Acho que a questão da gestão de novos empreendimentos, ela na minha visão ela é caraterizada por 2 grandes aspectos: o primeiro é a disciplina, do empreendedor e do time que está liderando aquele empreendimento, em tratar dos assuntos diários de maneira absolutamente disciplinada e focada nos objetivos acordados. O segundo aspecto da gestão é o processo de liderança. A empresa, para crescer, ela precisa ter capacidade de constantemente formar novos gestores, formar novos líderes. Então, o trabalho diário de gestão, ele se divide entre trabalho de disciplina, de acompanhamento, de melhoria de processos, de criação de valor e eliminação de desperdícios, e trabalho de formação de time, de formação de carreiras, de pessoas que sejam capazes de reproduzir essas duas capacidades em escala, ou seja, você precisa de líderes que formam líderes que formam líderes, e de gestores que formam gestores que formam gestores. Eu brinco pouco com a palavra liderança e chefia, porque eu acho que esses são dois aspectos indissociáveis do dia-a-dia de líder ou de gestor. E eu acho que quanto mais habilidades de liderança estiverem desenvolvidas, menos habilidades de chefia ou de gestão específica ou de microgestão vão ser necessárias. A empresa, ela ganha mobilidade e velocidade, se o processo de organização e melhoria do processo, ele é baseado em liderança e não em chefia. Eu diria que ela ganha em ambiente também porque a melhor coisa do mundo é ser líder e a pior coisa do mundo é ser chefe. E o processo de aprendizado, de você ter mais dias de líder do que de chefe, eu acho que ele é parte da construção da pessoa do empreendedor e do, todo o corpo de gestores de empreendimento que cresce. Então na raiz, na minha visão a principal barreira das empresas, principalmente no setor de tecnologia, é como escalar processo de líder, de gestão baseado em liderança e não baseado em controles, em comando e controle. Acho que destravar esse enigma de quando o empreendedor já não está mais próximo dos processos críticos do dia-a-dia da empresa e você conseguiu formar uma geração de gestores que vão formar uma geração de gestores ou uma geração de líderes que forma a próxima geração, isso está, na minha visão, no âmago de empreendimento realmente escalável. Acho que exemplo concreto desse gargalo é, por exemplo, o processo de venda. Em geral, uma empresa, ela adquire determinado porte pela habilidade e pela capacidade de venda do empreendedor, mas a partir de determinado momento, a capacidade desse empreendedor formar time de vendas ela é o principal desafio da escala, Então é muito comum no setor de tecnologia, empresas cujo volume de negócios é basicamente proporcional ao tempo que o empreendedor gasta em venda, significa que não gastou o tempo para criar os processos e para formar uma liderança em vendas capaz de escalar conhecimento ou uma habilidade inata que viabilizou o empreendimento. Então, é nesse momento que o empreendedor se afasta do dia-a-dia do processo para ser construtor de conhecimento, de processos e formador de pessoas que vão executar aquilo numa escala muito maior do que ele sozinho poderia fazer. O empreendedor, ele muitas vezes, pode ter tido alguma outra experiência, ele pode ter sido o gestor de uma empresa maior, ele pode ter trabalhado, eventualmente, numa instituição maior ou num órgão público, ou ter sido professor na liberal, quando ele vai empreender, as referências em gestão para aquele estágio da sua empresa, daquele momento do seu empreendimento, eventualmente não são as mesmas referências que ele tinha como profissional. Então a grande dificuldade do empreendedor em termos de gestão é saber quais são as ferramentas adequadas para aquele estágio de maturidade, para aquele tipo de modelo de negócio, da sua empresa. Erro muito comum é você tentar, por uma experiência pessoal trazer uma mentalidade de gestão, eventualmente, de empresas de outro estágio, de outro setor. Então procurar conhecer quais são as melhores práticas para aquele estágio de maturidade do negócio, para aquele tipo de negócio, para aquele setor, é papel, é atribuição do empreendedor. Ele tem que saber onde procurar essa informação e implementar as melhores práticas. Não necessariamente a melhor prática, por exemplo, do controle financeiro, que é adotado em multinacionais, vai ser a melhor para a sua empresa naquele estágio de maturidade. Ele tem que saber que não é o quanto mais complexo o processo gerencial, melhor. Bom, o empreendedor em geral sabe disso. A tendência dele acaba indo para outro lado. É achar que não precisa de controle nenhum ou não precisa de preocupação nenhuma com a gestão porque o importante é ter cliente, o importante é fazer receita, o importante é ter lucro. Sim, talvez o mais importante sejam essas questões que impactam mais diretamente o desenvolvimento do negócio, mas o negócio não cresce e não consegue, diz assim, se apropriar do sucesso porque, por exemplo, teve muitas vendas, mas também teve muito custo, não tem lucro porque geriu mal a sua estrutura de custo, porque não se preocupou, sendo que deveria ter sido, se ele seguisse as boas práticas de gestão, uma preocupação de partida. Então a gente coloca, a dificuldade é estar equilibrado, usar a melhor prática para o seu estágio, para o seu setor, para o seu tipo de negócio.