[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Olá. Bem vindo de volta. Nós estamos aqui debatendo esta terceira parte do tema Estrutura e Poder nas Nossas Instituições Esportivas. Apenas para recapitular, a gente vem discutindo na segunda metade da aula, na segunda parte da aula nós debatemos, fizemos uma grande comparação entre como é hoje a gestão das instituições esportivas dentro do paradigma do voluntariado, do amadorismo e como seria idealmente uma gestão profissional nos clubes. A ideia desta terceira parte é a gente debater pouquinho o panorama atual das instituições esportivas no Brasil e por que que a gente se encontra no ciclo vicioso termos da gestão. Quer dizer, além dos aspectos já debatidos na primeira parte da aula, a questão da natureza jurídica, enfim. O que colabora para que a gestão permaneça sendo conduzida da maneira que ela é conduzida. Eu costumo colocar dois fatores principais, que eu costumo dizer que são as forças que poderiam ser as propulsoras da mudança. Uma é a própria a atuação do governo e a gente vai discutirá já como esta atuação poderia, deveria acontecer, enfim. E o outro aspecto é a própria força de mercado. Quer dizer, é evidente que o consumidor esportivo tem uma dose muito alta de paixão na sua tomada de decisão. Mas eventualmente insatisfeito com o meu consumo, eu estou insatisfeito com é conduzida a gestão eu poderia deixar de consumir eventualmente, eu posso continuar apaixonado pela modalidade mas deixar eventualmente de consumir a modalidade e eventualmente isto poderia trazer algum tipo de mudança na instituição. O que acontece hoje é que essas instituições, a gestão delas produz como resultado instituições primeiro: deficitárias sua grande maioria, é claro que há exceções, mas sua grande maioria deficitárias. Ou seja, arrecadam menos do que gastam. E endividadas, ou seja, esse déficit ano após ano e isso de maneira acumulada, muitas destas instituições por décadas produziram instituições extremamente endividadas, sendo que boa parte dessas dívidas é com o poder público. Por meio do não pagamento de impostos e tributos nas mais diversas esferas. E aí que entra o aspecto do governo que eu havia mencionado, quer dizer diferente de qualquer outro setor onde o governo atua fortemente, enfim, você que eventualmente é empresário ou já deixou de pagar algum tipo de imposto, enfim sabe como as esferas do governo atuam de maneira punitiva da maneira que for, enfim, impedindo você de contratar com poder público, aplicando multas severas, enfim uma série de restrições que podem ser impostas para obrigá-lo a quitar sua situação. Termos de dívidas com o poder público. Com o setor esportivo, e aí eu não estou falando exclusivamente mas com o setor esportivo isto acontece, há uma complacência do governo com as dívidas. Então as principais instituições esportivas do Brasil devem para o governo, devem valores bastante elevados e o governo não atua fortemente no sentido de cobrá-los. Principalmente porque esta é uma questão primeiro, sistêmica. Ou seja, se fossem uma, ou duas, ou talvez três instituições esportivas e várias outras tivessem situação normatizada seria mais fácil você cobrar e até isso funcionaria como uma punição, exemplo punitivo. Mas como é uma questão sistêmica, ou seja, todas ou quase todas tem essas dívidas então o governo acaba não mexendo no vespeiro até porque eventualmente seria uma medida impopular e aí envolve aspectos políticos que devem ser considerados. A verdade é que essa complacência do governo ela cria primeiro uma sensação de impunidade dentro das gestões, ou seja, eu estou fazendo uma gestão que não prioriza minimamente o equilíbrio econômico e eu tenho alguém que é o meu credor que não me cobra. Então isso gera uma sensação de impunidade. E por consequência uma acomodação das instituições esportivas. Ou seja, se o meu principal credor não me cobra eu não vou pagá-lo. E isso faz com que o gestor daquela modalidade, ou daquele clube continue então priorizando outros setores que não o próprio equilíbrio econômico. Então eu vou eventualmente colocar mais recurso na atividade fim, que é o esporte, eu vou contratar atletas, vou investir equipamentos e assim sucessivamente, detrimento ao meu equilíbrio econômico. Não há nenhum problema evidentemente investir, que deve ser, esta é a atividade fim equipamentos, estrutura, contratações e desenvolvimento; desde que isso seja feito minimamente com responsabilidade financeira econômica. O que usualmente não é o que nós encontramos. O que se vê é que esse investimento no resultado esportivo, no foco esportivo, na área esportiva é feita detrimento ao equilíbrio econômico-financeiro, o que então, e é claro isso com a anuência da segunda força propulsora, que é o mercado, como mencionei aqui a gente pode incluir inclusive a mídia que é a formadora de opinião e também é uma das clientes do esporte. Que aceita esta condição desde que o produto final, que é o resultado esportivo seja entregue. Então uma vez que o produto esportivo, a equipe, a competição, seja entregue, não importa se as instituições esportivas, seja as federações ou seja os clubes que estão promovendo aquela condição, não importa a condição financeira econômica deles, desde que o resultado final. Então isto também retroalimenta e estimula os clubes a investirem mais e mais na atividade fim, no esporte, detrimento ao equilíbrio. Toda essa situação, ou seja, a anuência do poder público, a anuência do cliente final, seja ele torcedor, ou consumidor, ou praticante, ou a mídia, enfim, todos os clientes retroalimenta este ciclo vicioso fazendo com que as instituições continuem focando as suas gestões para a atividade fim, para o desenvolvimento esportivo e elevando então o déficit dos clubes e das federações e por consequência o seu endividamento final. Então percebam que aqui a gente está falando do ciclo vicioso que além daquela questão de natureza jurídica que nós abordamos lá atrás na nossa primeira aula deste tema também são forças que reforçam esse aspecto da gestão dita irresponsável ou ineficaz pelo menos do ponto de vista econômico-financeiro. Apesar deste cenário a gente já começa a ver movimentos por parte ao menos de uma dessas forças, que é o governo, para tentar minimizar este efeito que fortalece este ciclo vicioso. Então recentemente o governo federal vem criando medidas que visam então reduzir pelo menos o endividamento ou aumentar a responsabilidade dos gestores, dos dirigentes das nossas instituições esportivas com a questão financeira econômica das instituições que eles dirigem. Então recentemente o governo iniciou debate que envolve evidentemente todas estas instituições à participação, de uma medida provisória para tentar solucionar estas dívidas. Quer dizer, o que fazer para que essas dívidas não se perpetuem e não permaneçam constante crescimento. É claro que há divergências, isto está sendo conduzido, este debate está sendo conduzido. Alguns defendem o perdão dessas dívidas e a partir do momento deste perdão então criar uma regra rígida para que não se criem novas dívidas. Outros defendem que esta dívida deva ser parcelada, enfim. E aí discute-se se é possível quitá-las ou não ao longo tempo mas o mais importante é que existem movimentos neste sentido. São iniciativas que a gente começa a perceber, são movimentos que a gente começa a perceber por parte de uma das forças propulsoras, que é o governo na tentativa de minimizar o efeito reverso desse ciclo vicioso. Enfim, então só para a gente recapitular o que nós vimos ao longo dessas três partes de aula. Nós debatemos a questão que engloba a estrutura e o poder nas instituições esportivas no Brasil. Então desde o aspecto da natureza jurídica dessas instituições e como essa natureza jurídica impacta na qualidade e no estilo de gestão dessas instituições, até porque ela é caracterizada pelo amadorismo e pelo voluntariado. E passando também por aspectos relacionados a erros eventuais de estruturas que poderiam funcionar como fatores de mudança. Que é o próprio poder público que poderia atuar junto à estas instituições exigindo uma gestão mais eficaz, ou o poder de mercado que é representado por todos os clientes dessas instituições. Sejam praticantes, torcedores, consumidores, patrocinadores, mídia, enfim. E que poderiam atuar exigindo uma gestão mais eficaz para que elas pudessem se relacionar com estas instituições. A gente se vê na próxima aula. Tchau. [MÚSICA]