Dos maiores defeitos de empreendedores, executivos, profissionais de mercados emergentes é pensar pequeno. Quando você começa pensando pequeno no seu negócio ou na sua empresa, você já está cometendo provavelmente o maior pecado da sua história profissional. O Jorge Paulo Lemann fala que "sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho", então quando a gente fala de expectativas de crescimento, estratégias de crescimento, a primeira coisa que você tem que fazer é pensar grande, pensar em algo que vá ter impacto enorme na vida das pessoas, impacto financeiro enorme para a sua empresa, para o seu negócio, impacto enorme na vida dos usuários. Esse é o primeiro grande desafio. E o segundo grande desafio é você construir esse caminho até ao sonho grande, passo a passo. Você conseguir quebrar essa sua jornada de dez anos que é muito grande, muito longa, em passos menores, e ir cumprindo passo a passo. Atualmente, o mundo mudou. Você tem possibilidade de construir, usar ferramentas de distribuição, e monetização, e cobrança, e pagamentos globais, por exemplo as lojas de aplicativos da Apple, do Google, da Microsoft são plataformas globais. A Internet, a própria Internet, esse curso pode estar sendo assistido por pessoas do mundo todo. Então para quê pensar pequeno se hoje você tem ferramentas, o mundo está muito mais acessível. Há 20 anos atrás, para você exportar projeto de tecnologia, os desafios eram infinitamente maiores do que os desafios que a gente tem hoje. Então, não pense em construir o maior restaurante da cidade de Campinas, pense em construir a maior cadeia de restaurantes do mundo. Não pense em construir o maior aplicativo para a educação do estado de São Paulo, ou do estado do Amazonas, por favor pense em como é que você vai mudar a educação do mundo, porque hoje você tem as ferramentas, você tem os mecanismos para pensar grande. De novo, né? Quebrar isso em etapas e conseguir fazer isso passo a passo é muito importante. Começar localmente é importante, tá? Mas não restrinja as suas ambições a pequenos objetivos. Tenha sempre plano muito maior, porque hoje é possível construir coisas muito grandes. Dos grandes defeitos dos empreendedores brasileiros é não pensar em construir uma empresa de bilhão de dólares. É inaceitável que nós tenhamos pouquíssimas empresas de tecnologia no Brasil que valem mais de bilhão de dólares. Os argentinos, por exemplo, talvez por estarem num mercado local, são muito mais atirados que os empreendedores brasileiros. Eles vão muito para fora, eles pensam maior que nós. Então eu acho que os empreendedores brasileiros, os empreendedores de outros países emergentes tem que pensar sim, que é possível construir negócios muito grandes, com impacto na vida de milhares e milhares, e milhões e milhões de pessoas. Crescimento é oxigênio da empresa. Quando a empresa está crescendo, portas se abrem, pessoas boas querem entrar, novas oportunidades existem, promoções acontecem aqui dentro, as pessoas se motivam com isso, as pessoas trabalham mais e melhor. "Crescimento é oxigênio", essa acho que é uma frase do ex-presidente da Coca-Cola, e eu vejo isso na prática, crescimento é oxigênio. Para mim, o crescimento começa em algo que é a fundação da Movile, que foi eternizado num livro recente que é a biografia do Jorge Paulo Lemann, do Marcel Telles e do Alberto Sicupira, que é " sonho grande". Pode parecer às vezes pouco óbvio ou piegas, é difícil reforçar o quanto importante que é sonho grande. A Movile inteira começa num sonho grande. Nós sonhamos que queremos construir a melhor e maior empresa do mundo do nosso segmento. Nós sonhamos que queremos ser os melhores do mundo em segmentos onde nós estamos. Sonhamos que queremos ser melhor do que as maiores empresas da Internet hoje. E é a partir desse sonho que você começa a destrinchar cada coisa que você tem que fazer, e se questionar, em tudo o que você faz no dia a dia: "Será que eu estou sendo agressivo o suficiente? Estou com gente boa o suficiente? Estou andando rápido o suficiente?" Porque afinal se eu sonho com tudo aquilo, eu preciso ter uma barra muito alta para chegar lá. Quando você sonha grande, você aumenta a barra da empresa, o que é superimportante, e você também energiza a empresa incrivelmente, porque criar uma empresa de tecnologia, ou do que quer que seja grande, dá muito trabalho. Aliás, quem acha que vai montar uma empresa para não ter chefe porque é mais tranquilo está bem enganado, você trabalha mais e está sujeito a mais estresse, mais confusão. Mas quando você tem sonho muito grande que te inspira e inspira a empresa inteira, quando tudo der errado, e a Movile hoje é empresa maior então as pessoas pensam que as coisas dão menos errado- não, as coisas dão muito errado com muita frequência, você para e fala 'iii': Eu tenho objetivo muito grande, eu sei o que eu estou fazendo, eu sei o que eu quero, o que eu quero me estimula muito, eu vou amanhã de manhã voltar e fazer tudo duas vezes melhor e eu vou conseguir. Então, se eu pudesse dar uma dica para vocês sobre crescimento seria: Onde vocês querem chegar? Pensem grande. De novo, Jorge Paulo Lemann... É bem comum lembrarem uma frase deles que é "Sonhar grande ou sonhar pequeno dá o mesmo trabalho", só que para você construir uma grande empresa, é o sonho grande que vai chegar até lá. Então comecem sonhando muito grande. Não pensem em ser o melhor da sua faculdade, pensem em ser o melhor do mundo. Quem sabe, se errar, você vira o melhor do hemisfério Sul do Ocidente. Já é começo. Se errar, você vira o melhor do Brasil. Mas tem gente que começa dizendo "Eu vou ser o melhor do meu prédio." Não dá para ir muito longe se você começou pensando de forma tão tímida, digamos assim. Depois que você tem sonho grande, crescimento significa crescimento cria, como eu falei, ambiente propício para você atrair as melhores pessoas e motivar as melhores pessoas. E são as pessoas boas que fazem a empresa crescer, o ativo mais importante de negócio que funciona são pessoas boas. A minha visão é que os empreendimentos realmente vencedores, eles nasceram com DNA voltado para o crescimento. E o crescimento só faz sentido num ambiente corporativo, e num ambiente de negócios, se você realmente está gerando impacto, e impacto cada vez maior e em escala nos seus clientes e na sociedade como todo. Então, a construção de uma ideia ou a transformação de uma ideia em alguma coisa que pode ser grande, que pode ser global, que pode realmente mudar a vida de muita gente, que pode mudar a cara de uma indústria, e pedaço relevante do mercado, ela passa por uma ambição inicial de que aquela ideia deixe de ser sonho individual do empreendedor e passe a ser sonho coletivo de muita gente com competências absolutamente distintas e complementares apontando para resultado de alto impacto. Acho que é muito difícil construir uma visão, uma visão engajadora, uma visão agregadora, se o desenho do desdobramento dessa missão de futuro não foi relevante, não foi estruturado, e não foi, em última instância, vencedor e com escala. A minha visão é que talvez o que diferencie a construção da gênese, ali do DNA de uma empresa, de uma nova empresa, é que ela precisa embutir ali o, por design, o crescimento. O crescimento, ele não é uma opção, ele não pode ser conjuntural, você não pode depender de forças externas para projetar o crescimento do seu empreendimento. Isso é muito diferente da visão de gestão de uma empresa já madura e estruturada. Essa empresa, ela pode-se dar ao luxo de certa forma, seguir os movimentos do mercado. O novo empreendimento, ele precisa crescer a despeito do que está acontecendo na sua indústria, no seu mercado, no seu país... Ele só faz sentido se ele crescer e crescer muito rápido, independente das forças externas. Acho que essa é a missão empreendedora na construção de uma cultura e de processos de planejamento e execução que estão todos voltados para crescimento, e para crescimento rápido. E crescer é basicamente formar estruturas, e principalmente lideranças, capazes de continuarem funcionando numa escala maior. Acho que essa é a outra parte absolutamente crítica da vida do empreendedor, é ele ir mudando de estágios à medida que o empreendimento vai-se tornando maior e mais relevante. Então as competências que são necessárias numa fase inicial do empreendimento não são suficientes, e às vezes nem são críticas em estágios seguintes. Também a percepção do empreendedor de quais são as competências que ele, pessoalmente, coloca no empreendimento, e quais competências ele vai ter que desenvolver ou contar com outras pessoas, acho que também é uma parte delicada mas crítica da construção de empreendimento de longo prazo e focado em crescimento, em impacto, em transformação real da realidade futura. A visão de crescimento, ela implica numa visão de criar ambiente multicultural. Uma empresa para ser global, para ser internacional, para atuar em diferentes contextos, mercados e culturas, ela precisa ter a habilidade de atrair, articular, pessoas de diferentes origens, de diferentes raízes culturais, de diferentes habilidades. Então, parte da construção da cultura empreendedora, de uma cultura vencedora, de uma cultura voltada para a dominação e para a escala, é o tratamento do assunto "Multiculturalidade" de maneira explícita e poderosa na construção do empreendimento.