSICA] Mas por que a decisão de investir produtivamente, de realizar o chamado investimento econômico é tão difícil de ser desfeita? Por que é que ela não pode ser mudada muito rapidamente? Por motivo muito simples: ela envolve a compra de ativos reais e ativos reais são ativos de baixa liquidez na economia, ou seja, dificilmente empresário que comprou equipamento, que montou galpão, que colocou uma empresa para operar, vai conseguir se desfazer desses ativos de maneira rápida sem ter uma grande perda de capital, ou seja, é ativo de baixa liquidez. Então, tomar a decisão hoje e desfazê-la daqui a ano é, normalmente, processo que imputa uma elevada perda de capital para o empresário, para o investidor produtivo. Então é nesse sentido que eu chamo a atenção para dificuldade de desfazer uma decisão de investimento produtivo. Essa análise que nós estamos aqui apresentando é uma análise bastante básica da decisão de investimento produtivo, mas ao mesmo tempo ela é bastante rica e ilustra, grande parte, o processo de tomada de decisão, principalmente quando nós levamos conta as expetativas dos empresários neste fluxo de caixa projetado e na obtenção da taxa esperada de retorno do projeto de investimento. Keynes chamou essa taxa esperada de retorno de eficiência marginal do capital. E, neste contexto, a decisão de investir produtivamente, ela deveria levar conta o diferencial, a diferença, entre a eficiência marginal do capital e o seu custo de oportunidade que, como já dissemos, se reflete na taxa de juros dos ativos financeiros mercados financeiros. Então, a partir da perspectiva da teoria keynesiana, que é uma teoria relativamente antiga, que trouxe os fundamentos da análise da decisão de investimento produtivo, nós já temos aqui condições de entender como se dá, do que depende a decisão de investimento produtivo. Mais recentemente, nós temos contribuições dos desenvolvimentos das teorias de portfólio e uma abordagem pouco mais moderna para esta tomada de decisão pode ser entendida a partir da perspectiva, por exemplo, do chamado Q de Tobin, que é nada mais do que uma avaliação do valor do negócio, do valor da empresa, do valor de mercado do projeto, contraposição ao seu custo de reposição. Não entraremos muitos detalhes, é claro que analisar a tomada de decisão de investimento produtivo a partir de uma perspetiva pouquinho mais moderna, como, por exemplo, as teorias desenvolvidas a partir da década de 50, nos trará alguns benefícios, mas também nos trará alguns custos adicionais e como nós estamos aqui tentando entender a lógica fundamental, está pressuposto que esta compreensão a partir dos princípios básicos da tomada de decisão do investimento produtivo, sejam suficientes. [MÚSICA] A decisão de investimento produtivo, como então acabamos de verificar, ela está sempre bastante sujeita ao que Keynes chamou de espírito animal dos investidores, ou seja, a sua disposição, a sua disponibilidade de aceitar riscos que muitas vezes são difíceis de serem mensurados. Se nós pensarmos hoje da perspetiva dos empreendedores, dos empresários que apostam e que realizam projetos inovadores, como fazer essa conta? Como calcular a eficiência marginal do capital, a taxa interna de retorno, o retorno esperado desses projetos de investimento. Há muitas incertezas envolvendo esse tipo de decisão. Claro que o exemplo aqui foi pouco mais extremo, investimento projetos inovadores têm muito mais essa característica, mas é apenas para chamar à atenção para o fato de que investimento produtivo geral é uma decisão que pode flutuar, que pode produzir grau de flutuação na demanda agregada, que muitas vezes vai requerer uma contraposição de atuação por parte do governo. E este é justamente o papel, que dentro do contexto dos componentes da demanda agregada, quais são mesmo? Consumo das famílias, investimento produtivo, gasto do governo e exportações líquidas. Então, nesse momento, já fazendo o gancho com a instabilidade das decisões de investimento, que é natural dessa tomada de decisão por parte da empresa, nós começamos a observar que abre-se espaço para uma atuação do governo, e aí eu estou olhando para uma atuação do governo com uma perspectiva bastante keynesiana, que é a atuação de contrabalancear momentos na economia que a demanda agregada esteja sendo diminuída por decisões privadas, seja do lado do consumo, mas principalmente pensando termos de investimento produtivo e do papel das expectativas sobre a decisão desses agentes. Então, Keynes apontava lá na sua obra seminal de 1936 que o governo deveria realizar papel de estabilizar a demanda agregada. Obviamente, de lá para cá, a nossa compreensão do papel do papel do governo na economia evoluiu bastante. Então, hoje, a perspectiva da decisão do governo entre gastar ou não, ela leva conta aspectos que, necessariamente, requerem que o governo cumpra uma certa função na economia dentro da sua possibilidade de realização de política fiscal ou não. E quando eu digo possibilidade de realização de política fiscal eu estou basicamente me referindo à necessidade de que o governo realize política fiscal e mantenha ao mesmo tempo, ou seja, ao longo do tempo, na verdade, intertemporalmente, o seu orçamento equilibrado. Então, a perspectiva moderna não olha mais apenas para o gasto do governo como se ele estivesse desconectado da fonte de receitas, ou seja, dentro do contexto da demanda agregada, nós temos os gastos do governo como componente relevante, mas temos também a principal fonte de receitas do governo, que são os tributos e que já apareceram lá como determinantes da renda disponível das famílias, vocês se lembram? A renda disponível é a renda que sobra para as famílias depois de pagar os tributos. Então, quando nós olhamos a ação do governo dentro do contexto da demanda agregada, nós temos que levar conta que o componente de gasto, ele é extremamente relevante, porém ele não pode ser pensado de forma autônoma, de forma sem que haja uma conexão clara com o comportamento da receita do governo. E, basicamente, a receita do governo, ela advém da tributação. Vamos então agora elucidar, de uma maneira relativamente simples, como é que se dá o processo de decisão do governo relação aos seus gastos e relação aos seus tributos e como isso afeta a estrutura da demanda agregada. [MÚSICA] [MÚSICA]