O empreendedor, ele tem que focar em relacionamentos de confiança.
Então, o primeiro relacionamento de confiança que ele tem que obter são os
próprios sócios.
E os sócios não são só os sócios, mas inclusive a família dos sócios.
Então, essas pessoas, é o primeiro cluster de apoio para viabilizar a empresa,
a start up ou qualquer negócio, qualquer empreitada que seja.
Mas não é só os sócios.
Aí depois vem os funcionários, os clientes,
parceiros, terceiros como contadores,
advogados e principalmente outros empreendedores.
Então, quando o empreendedor, ele consegue se inserir
numa rede que seja baseada na confiança,
as resoluções, as indicações,
essa transferência de credibilidade é muito importante e
acelera o crescimento da start up, por exemplo, para conseguir clientes.
Quando pessoas de confiança, de credibilidade, recomendam serviço ou
produto, isso tem efeito muito maior de compra do que, por exemplo,
push num comercial ou AdWord num site qualquer.
Então, é muito importante isso para o crescimento da empresa e também
para o aprendizado do empreendedor.
Porquê?
Porque somente com pessoas que se confia é possível se abrir...
às...
não vou dizer defeitos, mas às possibilidades de melhoria.
Pontos que precisam ser desenvolvidos no empreendedor para ele se tornar cada
vez mais capaz e se adaptar às novas fases da empresa.
Porquê?
Iniciar uma empresa necessita de conjunto de competências.
Desenvolver essa empresa até alguns milhões de faturamento,
ou alguns milhões de usuários precisa de outro tipo de competência.
E fazer com que essa empresa continue crescendo é terceiro tipo de competência.
Então, é muito importante que se consiga esse conjunto de apoio de confiança
através das interações, interações fortes, sustentáveis,
ganha/ganha para todos os lados para que, o negócio, ele se fortaleça com isso.
Interagir com o ecossistema ou com as redes de conhecimento é necessário, é mais
do que isso, isso pode ser diferencial competitivo, ou a desvantagem competitiva.
Para mim, eu vou muito no Vale do Silício,
nós temos escritório lá, fundador da Movile está no Vale do Silício,
e é incrível ver como o ecossistema contribui para o sucesso das empresas lá.
Porquê?
Porque você tem 2000 pequenas empresas ou start ups com várias ideias,
em qualquer lugar que você vai tem pessoas com projetos.
Se alguém acha que eles só acertam, não!
Dessas 2000, 1900 vão quebrar.
Mas, o mais importante, a troca de conhecimento é tão rápido,
você vai num evento e alguém está apontando qual é a aposta nova.
Você conhece alguém que fundou uma empresa que tem sócio que era o fundador de uma
das maiores empresas do mundo.
Você contrata pessoas que passaram pelo Google, Apple,
Facebook, que contam histórias de como criar grandes produtos.
Então, essa relação entre universidades, Stanford lá no meio,
venture capitalists e as pessoas que investem nas empresas,
fundadores trocando informação entre si, acelera muito as empresas.
Então, para os empreendedores daqui,
não disperdicem a informação que existe nos seus pares empreendedores.
É superimportante...
Uma coisa que eu faço muito, eu lembro que o pessoal da Ambev, Jorge Paulo Lemann,
pessoal do 3G fala muito, procure o melhor, vai lá aprender com ele.
Manda e-mail e diz: Olá, gostaria de saber como funciona essa área da sua empresa.
Metade talvez não te receba, metade vai te receber, e o valor de você
ir conversar com alguém que já fez e aprender com ele significa pular dois,
três meses do seu processo de desenvolvimento da sua empresa.
E esse é o segredo, andar mais rápido.
Então, desenvolver relação com o ecossistema,
ter bons investidores ou sócios, que sejam...
te ajudem a crescer, ter contato com o que eu chamo de role models,
modelos de referência.
O Silicon Valley é superimportante,
porque você tem o Mark Zuckerberg andando pela faculdade e o pessoal da Apple está
passando por ali também e os fundadores do Google estão passando por ali.
E o Bill Gates vai lá com frequência.
É muito legal para o empreendedor estar vendo outros modelos de referência e vendo
que eles são pessoas normais como você, que passaram por monte de problemas e que
mesmo assim conseguiram, e com isso, isso para mim sempre foi uma motivação
especial, conhecer as pessoas que eu sempre julguei meus ídolos de negócio,
e ver que eles são muito bons, mas tiveram monte de problemas e estão crescendo
a cada dia, e estão abertos a aprender o tempo inteiro,
para me motivar a dizer: dá para fazer também e eu vou chegar lá também.
Então, estar conectado com esse ecossistema é superimportante.
Uma curiosidade...
Às vezes eu conheço empreendedor que fala: "Eu estou fazendo supernegócio, e
é incrível, vai mudar o mundo." E eu falo: "Legal, e o que é?" E ele fala: "Não posso
te contar, porque é segredo." Normalmente eu rio e vou embora, porque se alguém tem
uma ideia que é tão secreta que você não pode nem falar que alguém vai te copiar,
provavelmente é imaturidade da pessoa que não entendeu que,
para criar grande negócio, ele precisa de ter monte de gente boa contribuindo,
ele precisa contar aquela ideia pra monte de gente,
e aprender de monte de gente e amadurecer a ideia ao longo do caminho.
Então, eu tive fazendo algo durante ano e eu vou ficar trabalhando na minha sala,
que é segredo, eu não conto para ninguém...
Eu faria o contrário, eu colocaria uma página na web sobre isso,
iria num evento e faria uma palestra sobre isso, e perguntaria o que todo mundo acha
sobre isso, e o que os melhores do mundo acham sobre isso,
o que está se fazendo no Vale do Silício, ou na China, ou na Europa sobre isso,
o que os meus role models estão fazendo sobre isso, e com esse feedback inteiro,
começaria a evoluir rápido.
Então, acho que estar conectado com o ecossistema é fundamental.
Acho que o ecossistema no Brasil é mais frágil que no Vale do Silício, óbvio.
Por outro lado, mesmo nos Estados Unidos todos os
ecossistemas são mais frágeis que no Vale do Silício.
Então, na verdade, o Vale do Silício é que é exceção, não é que o resto...
que o Brasil, que São Paulo é pior.
É pior, mas o Vale do Silício é uma exceção.
O que vocês têm que fazer, eu acredito, é: 1- usar o ecossistema possível,
se encontrar com as pessoas, participar de eventos; 2- visitar os melhores lugares
do mundo, porque estar perto dos melhores sempre ajuda você a aumentar a sua barra.
3- De novo falando sobre isso, não desperdiçar a Internet.
Tem muitas redes de conhecimento de empreendedorismo na Internet.
Se você não está usando isso, você está desperdiçando ativo que é importante...
Para ter sucesso nessa etape você não pode se dar ao luxo de desperdiçar ativos
importantes.
Acho que o dia a dia de empreendedor, ele é pautado pela ambição
de gerar interações positivas o tempo todo.
Na verdade, ele precisa maximizar o número de interações que conduzem o seu entorno,
que significa, o seu cliente, o seu time, os seus sponsors,
a abraçarem uma visão de empreendimento, uma visão de futuro.
E ele precisa tirar proveito dessas interações, não só para o aprendizado,
mas também para o exercício da liderança.
É através de conjunto intenso de interações, de troca,
de momentos onde coletivamente ou individualmente o empreendedor está
expondo as suas ideias, ou sua visão, que ele vai exercitar e criar,
na verdade, a sua estratégia ou a sua forma de liderar.
Acho que a formação própria, de acordo com seus valores,
com aquilo que você acredite, de estilo de liderança,
ela é resultado de conjunto grande de interações.
Por isso que eu acho também que ninguém nasce empreendedor.
Se tornar empreendedor é uma construção contínua de se expor...
Nada te expõe mais profissionalmente do que se apresentar como empreendedor.
Para quem escuta isso do outro lado é: chegou alguém que se diz dono de uma visão
ou capaz de fazer alguma coisa acontecer, ou capaz de movimentar a realidade futura.
Então, o primeiro passo para você se formar empreendedor é
se acostumar com o dia a dia onde você constrói o
maior número possível de interações significativas, não só para você,
mas também para as pessoas com as quais você está interagindo.
E aí para o seu time, para os seus funcionários, para os seus sócios,
para os seus investidores, para os seus clientes,
para a comunidade, para o ecossistema no qual você tá envolvido.
Eu acho que empreender também é uma guerra por interações positivas.
Na perspectiva não individual,
mas de conjunto de ambiente de empreendedorismo,
não existe empreendedor sem ecossistema empreendedor.
Então, todo o empreendedor tem a sua missão individual,
a sua visão de empreendimento próprio, mas uma parte às vezes não tão visível, ele,
querendo ou não, ele está trabalhando para a criação de ecossistema empreendedor.
E o ecossistema vai depender de aprendizado coletivo,
de uma parte importante, geográfica e
setorial, do aprendizado de como interagir.
Como é que você interage com concorrente, como é que você interage com uma pessoa
que quer fazer empreendimento muito parecido com o seu,
como é que você interage com uma comunidade de investidores que está
tentando entender o potencial daquele ecossistema.
Como é que você interage com a universidade que está próxima do
ecossistema e está tentando se movimentar ou suportar ou fomentar esse ecossistema.
Acho que essa também é uma outra forma de entender a criação de ecossistema.
Ecossistema se constrói no aprendizado coletivo de como interagir.
A interação também é parte, eu acho,
da construção mais fundamental do que é a criação de novos empreendimentos.
Acho que a formação desse ambiente voltado para interações positivas,
ele passa por uma cultura de liderança, por humildade.
Eu digo sempre que o líder ideal, ele busca montar times,
montar equipes que são melhores do que ele, num processo de humildade,
de aceitar e desenvolver o outro de maneira plena e colaborativa.
Acho que a criação da cultura de humildade e de troca é parte
fundamental da criação desse ambiente explosivo em colaboração,
em construção conjunta de soluções e de sonhos.
Eu acho que a interação, seja com seus clientes,
com seus parceiros de negócios ou com seus funcionários,
ela é fundamental para você se desenvolver.
No nosso caso, nós valorizamos muito
até a velocidade que você consegue realizar isso.
Então, por exemplo, quando nós desenvolvemos produto é fundamental
que nós envolvamos os nossos usuários, os nossos clientes desde o começo.
Não espero o produto estar pronto, lançado no mercado para
ouvir a opinião dos usuários, para ter o feedback desses usuários.
A interação com os nossos usuários é importante em
todo o ciclo de desenvolvimento dos nossos produtos.
E a mesma coisa na parte de negócios.
Muitas vezes você está num evento,
você está numa feira e você tem a oportunidade de conversar com uma
pessoa que às vezes você não dá nada para aquele contato, mas aquele
contato pode abrir uma porta que pode dar novo horizonte para o seu negócio.
Então, nunca se feche.
Se eu pudesse dar conselho para vocês, nunca se fechem,
sempre estejam abertos a aprender e também interagir,
conversar e pedir a opinião
das outras pessoas.