Que tal ouvirmos as histórias sobre a aplicabilidade do ensino híbrido em sala? Vamos assistir então, aos depoimentos dos professores no nosso grupo de pesquisação. >> Eu comecei com o projeto do ensino híbrido, e o maior desafio para mim foi encontrar parceiros porque eu não tenho uma matéria minha. Então todos os projetos e as aulas que eu quero propôr, eu tenho que encontrar alguém que tope fazer isso comigo. E no começo tinha pouco de resistência dos professores porque era uma atividade que tinha que acontecer, não no laboratório onde eu dou aula, mas na aula, dentro da sala de aula das turmas, né? Então tinha que invadir espaço que não era meu. Que era de outra pessoa. E aí, eu comecei a mostrar quais eram as vantagens desse trabalho, né? Daí eu comecei, a primeira professora que topou fazer esse trabalho comigo, eu tinha 35 alunos numa sala minúscula, mas na escola que eu trabalhava, a gente tinha umas salas especiais para atender a comunidade, então tinha pouco mais de alunos nessa turma. E aí, eu falei para ela. Conta para mim qual que é a sua maior dificuldade, né? Vamos trabalhar para te ajudar, não para ser empecilho para você. Não é trabalho a mais que eu estou querendo te dar. É uma ajuda. Ela falou assim: ai Grazi, estou com alguns conteúdos que estão atrasados porque o livro demorou para chegar na escola. E a gente tem que cumprir isso até ao final do mês e tal. E eu está bom. Então vamos em uma aula fazer 3 conteúdos, 3 tarefas que você está atrasada. Numa única aula. Mas não dá para fazer isso. Eu falei. Não, dá. Vou te mostrar como. E a gente fez essa estratégia de rotação por estações. Eu ajudei ela na sala de aula. E aí a professora da sala da frente estava passando naquele momento. Olhou. Entrou, falou assim. Que vocês estão fazendo? Ai, depois eu te conto. Está muito legal. Então a outra professora contou para ela. E aí foi disseminando pela escola. As pessoas começaram a topar porque começaram a ver que realmente ajudava. Você não faz aquela aula com a Grazi? Porque numa aula só, a gente conseguiu eliminar 3 tarefas que eu ia demorar 3 semanas para fazer do mesmo conteúdo e tal. Então assim eu fui conquistando as pessoas. Mostrando que o ensino híbrido não é uma tarefa a mais, peso a mais nos professores na sala de aula, e sim facilitador, né? E aí, isso veio para minha prática como professora de tecnologia. Então comecei a repensar tudo aquilo que eu estava fazendo. Eu criava aulas muito inovadoras, então meus alunos produziam curtas metragens, stop motion, enfim, coisas muito bacanas mas que não eram aplicáveis na aula dos professores. Por isso eu não conseguia conquistar eles, né, para a minha religião, vamos falar assim. Eu queria que eles topassem a tecnologia dentro da sala de aula, como eu acreditava, mas eu não estava atingindo eles de uma forma que fosse realmente aplicável na sala de aula deles. >> E é impotante que a gente traga tecnologia para a sala de aula porque os nossos alunos são dessa era da tecnologia. Está nas casas, está na, a todo o momento a tecnologia está presente na vida dos nossos alunos e não pode ser diferente na educação, né? Os alunos precisam, a educação precisa se adaptar a esta nova realidade, à estes novos alunos. >> A gente fugiu pouco daquela ideia de você tem 50 minutos para aprender, se você não aprendeu boa sorte porque a gente tem que passar para o próximo conteúdo. Planejamento. Tem que ter planejamento muito bom das atividades em sala de aula, das estações da sua aula. O papel do professor. Ele vai passar a ser mais de planejador, e depois de avaliador das atividades na sala de aula. Então o planejamento é fundamental para que isso funcione. >> É, o meu começo de experimentação com o ensino híbrido foi pouquinho difícil. Demorou tempinho para os alunos se identificarem com a proposta, se acostumarem com a proposta. Mas quando eles entenderam bem a proposta, as aulas ficaram bem fáceis. Porque eu tinha alunos que tinham que fazer uma atividade. Eles iam para uma bancada, e automaticamente, quando terminavam, eles já sabiam para onde eles tinham que ir, para outra bancada. Eles já conseguiam ter mais autonomia no plano sequência da aula deles. Isso foi bem legal. >> O ensino híbrido, ele aconteceu na minha escola mas precisou de algumas adaptações. Algumas adaptações, é, porque a gente acabou pensando que a gente precisaria de computadores, tablets. E na verdade, não é preciso que todo o aluno tenha computador. Não é preciso que todo o aluno tenha tablet. É possível adaptar a realidade da sua escola ao ensino híbrido. Na verdade o ensino híbrido é muito maliável, né? É muito moldável à sua realidade. O que a gente precisa é estar aberto a mudanças. Estar aberto a inovações. >> Eu mudei a minha forma de pensar. Eu mudei a forma de preparar a minha aula. E principalmente eu mudei a forma de olhar o meu aluno. Quando eu passei a personalizar as minhas aulas, eu passei a enxergar aquele aluno que estava dentro de contexto, de grupo de aluno. Agora o meu contato é com ele. Eu passei a personalizar, a diferenciar e a individualizar. >> E a nota não mudou do dia para a noite. Mas o que mudou foi a participação e o interesse deles na aula, a vontade de fazer o dever de casa, a vontade de participar, a troca com os colegas, o trabalho de colaboração. Então, esse foi o grande ganho. Eu acho que depois desse tempo todo e com todo esse trabalho, daqui para a frente os resultados vão aparecer. >> E ao final da aula o aluno falou assim. Professora foi a aula mais legal de informática que eu tive na minha vida. E ele deu o depoimento no final falando isso. E depois nós replicamos para as outras salas essa aula. E ele foi como porta voz falar para as outras turmas como a aula tinha sido legal. >> Eu consigo atuar diretamente em determinados grupos onde as crianças têm mais dificuldade. Inclusive, eu tenho depoimentos de alunos que falam, eu gostei mais porque eu posso interagir melhor com os meus colegas. >> Eu observei muito mais aluno ajudando o outro. Aluno que já tinha terminado as suas atividades, ele ajudava o outro a concluir. Eles trocavam experiências. Isso é muito bacana. Eu não consigo ver com tanta frequência numa sala de aula tradicional. Então, isso é muito legal. >> Agora eles podem em pouco tempo manter o foco nessas estações e mudar de estação e manter o foco também. O que garante bastante o rendimento deles. >> Então a gente não precisa ter todos os alunos com computador. A gente com uma ferramenta às vezes consegue personalizar o ensino e trabalhar de forma diferenciada. A gente vai conhecer a metodologia do ensino híbrido. Vai estudar várias possibilidades, mas que cada tem em mente que é possível aplicar à sua realidade. É, não existem regras formatadas que só podem ser usadas daquela maneira. É possível a gente adaptar isso à nossa realidade de sala de aula. E funciona. E funciona mesmo.