[AUDIO_EM_BRANCO] Se decisão é importante, a interação é o combustÃvel para essa decisão, porque só através da interação- todos os nÃveis, com o mercado, com os clientes, com os pares- que você vai construir os elementos para tomar as decisões. E o que eu vejo é que quanto mais frequente, mais intensa, é essa interação, melhora a qualidade das decisões que são tomadas; mais rápido o empreendedor avança e o negócio avança. E melhora a qualidade desse empreendimento como todo. Então, quando a gente faz, por exemplo, programa de aceleração, o Startup Farm, a gente chega a ter, programa, 500 sessões de mentoria que são, basicamente, sessões de interação, entre os empreendedores e mentores. Eles interagem entre si, eles interagem... E isso, talvez, seja o principal elemento do sucesso de programa de aceleração como esse. É você intensificar e acelerar ao máximo essas interações, expor o empreendedor ao máximo de opiniões possÃveis, ao máximo de confronto de idéias, que ele conheça outros empreendedores, enfim. Porque com essas interações, ele vai conseguir construir decisões melhores, vai formar opiniões mais completas, com mais qualidade, para o negócio. E a gente pode levar isso para outros nÃveis. Mesmo o empreendedor mais experiente, o empresário que já tem negócio, se ele consegue melhorar a qualidade das interações com o cliente, ele também consegue tomar melhores decisões para o negócio. Isso é desafio de grandes empresas que têm muitos clientes e precisam ter canais de atendimento mais ágeis e mais eficientes, que consigam, de fato, enxergar e ouvir esse consumidor para que isso vire insumo de decisão. E para o empreendedor que está começando, é só isso que ele tem. Geral, ele tem uma idéia, talvez tenha uma equipe, tenha algum capital inicial, se tiver. Mas o principal elemento que ele vai ter é a capacidade de interagir para formar melhor essa ideia e adaptar essa idéia para o mercado. E aà não tem nada pior do que empreendedor cabeça dura. Você precisa estar aberto para que essa idéia, ou esse projeto de negócio, interaja com o mercado, com outros pares, com especialistas, ou não especialistas, com projetos similares, com outras idéias, com quem já passou por situações semelhantes. Porque isso é uma prova de fogo, também. E vai fazer com que tudo isso molde melhor o seu projeto para as necessidades do mercado, da sociedade. Isso vai fazer com que ele tenha encaixe muito melhor. Então, erro comum, é você como empreendedor, interagir pouco. Estar fechado na sua idéia, achar que ela é a melhor do mundo, ficar fechado no escritório desenvolvendo. E, à s vezes, gasta se muito tempo e muito dinheiro nesse processo, e quando você vai ver, tem produto que ninguém quer; ou que não está tão adaptado, adequado, à s necessidades do mundo lá fora. Então, sair do prédio, sair da sala, conversar com o maior número possÃvel de pessoas, sejam clientes potencial, parceiros etc. É fundamental para que esse projeto de negócio seja amadurecido. E é melhor você fazer isso antes, durante o processo de desenvolvimento, do que depois que você já gastou tempo e, à s vezes, dinheiro desenvolvendo alguma coisa que até cristaliza, fica mais difÃcil mudar, inclusive pelo investimento que você já fez nesse processo. Então, essa interação é contÃnua todas as fases de desenvolvimento do empreendimento, e muito necessária. A tecnologia corta o intermediário, "cut the middle man". Isso significa que todo mundo tem acesso muito mais direto; o músico ao seu público, o artista ao seu público, a empresa ao seu consumidor. Hoje dia, se tem modelos como o modelo novo lá da fabricante de smartphones chinesa, a Xaomi. Ela não tem venda via varejo, vende tudo pela internet, é direto, fabricante, consumidor. E com feedback muito rápido e direto entre e o outro. Eles lançam atualizações do sistema operacional toda semana, baseadas nos feedbacks dos fóruns, diretamente com os clientes. Esse tipo de relação tão direta não existia antes. E isso vale para o empreendedor com os seus clientes, com os seus stakeholders, com os seus investidores- a gente pensa 'crowdfunding- e muda muita coisa. Traz também muita oportunidade de negócios. Como é que eu posso usar a tecnologia para eliminar intermediários. E com isso eu reduzo custos, eu aumento a eficiência, a velocidade de monte de processos e posso deixá-los mais fáceis, mais ágeis, mais produtivos, com uma qualidade melhor. A gente tem visto isso acontecer muitos setores da economia. Desde como eu faço para pedir táxi, que antes eu precisava ligar para uma cooperativa, tinha intermediário, tinha pouca informação. E hoje isso está na tela do meu celular, a clique, eu vejo diretamente o taxista que está indo me buscar, ou o carro que vem me buscar, eu o vejo andando na minha direção, pago mais rápido. Enfim, eu eliminei monte de intermediários nesse caminho. Músico que fala direto com o seu grupo de fãs através das redes sociais e consegue ter feedback tempo real, do que está sendo legal, o que não, onde estão os fãs, onde eles querem o show. Ou até poder financiar, diretamente, a sua arte, os seus shows, dessa forma. Também elimina intermediários, ele consegue fazer isso de forma melhor, mais rápida e com mais qualidade. E a gente tem muita oportunidade para fazer isso melhor, seja no campo das grandes empresas, seja nos serviços públicos, enfim, ou, também, no campo das inovações. Coisas que a gente nem imagina que vão surgir, que vão gerar cada vez mais eficiência. Mas eu acho que é legal falar sobre o ecossistema também, que tem a ver com a integração. Quando eu falei sobre integração, eu falei muito da sua integração, como empreendedor, com os seus clientes ou com o seu mercado. Mas tem outro lado dessa história que é o lado do ecossistema que eu acho que é super importante, super válido. Quando a gente fala ecossistema, a gente está falando dos diferentes agentes; sejam os investidores, seja o governo, seja incubadoras, aceleradoras, sejam fornecedores e parceiros, bom advogado, bom contador, que são importantes para todo empreendimento no Brasil. Todos esses agentes são parte de ecossistema que precisa funcionar bem e estar bem ajeitado para que os empreendimentos, e os empreendimentos, inovadores possam surgir e crescer. Então quanto melhor está esse ecossistema, seja uma visão do todo, seja nas interações entre as partes, mais eficiente ele é, mais fácil a vida do empreendedor, mais empreendimentos a gente vai ter. E se eles são positivos para a sociedade, a gente vai ter paÃs melhor, uma sociedade melhor. E ter uma visão, também, que olha para esse ecossistema, como empreendedor, e busca interagir com ele, busca melhorá-lo, é super importante. Também é uma maneira de "give back", de dar de volta. Então eu tenho visto, hoje, muitos empreendedores bem sucedidos que estão agora com uma visão de retornar para a sociedade pouco do que eles receberam e ajudar outros empreendedores a se desenvolverem também. Eles estão se tornando investidores, estão buscando ser mentores e ajudar os empreendedores com suas experiências; participar de eventos, de encontros de networking, de interação, para que a gente possa ter ecossistema melhor. Eu participo de uma iniciativa, por exemplo, chamada 'DINAMO', que congrega grupo de pessoas de diversas entidades do ecossistema; seja associações de investidores, de start-up´s, grandes empresas, tipo Google, Microsoft, passando por aceleradoras, que se juntaram para falar com o governo. E tentar influenciar o governo na criação de polÃticas públicas mais alinhadas com as necessidades dos empreendedores e do ecossistema. Então, você como empreendedor ou como agente desse ecossistema, buscar fazer parte dele de forma complementar. Então, a gente vê, por exemplo, regiões onde você tem instituições que, ao invés de cooperar, competem. Você tem etapas do processo do ecossistema faltando e outras sobrando. Tem vários competidores ali competindo. E aÃ, claro, se entrar todas as questões do ponto de vista de negócios, o competitivo. Se a gente consegue ter uma visão mais sistêmica desse ecossistema, fazendo com que os diferentes agentes possam cooperar mais, é melhor para todo mundo. Então, para quem é empreendedor e está na sua cidade, ou no seu local, e pode ter ecossistema mais organizado, ou menos organizado, atuar ativamente nesse ecossistema pode fazer muito bem para o seu negócio E para todos os empreendimentos ali dessa região. Então, tentar articular encontros, se unir com outros empreendedores para fazer com que os agentes locais também se mobilizem, seja o Governo, sejam os investidores, trazer eventos, buscar organizar, conversar com entidades que, de repente, atuam para que elas atuem de forma mais coordenada para que a ação de uma possa ser o insumo da outra e fazer com que todo esse ecossistema funcione melhor. Isso é bom para o empreendedor, é bom para o ecossistema e acho que é bom para todo mundo. >> Apesar do foco que se dá para o empreendedor, apesar daquela ideia de que é o empreendedor quem executa, quem faz, quem carrega o piano, quem entrega, ele depende de muitas outras coisas. A gente fala, ele precisa angariar recursos, ele precisa ter o envolvimento de muitos outros elementos para que o empreendimento dele tenha sucesso. Então, a competência que o empreendedor deve desenvolver para que o seu negócio tenha mais chance de sucesso, é saber como interagir com aqueles que podem prover os recursos necessários para o sucesso do seu empreendimento. Então, por exemplo, funcionários, clientes, fornecedores, parceiros, pessoas que vão ajudar ele a entender qual que é a melhor proposta de valor ou qual que é a melhor forma de entregar aquele produto ou quais são as fontes, eventualmente, de conhecimento que ele pode ter para gerar uma melhor oferta. Essa capacidade, essa habilidade de interagir para conseguir trazer recursos que desenvolvam ou ajudem a desenvolver a empresa é fundamental para o empreendedor. E hoje a gente vive uma era onde essas interações estão cada vez mais dinâmicas, rápidas, as pessoas têm menos tempo, mas, de certa forma, são mais acessÃveis. Eu consigo, hoje, a pessoa não atendeu o telefone, eu mando e-mail, não respondeu o e-mail, manda Whatsapp, não atendeu no Whatsapp, a gente vai lá e ainda pesca ele lá no Facebook. E se eu não conhecia ele, eu provavelmente procurei via algum contato ou no LinkedIn. Enfim, as mÃdias sociais fazem com que as pessoas fiquem mais, de certa forma, próximas, acessÃveis, mas, ao mesmo tempo, têm muito menos tempo para essa interação. Então, essa nova linguagem que está sendo criada também tem que ser trabalhado. O empreendedor tem que saber, eu, por exemplo, antigamente a gente marcava muita reunião. Vamos se encontrar, reunião, tomar café, presencial. Fica cada vez mais difÃcil. Você conhece pessoas de outras regiões, outros paÃses, eventualmente. Então, você começa a usar muito mais outras ferramentas, como, por exemplo, há, vamos usar Skype, vamos usar Hangout. Só que agora, na verdade, já é uma realidade, isso é muito recente, eu consigo falar com as pessoas, com as quais eu interajo, hoje realmente por instant message, por ferramentas como o Whatsapp, que dão retorno imediato, mas muito pouco profundo. Só que é processo de interação, daà você pode ligar, daà você pode, eventualmente, trocar e-mail, daà você pode, eventualmente, marcar encontro, ou talvez vai ser encontrar algum evento. Saber lidar com essa complexidade hoje, ninguém mais está acostumado a fazer só uma coisa. Então, tem gente que ainda manda e-mail e espera que a pessoa responda. E algumas pessoas já não conseguem responder e-mail, porque vem muito e-mail, ou já abandonaram o uso do e-mail. Tem pessoas que usam uma linguagem, ou culturas diferentes, que você não está eventualmente habituado, mas pelo contato ser cada vez mais frequente, é necessário que você entenda ou desenvolva a habilidade de você não se assustar com certos termos, certos conceitos, certos comportamentos, certas atitudes e seja bastante flexÃvel relação a como interagir.