[ÁUDIO_EM_BRANCO] Quando eu penso crescimento, a gente precisa pensar "Crescer para quê?", "Crescer por quê?". Se eu tenho empreendimento, esse empreendimento tem propósito, tem objetivo. Geral, o empreendedor é muito movido por isso, por esse impacto, por esse propósito, por esse objetivo. Geral, até mais do que dinheiro. As pesquisas mostram isso, o que move o empreendedor é essa capacidade que o empreendedorismo tem de que eu como empreendedor possa gerar impacto na sociedade, possa gerar impacto para o mundo, seja oferecendo produto ou serviço que torna melhor a vida das pessoas, que dá mais eficiência para processo, que gera uma solução bacana. E se esse impacto é positivo, que cresça, porque, afinal, só através do crescimento ele vai, de fato, ser impactante, vai de fato chegar até número maior de usuários, de pessoas que vão poder receber, usufruir dos benefícios que esse produto, que esse serviço, que esse empreendimento está gerando. Eu gosto de pensar, também, no dinheiro, nesse sentido, como meio e não como fim. Então, você não tem empreendimento para ganhar dinheiro, você gera dinheiro para poder crescer e aumentar o impacto desse empreendimento e, claro, remunerar todos os parceiros, enfim, a gente está falando de gerar valor, que é muito mais do que gerar dinheiro e ter projeto que pode crescer é importante para isso. Qualquer tipo de projeto, até se a gente pegar empreendimento social, uma ONG, que tem, talvez, propósito super nobre de melhorar o mundo e tudo mais, se você não pensa no design disso como negócio que seja sustentável e que possa crescer, você vai estar sempre a mercê de ter terceiro que financie o trabalho, enfim, e ele fica frágil, fica fragilizado nesse sentido e o próprio crescimento dele também vai ficar muito comprometido, porque eu só posso crescer se eu tiver filantropo ou doador que aumente o tamanho do cheque para eu conseguir aumentar o impacto desse trabalho, então, se eu olho para esse trabalho de uma perspectiva empreendedora, como negócio social, por exemplo, eu vou buscar modelo de negócio que seja sustentável, que gere receita e que gere lucro, de preferência, porque com esse lucro eu consigo crescer e impactar mais gente e fazer com que esse trabalho chegue a número maior de pessoas, gerando benefício maior para a sociedade. Então, a visão do crescimento ela tem que estar a serviço do propósito desse empreendimento. Para crescer, precisa de dinheiro, precisa de capital. Então, se você tem negócio que pode crescer, você tem dois caminhos, o caminho do crescimento orgânico, que é crescer com as próprias pernas, que gera receita, gera lucro, esse lucro é reinvestido e você cresce e vai crescer numa velocidade, ou o crescimento através de investimento de capital de terceiros, de uma terceira fonte. E as empresas, principalmente as mais inovadoras, as que têm potencial de crescimento, têm buscado muito essa fonte, porque elas crescem mais rápido e também tem uma questão perversa, o concorrente está buscando investimento e ele pode, com esse investimento, crescer muito mais rápido do que você e te atropelar. Então, essa busca pelo recurso, também, ela passou a ser importante, até uma corrida alguns mercados mais competitivos. Hoje, para ter acesso a recursos, existem alguns caminhos, desde os caminhos mais tradicionais, de créditos, banco, e, mesmo esses caminhos, têm evoluído no Brasil, você tem agências de fomento, programas como o próprio Startup Brasil, que eu gerenciei, o programa de fomento das agências de pesquisa, que financiam empreendimentos inovadores, você tem os investimentos de capital de risco, através dos investidores anjo, de aceleradoras de empresa e até de fundos de investimento de capital de risco cresceram muito no Brasil, o que é positivo, mas ainda está muito aquém da nossa potencialidade e até da necessidade do contingente de empreendedores que a gente tem e modelos mais novos, se a gente pensar Crowdfunding, que era termo que quase não se falava há pouco tempo atrás e que hoje já é uma realidade, isso representa ou pode representar até uma revolução na forma de financiar negócios, onde tanto do ponto de vista do investidor, qualquer de nós, qualquer de vocês que está assistindo pode se tornar investidor, ele investindo via internet uma quantia pequena de dinheiro num negócio inovador. Então, isso aumenta demais o volume de dinheiro disponível e a capacidade de levantar recursos do empreendedor e, ao mesmo tempo, cria alternativas super interessantes para quem está buscando o negócio. Traz outros desafios também, né? Desafio de governança. Como é que eu vou fazer aqui para lidar, antes eu tinha dois investidores, dois, três sócios aqui, agora eu tenho mil pessoas que são minhas sócias ou que investiram no meu projeto. Como eu me relaciono com elas? Então, é você trazer a problemática de relação com investidores das grandes empresas de capital aberto, às vezes, para uma startup. Isso é desafio e o próprio desafio de vender o teu negócio, vender a tua ideia, para esse investidor e, se a gente está falando de pessoas, talvez de pessoas comuns que possam ser investidoras, as razões para esse investimento também. Pode ser o impacto social que esse projeto pode gerar, o fato de ser projeto super inovador, uma inovação muito bacana, que as pessoas gostem e querem porque é produto que, de repente, melhora a vida delas e elas estão a fim de investir ou de financiar isso, então a forma de comunicar e de pensar esses negócios também precisa ser modificada para se adequar a essa necessidade ou essa nova realidade de investimento que também pode transformar muito do que a gente vê. Tem uns desafios legais, hoje se a gente olhar as regras para investimentos públicos, que são controlados pela CVM, tem lá os mercados abertos, elas são ainda muito pouco amigáveis para o pequeno investidor ou para o Crowdfunding e precisam evoluir para abraçar esse novo modelo de investimento, que tem muito potencial. Temos esse mote hoje, que sonhar grande tem o mesmo custo de sonhar pequeno e é verdade, desde o começo, desde da minha infância, minha adolescência, eu sempre trabalhei para ter grande impacto, queria ser grande pesquisador, aí entrei na UNICAMP e descobri que eu não era tão competente para ser grande pesquisador. Logo depois da faculdade eu descobri que potencial para ter grande impacto seria ser empreendedor e, no fim, empresário, mas essa gana, essa vontade, de conseguir fazer algo relevante, não passar minha vida a passeio sempre norteou as minhas decisões, então, o desenvolvimento da I.Systems, o conceito da I.Systems, desde a primeira ideia, foi o quanto essa empresa consegue escalar, quantas pessoas a gente consegue beneficiar, o quanto a gente consegue gerar de valor, não só agora, mas daqui a 100 anos. Esse é o desafio que eu me impus na criação da minha empresa. Então, o desafio é, uma empresa que gera valor, muito valor, para poucas pessoas ou empresas ou pequeno valor para milhões, bilhões de pessoas, são empresas que, naturalmente, elas vão crescer se as outras competências forem sanadas, mas eu acredito que o começo de tudo é o tamanho do sonho, é o tamanho do impacto. Por quê? Porque se a sua empresa desde o berço for limitada, dificilmente ela vai conseguir superar a limitação que o próprio empreendedor colocou para sua empresa, então, se desafie, acredite que você é capaz. Eu ouvi milhares de nãos, de todas as formas possíveis, até dos meus sócios, às vezes nem eles acreditavam que a empresa ia dar certo, porque desenvolver uma tecnologia no Brasil, que é melhor do que muitos nacionais como Siemens, Emerson, ABB, é quase sonho, e foi isso que a gente conseguiu fazer, tanto que, agora, a gente está com pedido de patente, no Brasil, nos EUA e na Europa, para garantir que a nossa tecnologia vai ser defendida, vai ser propriedade da I.Systems nos próximos 20 anos. Então, é muito importante sonhar grande e trabalhar para isso. Eu acredito que todo mundo que está fazendo esse curso tem capacidade de ter impacto global, mas precisa se dedicar, acreditar, conseguir o apoio necessário para chegar nesse nível. Eu vejo o crescimento, muitas vezes, não é uma opção para o empreendedor. Muitas vezes o negócio dele exige que ele cresça para que ele se mantenha, mas o empreendedor, muitos podem podem sim ser motivados pelo sucesso financeiro. É claro que é grande motivador para empreender, mas eu vejo, na verdade, no empreendedor geral uma preocupação maior pelo impacto da sua atividade. Ele quer ver a contribuição que ele consegue gerar com o seu empreendimento, só que tem que ter saúde financeira, tem que ter condições para que aquilo ocorra e aí as boas práticas de gestão pregam ou vão levá-lo a buscar se estruturar para crescer. Faz parte da lógica. A competência que o empreendedor deve desenvolver é saber se adaptar a esses estágios de crescimento, saber reconhecer as dificuldades, os novos desafios que uma nova etapa de crescimento traz para a empresa, alguns momentos saber quando acelerar, quando é o momento de pisar no acelerador. Quando é o momento de andar numa velocidade pouquinho mais baixa, mas a preocupação central do empreendedor é olhar para o impacto que ele está causando na sua base de clientes, não só na entrega mas também no meio como é entregue aquele produto, né. Então muitas vezes os próprios funcionários, as pessoas todas envolvidas naquele negócio e a medida que o negócio é bem sucedido e cresce, essas responsabilidades também crescem, então as decisões passam também a ser pautadas evidências, pautadas uma responsabilidade que o empreendedor tem com o seu negócio e portanto foco que ele deve dá para a gestão. E retomando pouquinho a competência de gestão adaptando os métodos e processos para etapa, a fase que ele se encontra. Alguns negócios, se você não segue uma trajetória de crescimento num determinado ritmo ele não prospera. Então, eu vou dar exemplo, na área de consultoria eu tive como mentor sócio, partner de uma grande consultoria, a gente tinha uma prática de consultoria, ele dizia para mim, olha Bruno se você não fizer investimento para sair do número X de consultores para o número 10X você morre. Você não suporta ficar entre o X e 10X, não existem empresas viáveis com essa dimensão. Porquê? Por que as práticas gerenciais, os modelos de contrato, a forma como é estruturado o mercado não permite esse porte de empresa. Então tinha uma decisão complexa nossa de sair desse tamanho, buscar investidores, buscar parceiros, buscar consolidações com outras empresas para chegar no 10X ou não, fica no X mas aí você melhora o teu produto, você melhora a qualidade da tua entrega, então você pode crescer pouquinho mais preço sofisticando pouco o que você vai entregar, mas não buscar dar esse salto. Isso acontece vários outros setores. Uma farmacéutica de genérico eventualmente vai ver, poxa agora para eu crescer vou ter que tomar dois rumos ou eu entro no mercado internacional isso exige todo investimento novo ou eu vou fazer investimento P&D e vou colocar produtos próprios. De repente a empresa é grande, ela tá lá faturando seu 1 bilhão, 2 bilhões de reais, mas para se manter ela eventualmente vai ter que tomar desses caminhos que exige investimentos bilionários. O empreendedor ele deve decidir, eventualmente, se ele é a melhor pessoa para aquela próxima etapa. Tem muitos casos famosos de empreendedores que começam o negócio, dão aquele gás inicial do momento de Start Up mas depois percebe-se que ele não é o melhor gestor para aquele negócio e aí ele tem que tomar uma decisão difícil que é ou tomam para ele, né, por que se ele tiver acionistas e ter que sair para que outro executivo assuma o seu lugar. Isso pode acontecer, eventualmente, sócio teu que era o teu financeiro, você era o lider, mas de repente num outro estágio o financeiro passa a ser mais importante então ele deve assumir a liderança da empresa. E essa competência de saber lidar, crescimento pessoal, quanto que você consegue entregar, o quanto que você consegue se desenvolver e o quê a empresa precisa na sua direção, que tipo de executivo ela precisa pode estar descasado. Você pode então, eventualmente, ter que tomar uma decisão de sair. E saber lidar com isso e saber lidar com os desafios do crescimento.