A tomada de decisão é talvez o, é como o gol para o atacante, né. Ehm, o empreendedor, ele, eu gosto de brincar, dizer se ele acerta todas as decisões, em 3 anos ele fica bilionário. O que eu quero dizer com isso? Que a gente não deve, o empreendedor não deve se paralisar frente a uma dúvida. O que diferencia talvez empreendedor de menos empreendedor, ou do não empreendedor é não ter medo de errar. Sabendo que ele precisa decidir, ele decide. É claro que, assim como qualquer o empreendedor tem que pautar a decisão, fundamentar da melhor forma, com os melhores recursos. Mas o que ele não pode fazer é deixar de decidir. Ele não tem a garantia do salário no mês que vem, ou de como ele vai pagar os custos da operação. Ele tem que decidir, sabendo que, por conta dessa pressão, do ter que decidir, ter ser rápido em decidir ele eventualmente vai tomar decisões erradas. Eventualmente ele não vai ter as informações suficientes para tomar a melhor decisão. Mas, pior do que tomar uma decisão errada, porque ele vai saber o que ele tá fazendo, é não tomar a decisão, não é? Então a gente chegou de destacar essa questão que diferencia o empreendedor. Agora, qual que é a competência que o empreendedor deve ter para ser melhor empreendedor em relação a tomar decisão? Ele tem que saber lidar com a incerteza. Ele tem que saber decidir e não se paralizar frente a incerteza. Ele tem que identificar claramente quando problema é incerto por natureza e, portanto, eu me permito decidir mesmo sem ter todas as informações necessárias porque elas não são disponíveis, não estão ao meu alcance e mesmo assim eu decido, fazendo o melhor uso da minha inteligência, ou quando aquela decisão, na verdade, é sim uma decisão técnica, é uma decisão que ele pode sim ter todos os fundamentos, que não há incertezas sobre a situação, mas que ele tem que ir lá, tem que pesquisar, tem que olhar, tem que consultar. E aí ele não pode errar. Se ele erra nesse tipo de situação, para esse tipo de problema, ele é mau empreendedor, ele não vai ter sucesso. No que é incerto e ele não se paraliza e, ainda assim, toma a decisão, tomando risco daquela decisão, ele tem a chance do grande sucesso. O que a gente fala muito lá na Allagi, é assim, quando a gente vai fazer uma coisa nova, totalmente nova, uma coisa que ninguém fez, uma coisa que a gente não tem referência, a gente se permite errar. A gente toma a decisão: vamos ou não vamos nessa direção, mesmo sabendo de todos os riscos, mesmo sabendo de todas incertezas que existem? Vamos. Ok. Se errar, bom, volta atrás e refaz, e paga o preço de ter tentado aquilo. Mas tem decisões, por exemplo, vamos contratar funcionário ou vamos terceirizar? São decisões técnicas, você consegue fazer conta, você consegue, pela experiência, já saber o que que leva a tipo de situação, o que leva a outra situação. E aí você tem que tomar decisões do bom gestor, e ali você não pode errar muito, ali você, claro, algum erro sempre é possível, mas depende da tua experiência, da tua competência, das informações que você tem para problemas conhecidos. E aí é conhecimento, e aí é informação. É decidir de forma bastante racional, bastante técnica, né. Acho que pra gente era sempre aquela questão do: a gente tá falando de problema incerto, né, ou tá falando de problema conhecido? Então aqui a gente pode eventualmente não ter todas as informações e ainda assim decidir porque a gente sabe que aquela oportunidade vai passar. Mas aqui, quando o problema é conhecido não, aí tem que pautar muito bem, tem que discutir, levar todos os prós e contras. Então é uma decisão mais, mais racional possível. >> A minha visão é que o empreendedor trabalha sempre em ambiente de muita imperfeição, imperfeição do ponto de vista de informação disponível, do ponto de vista de informação à qual ele tem acesso, e do ponto de vista de velocidade na qual ele precisa tomar uma série de decisões. Eu acho que o hábito, que é misto de arte e ciência, de se tomar as decisões em ambientes carregados de incerteza ou de imperfeição, é uma parte fundamental na construção da jornada empreendedora e a tomada de decisão é momento crítico onde, de fato, os caminhos estão sendo seguidos e mais do que isso, né. O entorno do empreendedor aprende a ler esse empreendedor pela forma com que ele toma as suas decisões. Acho que a construção da sua persona empreendedora, que basicamente determina se as pessoas vão ou não acreditar na sua visão, vão ou não contribuir para os seus sonhos, para o seu desenho de transformação do mundo, passa muito pelo dia-a-dia de como é que as pessoas estão vendo que você lê as situações e toma as suas decisões. A gente vive uma época de extrema disponibilidade de informação, né, você tem dados sobre tudo, estruturados e não estruturados, mas uma carência muito grande de transformação desses dados em informação e, muito maior ainda, de uma assertividade de como é que essa informação deveria se traduzir em decisões empresariais, decisões de negócios, decisões sobre o futuro do empreendimento. No fundo, eu diria que a criação de uma cultura que mescla habilidades científicas e pragmáticas de tomada de decisão com pouco de arte, de empirismo, perceber, às vezes de maneira tácita, qual que é o caminho correto, essa composição de coisas, de dois extremos, faz talvez empreendimento de sucesso. Acho que a tomada de decisão ela é sempre processo de escolha. Na verdade, em geral, a decisão que favorece determinado aspecto de empreendedorismo, por exemplo, a sua capacidade de gerir capital humano, de motivar pessoas, às vezes ela, naquele momento, ela enfraquece outros aspectos fundamentais do empreendedorismo, que é a construção de valor. Na minha visão o empreendedor é grande harmonizador de decisões que nem sempre são fáceis porque elas são conflituosas. Onde você prioriza aspecto fundamental da construção de empreendimento em detrimento de outro, que também é tão importante quanto. Então acho que esse, essa harmonização é o papel, faz parte do papel de liderança e acho que a tomada de decisão é a maneira como isso se expressa para todo, toda a comunidade, todo o entorno desse empreendedor. >> Falando sobre tomada de decisão, é papel do empreendedor, do gestor, falando aqui, falando pouco mais nessa função de gestor, decidir e fazer as coisas irem para frente. Tem modelo que eu gosto muito, teórico de gestão, que fala o seguinte: no ambiente onde você tem muito pouco de senso, onde todo mundo faz o que o chefe mandou, isso é ambiente ruim, porque o chefe vai está errando do mesmo jeito e ele não vai estar ouvindo a contribuição e valorizando as pessoas que trabalham para ele. Por outro lado, isso é ruim. O outro extremo disso também é muito ruim: num ambiente onde todo mundo fica discutindo durante 6 meses e não se toma uma decisão e vai pra frente, é muito ruim, porque você vira uma empresa com características às vezes "universitárias" de conversar demais e conseguir tomar decisão e andar pouco. O empreendedor precisa criar uma empresa que tá no meio termo disso. Você consegue que todo mundo dê suas opiniões, que todo mundo fale, que exista decisor claro. Em qualquer grupo, nem que seja, acabei de fundar a empresa, tenho 3 sócios, acabaram de fundar: ok, qual deles é o diretor geral, que num caso de impasse vai dizer isso que a gente vai fazer e seguir para frente? Qualquer que seja o grupo, seja o grupo de 3 pessoas numa empresa que acabou de se fundar, ou num grupo de 100 pessoas numa empresa maior, tem que tá claro: aquela pessoa é o decisor daquele grupo. Ele decide sozinho? De jeito nenhum. Ele tem que estar o tempo inteiro ouvindo o grupo inteiro e deixando todo mundo decidir por si só. Às vezes a empresa vai parar. A gente tem 2 opções. Na maior parte dos casos é assim, é cinza. Não é nem bom nem mau. Eu posso investir mais para ser B2C or B2B, tem prós e contras, depende de 100 variáveis e a gente não consegue planejar o que vai ser o futuro. Você precisa ouvir todo mundo. Isso torna uma decisão muito melhor feita se todo mundo contribui, mas depois de 10 dias, uma semana, ouvindo todo mundo é hora de decidir o que a gente vai fazer e ir para frente. A pior coisa que esteja grupo que diz vamos continuar discutindo, discutindo, discutindo e passa 6 meses sem decidir, ou, pior ainda, metade do grupo faz uma coisa, a outra metade faz o outro e fica fingindo para o outro que estão alinhados quando não estão. Então, empreender é algo incrível, mas exigente momentos de decisão, que às vezes criam dor nas pessoas. E a hora de decidir, e a hora de dizer algumas coisas eu não vou fazer, e outras coisas eu vou fazer, e é fundamental que se tenha coragem de tomar essas decisões e de fazer a empresa andar. Eu digo que às vezes o CEO da empresa precisa definir uma direção e levar a empresa naquela direção. Esse é o papel dele, nunca sozinho, nunca sem ouvir, nunca sem discutir. Mas, uma vez que você decide, você precisa de fato andar naquela direção, deixar a empresa, mesmo que a direção esteja errada. Isso é uma coisa engraçada. A direção está sempre sendo certa? Não, está 80. Mas é melhor tomar a decisão, dizer vamos para lá, ouvimos todo mundo, decidimos, estamos indo para frente, do que manter a empresa muito tempo numa situação de não sabemos o que vamos fazer, estamos discutindo e ninguém teve a palavra final para que a gente de fato andasse.