[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Ok pessoal. Então vamos lá começar a nossa terceira parte e última parte do nosso tema Economia no Esporte. Bom, as perguntas que são levantadas relação a esse debate do mercado de trabalho no esporte, relação aos esportistas primeiro é: por que os esportistas são tão bem remunerados? Toda vez a gente ouve esse debate. Mas por que será que eles ganham tanto, né? E a outra pergunta é: será que é justificada essa revolta do senso comum relação aos altos salários dos atletas? Então são dois aspectos, por que que eles ganham bem e será que a gente realmente tem razão ficar indignado com o quanto esses caras ganham? Analisando sob a ótica econômica e agora pensando termo das relações de trabalho a primeira coisa que a gente tem que estabelecer é que existe uma alta relação entre o salário e produtividade. Isto é evidente qualquer setor; quem rende mais, quem contribui mais com o negócio, quem consegue produzir mais, dar mais resultado, tem salário maior. Isto é natural qualquer setor e no esporte, naturalmente, isto não é diferente. Então aquele atleta que tem melhor desempenho, que se torna protagonista, que se torna uma figura representativa relação à equipe quando a gente estiver falando de esporte coletivo, enfim, ele naturalmente acaba tendo uma remuneração mais elevada. No segundo aspecto da economia que a gente pode trazer para a realidade esportiva, diz respeito que a demanda por uma mão de obra, uma mão de obra qualquer, na verdade é derivada da demanda pelo bem, pelo serviço que aquela mão de obra produz. Então se eu trabalho determinado setor e produzo bem manufaturado, quer dizer, a demanda por profissionais como eu que trabalham na produção desse bem ela está diretamente relacionada e dependente pela demanda pelo bem que eu estou produzindo. Quer dizer, se este bem que eu estou produzindo não tiver demanda no mercado, ninguém desejar, automaticamente eu, que produzo este bem, também não vou ser desejado. Então esta segunda realidade também se aplica ao esporte, né. Se eu pratico uma modalidade que tem muitas pessoas interessadas acompanhar, movimenta milhões de pessoas ao redor do mundo que acompanham a modalidade, querem assistir a competição, eu estou jogando por uma equipe que tem muita expressão, tem uma grande quantidade de torcedores que acompanham naturalmente, função dessa grande demanda pela equipe que eu estou jogando, pela modalidade que eu estou representando, pela competição que eu estou participando, naturalmente a minha mão de obra enquanto atleta também é demandada e isso tem valor. Agora se eu estou participando de uma competição inexpressiva, se eu jogo por uma equipe de menor expressão, sem torcida, claro que a minha mão de obra é menos demandada e por consequência a minha recompensa é menor termos de remuneração, termos de salário. Então percebam que esses dois conceitos que vêm da teoria econômica se aplicam ao esporte, naturalmente. Agora se a gente for falar particularmente do mercado de trabalho no esporte é importante de antemão a gente quebrar mito. Não é. E acabar com esse mito de que todos os esportistas ganham bem. Não, nem todos os esportistas ganham bem, pelo contrário, é a minoria que ganha bem. Você não pode pegar o exemplo de dois, cinquenta atletas que praticam futebol, que é uma modalidade que tem grande representatividade, ou dez atletas, quinze, do atletismo, que são aqueles atletas de elite, ou da natação, ou os quinze atletas da seleção brasileira de voleibol masculino e feminino e assim por diante. Esses caras sim, eles tem representatividade porque justamente retornando a lógica que eu acabei de explicar, eles estão alta representatividade e estão uma prestação de serviço altamente demandada. E outra, eles prestam serviço de grande qualidade, eles tem grande produtividade e por isso que eles são recompensados economicamente. Agora pensem no outro universo de atletas das mais diversas, inúmeras modalidades, desde aquelas modalidades grande expressão mas que eles são atletas sem grande representatividade, até aqueles atletas até de boa expressão de modalidades que não tem muita demanda. Os caras não são bem remunerados. Pelo contrário, ganham provavelmente, muito abaixo da média do que outros setores mais tradicionais. Então isso é importante, a gente tirar esse mito. E a questão que a gente debateu, por que que esses grandes atletas ganham muito, está direcionada a estes fatores que eu acabei de mencionar. Então essa elite, que a gente pode chamar de fato de elite, ela é de fato bem remunerada, mas por que? Por que eles prestam serviços de alta produtividade, ou seja, são atletas realmente de ponta e que também estão atuando competições, por equipes, por nações, por modalidades, de grande demanda, de alta representatividade e justamente função dessa grande exposição, dessa grande demanda pelos serviços que eles prestam de fato eles têm uma uma boa recompensa. Agora, essa determinação do salário, do valor da remuneração dos atletas ela depende, ela é estabelecida cruzando duas variáveis importantes, que a gente pode dizer assim. Uma é o poder do clube. É o clube que está contratando aquele atleta, qual é o poder que ele tem, se é alto ou se é baixo. E a outra variável é o poder do atleta. Qual é a representatividade desse atleta? Ele é atleta de grande produtividade, como a gente acabou de mencionar? É atleta de elite? É atleta de menor representatividade? Então esse poder do atleta é baixo ou é alto? E quando você cruza essas variáveis, então você encontra quatro possíveis classificações e que caracterizam, então basicamente o nível de remuneração que esses atletas podem conseguir. Então vamos aqui fazer esses cruzamentos e ao mesmo tempo tentar encontrar alguns exemplos. Se você tem, por exemplo, atleta novo que acabou de sair da categoria de base, está chegando agora, está sendo contratado, ou foi contratado, é inexpressivo, veio de uma equipe menor, enfim nitidamente você está tendo atleta de baixo poder. Se ele está sendo contratado por clube também de pouca expressão, ou seja, clube que também tem poder reduzido, cria-se esse quadrante chamado de competição perfeita. E é onde se enquadram boa parte dos nossos atletas, então eles ganham pouco porque você tem cenário onde tanto o atleta tem pouco poder, o clube tem pouco poder, então você tem ali uma competição. Quer dizer, se o atleta não quiser, tá bom, o clube vai pegar outro atleta. Então o atleta não tem o poder de impor e falar ''olha, eu mereço ganhar tanto'', essa é uma grande realidade no Brasil várias modalidades esportivas até porque a gente enxergando que há uma grande oferta de atletas no mercado, então o clube pode se dar o luxo de falar ''não. Então se você não aceita o que eu estou querendo pagar então eu vou para outro''. E analogamente, se você tem atleta que ainda também é atleta com baixo poder imagina como fica a relação se ele está chegando num clube com grande poder? Então o atleta chega nesses principais clubes nacionais, enfim, aí o poder dele é menor ainda e ele não tem poder de exigência nenhuma. Normalmente ele se submete ao que está oferecido a ele e vai tentar construir o espaço dele dentro do clube. Esse quadrante, que é o que cruza o atleta com baixo poder num clube com alto poder é o que a gente chama de monopsônio. Onde há então o que a gente chama de exploração. Esse que é cenário de exploração, é o clube de fato explorando o atleta, o atleta se submete porque ele não tem nenhum poder. No outro lado deste cruzamento de variáveis a gente tem outros tipos de relação. Então você tem agora o atleta com alto poder. É atleta já consagrado, atleta de elite, atleta que já tem o seu desempenho comprovado. E que ele está chegando, por exemplo, num clube de poder reduzido, é clube menor, enfim. Aí você tem o que a gente chama de monopólio, ou o modelo estrela. É aquela grande estrela que está chegando num clube de menor expressão e que então quem vai impor a condição é a própria estrela. Vai falar ''olha, eu quero ganhar tanto. Ou você quer ou então eu tenho o mercado. Eu saio daqui e vou para outro clube''. Então veja que a relação fica relativamente desequilibrada função disso e quem dita as regras nessa relação acaba sendo o atleta. Por isso que a gente chama que é o modelo de estrela, poque é modelo atleta que é uma estrela. E por fim o último quadrante é quando as duas partes tanto o clube, quanto o atleta são partes que tem poder. Então é aquele atleta, de nome, conhecido, de qualidade reconhecida, que está chegando clube também de grande expressão. Aí você tem o quadrante chamado de Monopólio Bilateral e aí vale a barganha, a capacidade de negociação que cada uma das partes tem para tentar chegar na melhor condição possível, desejada, enfim. Eu acho que essa figura, esse cruzamento entre essas duas variáveis que eu mencionei, eu acho que elas demonstram bem as diversas possibilidades de relação de poder entre clube e atleta e que caracterizam, impactam, são decisivas na definição da remuneração, do potencial de remuneração e de ganho do atleta. Mas de qualquer maneira, termos de conclusão, o que a gente pode deixar mesmo como mensagem é que poucos atletas são bem remunerados, principalmente se comparados ao grande universo que a gente tem atletas nas mais diversas modalidades. A maioria dos atletas ou estão no quadrante da competição perfeita, que é quando ele tem pouco poder e o clube também tem pouco poder, mas nenhum dos dois têm poder, então você não tem muita margem de negociação. Ou então no monopsônio, que você não tem poder nenhum, o atleta não tem poder nenhum e o clube tem muito poder. Então é cenário de exploração mas o atleta se submete porque é uma oportunidade que ele está tendo, ele quer tentar vingar naquela oportunidade, ele se submete. Boa parte dos atletas estão nesses dois quadrantes. Então é mito dizer que os esportistas são bem remunerados? Não. Os esportistas de elite são bem remunerados, lembrem-se disso. A gente está encerrando aqui então esta aula de economia do esporte, falamos de macroeconomia, dos fundamentos de macroeconomia aplicados ao esporte, dos fundamentos de microeconomia aplicados ao esporte e por fim, então, fizemos uma reflexão acerca das características do mercado de trabalho dos esportistas e o que influencia ou não o ganho, a remuneração desses atletas. Até a próxima vez. Tchau. [MÚSICA]