[MÚSICA] Há espaço ideal, modelo padrão para que o ensino híbrido germine e dê bons frutos? Não, assim como tudo educação, nunca há modelo a ser seguido a risca todos os lugares, com todas as turmas e todos os alunos. Deve ser levado conta diferentes realidades sociais e escolares do Brasil e do mundo. De qualquer forma, vale a pena conhecermos algumas experiências que vêm dando certo. Elas podem ser norte ao que estamos buscando. Veremos a seguir dois casos reais de como mudar o espaço, buscando a personalização do aprendizado do aluno. O ensino expositivo de matemática nem sempre alcança todos os alunos, então é importante a gente diversificar as nossas atividades para a gente possa alcançar os alunos de acordo com o seu método preferido de aprender. O método de rotação por estações é muito interessante nesse aspecto. Nesse método, a gente busca, cada estação, diferenciar o modo como o aluno aprende, então é importante a gente ter ambiente que facilite esse acesso a essas estações e facilite também a organização da turma, porque todos ficarão no mesmo ambiente. Inicialmente, eu tentei procurar na escola ambiente onde fosse propício a realização de estações de trabalho. Nós encontramos uma sala, porém nessa sala era sempre necessário trazer mesas externas e era muito trabalhoso, não só para o professor, mas também para os funcionários, que tinham sempre que estar movimentando essas mesas. Outro dia eu vim para a biblioteca, busquei livro e observei que na biblioteca seria excelente realizar essas estações, porque já existiam mesas e cadeiras já bem organizadas, de modo que trabalhar alí com os alunos não seria nem pouco difícil. Agora que eu encontrei local interessante para a gente realizar as estações, o próximo passo seria organizar os grupos de trabalho. Inicialmente, eu utilizei a plataforma Khan Academy, que eles já vem utilizando, na verdade, utilizando há tempo nas aulas de matemática e peguei os primeiros alunos, que são basicamente esses primeiros alunos de ranking que são os que têm mais facilidade, não só aprender, mas também lidar com a informática, já que nas aulas de ensino híbrido, a gente também trabalha bastante com a parte de informática. Esses alunos se tornaram os tutores dos grupos. O tutor é muito importante, porque além de ajudar o seu próprio grupo, ele auxilia também o professor, porque antes de procurar o professor, os integrantes do grupo procuram o tutor para responder as suas dúvidas, resolver as suas dificuldades também. O próximo passo seria distribuir os alunos para esses tutores, O que eu fiz? Peguei, também, a lista do Khan Academy, peguei os alunos que tinham maior dificuldade primero e fui distribuindo nos grupos de modo que, assim, eu fui compondo cada integrante de cada grupo. Numa sala de aula de 35 anos alunos, eu fiz cinco grupos de 6, 7 alunos cada. Cada estação, é muito importante você ter todos os objetivos dessa estação definidos. de modo que os alunos não se percam nenhum momento sobre quais são as tarefas e quais são os objetivos que devem ser realizados naquela estação. A cada 20, 25 minutos eu realizava a rotação dos alunos, então existia também na lousa, ou numa folha impressa, esquema para onde os alunos deveriam ir, de uma estação para outra, então era sempre muito claro para os alunos o próximo caminho a seguir. O apoio do pessoal da informática é muito importante, porque como a gente lida com informática, lida com esses sistemas de comunicação, é muito comum haver problemas de internet, problemas de login nos sites e assim por diante. Então, o apoio da parte de informática é muito importante. Os alunos, inicialmente, ficam pouco perdidos nas primeiras aulas, eles não sabem o que fazer, não sabem para onde ir, então é preciso muita paciência para o professor estar direcionando os alunos nessas aulas, estar mostrando com clareza na lousa o próximo passo a seguir. Às vezes imprimir uma folhinha com passo a passo é importante. Para que fosse possível avaliar o rendimento dos alunos, eu comparei o rendimento desta prova bimestral com as outras provas bimestrais dos outros anos anteriores. Então, 2014, 2013 e 2012 foram comparados num gráfico e a gente observa, realmente, rendimento superior aos outros anos. >> Olá, meu nome é Eric Rodrigues, eu sou professor de história da Escola Municipal Emílio Carlos, que faz parte da rede da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Sou professor aqui há mais ou menos ano e meio, trabalhei com as turma de oitavo ano aqui no colégio, utilizando métodos de ensino híbrido. Na aula de hoje eu procurei mesclar os métodos "Sala de aula invertida", "Rotação por estações" e fazer uma personalização individual do trabalho de cada aluno, especialmente através da agenda que eu costumo compor e é sempre a primeira etapa ao começar a aula. Relação à sala de aula invertida, ele tem que ser sempre método utilizado como uma opção, porque nem todos os alunos têm acesso à internet, computador casa. Ainda que seja muito válido, tem alunos que se interessam muito por esse método, é sempre preferível contar com uma segunda opção, realmente plano B para aqueles que não têm esse acesso, então na hora de pensar a sala de aula, eu preciso separar eles grupos, estações mesmo, onde houvesse a possibilidade de levar computadores. Para isso, foram levados oito computadores para a sala. Esses computadores eram entregues a alunos de acordo com suas agendas, para realizar tarefas cima daquilo que tinha sido planejado anteriormente com base nessa personalização. Alguns grupos trabalharam com tarefas de análise, outros com tarefas textuais. Por exemplo, houve uma aluna que já estava bem mais desenvolvida, já estava avançando na aula sete, que era a aula do dia, referente ao primeiro reinado e independência do Brasil e essa aluna já estava analisando uma carta feita por D. Pedro I ao seu filho D. Pedro II quando ele abdicou do trono. Eu acho que esse tipo de análise personalizada é o que me permite encaminhar uma próxima aula, pensar num momento a frente. Dá para imaginar que uma aluna como essa, que já está pouco mais avançada, precisa receber desafio pouco mais complexo, talvez para uma próxima aula, para que ela possa chegar a esse tipo de nível, nível realmente que ela está buscando, que ela consegue desenvolver, enquanto eu preciso continuar mesclando pouco dos métodos presenciais de trabalho e não ficar só focado sala de aula invertida, porque eu tenho aluno como o Marcos, que depende sempre de espaço físico, de computador disponível aqui para que ele possa realizar o trabalho dele. Antes de começar a aula, é preciso viabilizar todo esse material, normalmente eu peço a alguns alunos específicos que me ajudem com o transporte disso. A diretora mantém o material que a gente utiliza de computadores e cabos num armário na sala dela. A gente esteve lá para retirar oito computadores, são oito netbooks, que ficam disponíveis, exatamente, para trabalhar com ensino híbrido. Momento anterior, eu já tenho que ter alimentado esses computadores com o conteúdo, para que eles possam trabalhar também offline, caso não haja disponibilidade de banda larga e, a partir disso, que a gente pode carregar esses materiais para a sala e dar início à organização do espaço. Uma das principais ferramentas que eu utilizo é o Youtube, que me permite carregar vídeos que eu já elaborei antes, eu mesmo crio os vídeos, utilizo aplicativo para android, chamado de "Explain Everything", que me permite criar aulas dinâmicas utilizando imagens, mapas, até vídeos dentro do próprio vídeo. Uma vez que eu carrego isso para o Youtube, o aluno que trabalha por sala de aula invertida acessa no Youtube e consegue realizar todas as tarefas casa. Já aqui, eu faço upload offline desse arquivo para cada computador e o aluno pode acessar ele, tanto o da aula do dia, quanto se ele precisar, para algum tipo de consulta, vídeos de aulas anteriores. Uma dica que eu daria ao professor da rede público que pretende trabalhar com ensino híbrido, que quer se envolver com ensino híbrido, que está pensando como realizar isso na sua sala de aula, é, realmente, pensar sempre com criatividade. Eu acho que a criatividade é a essência para você superar as limitações que vão surgindo a cada momento quando você está tentando desenvolver uma coisa nova. Eventualmente você vai ver que vai surgir momento que parece que é impossível realizar uma coisa da maneira A, mas você tem sempre acesso a uma pessoa que pode te ajudar a construir aquilo de uma outra maneira, às vezes uma pessoa da direção, que viabiliza recurso técnico, às vezes colega que tem uma noção da pedagogia de como desenvolver aquilo e pode te inspirar a criar, por exemplo, método avaliativo diferente ou pensar numa outra maneira de expor conteúdo, até de desenvolver uma habilidade. Se você conseguir aliar a persistência à criatividade, persistência porque, inevitavelmente, a gente se frustra quando lida com algum tipo de dilema, parece que vai ser inviável, mas é sempre possível encontrar uma maneira alternativa e acho que a criatividade é a grande aliada nesse processo.