Inovação é indissociável Movile de inovação. Eu acredito... Nós crescemos mais de 100 vezes o nosso faturamento nos últimos 5 anos, e eu posso te dizer que elemento absolutamente indissociável desse crescimento é inovar, investir muito em inovação, ter a cabeça aberto muito para a inovação. Isso parece pouco de senso comum, todo o mundo fala que inovar é importante, mas tentando entrar pouco no que foge pouco do senso comum, inovar, para mim, significa: primeiro, apostar nas pessoas e no empreendedorismo das pessoas. Eu não inovo centralmente, não é o Fabricio da Movile que tem uma ideia e todo o mundo faz. Eu preciso ter muita gente muito boa... Aliás, inovação tem que significar ter uma equipe, ter time muito bom, e ter decisões tomadas de forma distribuída. Então, eu não posso centralizar, tenho de deixar a empresa dar ideias, a empresa pensar, as pessoas surgirem com ideias novas. Tão importante ou mais que isso é a palavra risco. Inovar significa estar aberto para errar, para dar errado e para perder. Isso faz parte da brincadeira. Eu vejo todo o mundo falando que acredita que a inovação é importante, mas tem uma resistência a risco e a errar muito grande. A gente não tem como acertar num processo de inovação se a gente não errar várias vezes antes. iii isso aconteça, sorte. Inovar significa tentar coisas que a gente não sabe qual é o caminho, significa assumir riscos. Por definição, a cada 2, 3 coisas que eu fizer, a cada 2, talvez 1 vai estar errada, a cada 5, talvez 4... Mas eu tenho que ter a cabeça aberta para tomar risco, testar coisas novas e aprender. Para mim, inovação tem tudo a ver com aprender. Inovação significa vamos testar ideias novas, com certeza, vamos testar ideias novas rápido. Inovação na Movile... A gente trabalha num modelo muito alinhado com o iii start up. Tive uma ideia, vamos para a prática, não adianta ficar seis meses pensando, planejando e escrevendo. Quando você tem uma ideia, você tem que primeiro estudar o benchmark do mundo do que existe dessa ideia, mas isso são 2, 3, 4, 5 dias, implementar ela, muito rápido, e descobrir que deu errado. Aprender nos 2, 3, 4 dias seguintes e interar de novo. E errar de novo e iterar de novo e errar de novo. A Movile cresceu muito, e às vezes eu dou uma palestra que tem gráfico de crescimento da Movile bem agressivo, e as pessoas perguntam como você teve aquela ideia, como você sabia o que ia dar certo. E a resposta é: eu não tenho nem ideia do que vai dar certo, nem eu sabia daqui para trás, no passado, nem pouco o que ia dar certo. Eu costumo dizer, aliás, que eu cometi mais erros do que a Movile inteira junto. Perdi mais dinheiro do que todo o mundo da Movile junto. O ponto nosso é nós temos várias ideias novas, qual vai dar certo eu não sei. A gente testa várias delas muito rápido. Aí tem gente muito boa que aprende rápido e faz de novo rápido. E depois de errar 20 vezes, a gente acerta. Só que como a gente está pensando grande, está numa direção de criar algo interessante, com gente boa, tomando risco e testando coisas novas, aprendendo com o mundo, e você acerta, você de facto criou conhecimento que ninguém tem e que pode ser uma vantagem competitiva da sua empresa. Então, quando você está desenvolvendo negócio novo, de facto consegue dados que respaldam, aqui aqueles dados têm muito valor, têm mais valor do que a ideia no início. Aliás, me perguntam se inovação é só ter uma ideia. Uma ideia é 5%. Depois que a gente tem a ideia, a gente testa, erra, testa, erra, testa, erra, testa, pega dados, analisa e pensa de novo, repensa a estrutura, testa, erra, testa, erra... Opa! Descobrimos que, desse jeito, eu crio valor para esse tipo de clientes, nesse preço, nesse formato, nesse canal de distribuição. É isso que vale muito. Então, investir muito em inovação é o caminho para crescer. Se eu pudesse dar dicas para empreendedores brasileiros, tomem risco, mas pensando muito grande, andando muito rápido e sabendo que quando vocês tiverem errado muito, tudo deu errado nos últimos 5 meses. Eu errei mais do que vocês, então... tá normal. A grande questão é: vocês aprenderam a cada semana desses 5 meses, vocês têm 30 histórias para contar caminhos que dão certo e dão errado, e novas teses de como fazer com base nesse conhecimento dar certo? Se sim, foram 5 meses de investimento incríveis. Usando todo este aprendizado, continuem investindo em inovação, porque esse é o caminho para gerar grande riqueza e crescimento. Complementando sobre inovação, errar é o normal. De jeito nenhum eu, porque sou o fundador da empresa, erro menos do que os outros. Errar é o normal. O importante é aprender. E às vezes alguém pergunta: e se alguém aqui na Movile... como é que ele faz para provar investimento de x mil reais, para testar uma coisa nova? Na minha opinião, se for 5 mil reais, não precisa nem provar com ninguém, tem que ir lá e fazer. Mas, ao final, ele tem que dizer: "Eu aprendi que desse jeito funciona ou desse jeito não funciona." É isso que a gente está "comprando". Nesse sentido, quem erra e aprende, e faz de novo melhor e rápido é quem cresce rápido, que é fundamental para mim e a minha organização funcionar. Quem erra e não aprende 3, 4 vezes, provavelmente não deveria trabalhar na Movile. Porque o mais importante daqui não é não errar, é aprender, corrigir rápido e ir para a frente. Eu trabalho com inovação há 16 anos. Eu fundei, lá em 2002, o Instituto de Inovação. Fiquei 10 anos lá. Era uma empresa que respirava, tinha isso no nome. E parece simples, a palavra, mas acho que ela ganhou também monte de conotações, talvez foi pouco banalizada nos últimos anos, mas acho que pensar em inovação e pensar em inovação junto com empreendedorismo é fundamental. Porque empreendedorismo sem inovação não tem impacto. Você faz mais do mesmo, OK, você está no oceano vermelho, está competindo com quem também está fazendo mais do mesmo, então, a capacidade que olhar de inovação pode trazer para o empreendimento é enorme, porque é aí que a gente gera valor, através da inovação. E a gente pensar, por outro lado, também, se eu sou... se eu estou criando inovação, por exemplo na academia, estou desenvolvendo pesquisa, eu diria que ainda é uma invenção, porque inovação vai virar inovação, mesmo, quando ela está aplicada. E a aplicação da inovação só acontece com o empreendedorismo. É preciso levar essa inovação para o mercado, o que significa fazer monte de coisas, entender como ela pode ser aplicada, quem são os clientes, quais são os canais, quais são os caminhos... Enfim, usar todas as competências empreendedoras para lidar com os obstáculos e as adversidades desse caminho, e fazer essa inovação de facto chegar aonde ela pode gerar valor. Bom, o empreendedor, ele tem que ser inovador. Dificilmente ele vai ter sucesso se não trouxer nada novo, se não trouxer algum novo valor, se não agregar algo. Ainda que a gente esteja falando de negócios tradicionais, eu gosto de falar de uma padaria, que já existe desde sempre. Ela não vai ter sucesso se não tiver alguma proposta inovadora que distinga, que diferencie, que faça o cliente querer ir naquela padaria especificamente, e não na outra. Às vezes ele está disposto até a pagar mais ou a ir mais longe. Quando a gente fala de empreendedorismo inovador, quer dizer, onde a existência da empresa é pautada em uma inovação, o saber como lidar com a inovação, que não é processo simples, não é processo linear, mas a entrega da inovação tem que ser simples, tem que ser clara. E aí é dos paradoxos para o empreendedor. Como é que ele trabalha a capacidade de identificar, e isso pode ser mais ou menos complexo para ele, dependendo do tipo de negócio, mas como é que ele trabalha a entrega para aquele que vai ser o seu usuário, o sei cliente, da proposta de valor. Da inovação. E saber vender isso é eventualmente tão importante como saber desenvolver isso. Então, quando a gente fala de inovação para empreendedor, eu gosto de falar que existem esses dois eixos, a descoberta, o saber que aquela solução vai realmente resolver problema, mas do outro lado, conseguir vender a ideia ou comunicar a ideia desse valor. O empreendedor, quando ele está começando o seu negócio, muitas vezes ele está propondo uma inovação, mas ele é muito baseado naquela única ideia ou naquele único produto que ele viu como inovador. É muito comum empreendimento estar baseado na ideia de ofertar algo que ele inventou. mas negócio não vive somente de produto ou de uma ideia. Ele vive de modelo de negócio, e o modelo de negócio tem que ser capaz de se manter inovador. Então, do negócio mais simples... Eu tenho uma padaria, vou vender Vender pão, não é? Mas o modelo de negócio da padaria não é puramente vender o pão. Ele está inserido eventualmente numa comunidade, ele faz parte da dinâmica logística das pessoas. Então, a proposta de valor inovadora mesmo de negócio tradicional e simples tem que estar se adaptando, por exemplo, a mudanças que possam ocorrer naquele bairro. Aquele bairro foi criado numa época, as crianças cresceram, hoje tem mais cachorros, enfim, dinâmicas que mudam mesmo que o teu produto continue sendo exemplo que a gente está tratando. O pão, não é, que hoje uma padaria vai muito além do pão, e a gente vê isso, então, imagina quando fala de uma empresa de tecnologia que está propondo algo que eventualmente crie novo mercado. Então vai ter que criar mecanismos ou formas de trabalhar uma nova base de usuários ou clientes que não estão acostumados a comprar aquele produto, que vai ter que deixar de fazer algo do jeito que se fazia tradicionalmente para adotar a sua inovação. Então, não pode ser pautada unicamente na invenção, mas em como que você se mantém relevante para a solução daquele desafio, à partida uma entrega dentro de modelo negócio. Então, uma outra, outro aspeto importante é que eventualmente os empreendedores, por serem em geral pequenas empresas, algumas com potencial, sim, de alto crescimento, mas enquanto pequenas empresas, elas eventualmente não conseguem trilhar todo o processo de inovação que muitas vezes envolve recursos ou infraestrutura que a pequena empresa não detém. Então, saber como se inserir em processos de inovação, que na maior parte são liderados por grandes empresas, é também uma habilidade fundamental. Então você considera eu como empreendedor, eu posso participar do processo de inovação de uma grande empresa, quer dizer, são inúmeros os casos. A gente consegue, mesmo pequeno mas tendo eventualmente alguma proposta de valor que a gente não consegue entregar sozinho, no mercado, a gente pode contar eventualmente com parceiros, e esses parceiros podem ser inclusive grandes empresas. Isso ocorre entre grandes empresas, mas começa a ocorrer com mais frequência também entre pequenas empresas ou start ups e grandes empresas. E exemplo muito famoso é o do próprio iPod, que fez esse novo ciclo de crescimento da Apple, foi a base. Hoje a Apple é a maior empresa do mundo e a ideia que originou esse projeto, essa trajetória e as tecnologias de base foram entregues à Apple, a gente pode dizer, por uma pequena empresa, por empreendedor. É porque a gente se inspira às vezes num empreendedor que parece que ele fez, trilhou toda a trajetória, mas eventualmente ele teve apoio ou envolvimento de muitas outras empresas e até outros empreendedores para fazer a trajetória. Então, ou outro realmente consegue sair desde o início, daquela ideia e ser reconhecido como o empreendedor que chegou até, vamos dizer o iii, abriu capital na bolsa de valores. Mas nessa trajetória o mais comum é que esse empreendedor vá-se incorporando a movimentos de inovação. E a inovação dele faça parte de processo maior, mas não necessariamente a figura do empreendedor é a que faz toda a trajetória, como esses exemplos em geral americanos. Zuckerberg, Bill Gates, Steve Jobs, que não é o mais comum. Quem é o que trouxe para nós por exemplo o e-commerce? Ou quem trouxe para nós a share economy? Ou quem trouxe para nós, sei lá, iii tecnologia e todas as invenções decorrentes. Ou então são movimentos, são comunidades, são muitas pessoas. Mas em alguns casos você tem lá aquele empreendedor que é reconhecido por ter sido o inventor empreendedor, não é? E não é, se você olhar mais a fundo, muitas vezes não é nem bem assim a história.