[MÚSICA] [MÚSICA] E para começar, a primeira diferença que eu gostaria de colocar é a diferença entre trabalho assalariado e não assalariado na produção de bens e serviços. Qual que é esta diferença e por que essa diferença é relevante? Primeiro, porque o trabalho não assalariado é trabalho que é feito por conta própria, basicamente. É trabalho que você faz sem ter chefe, sem ter empregador, para produzir uma mercadoria. E você não tem salário, você tem lucro que depende do tipo de produto que você está produzindo. Às vezes você está acompanhando trabalho familiar, por exemplo, uma pequena loja, uma banquinha, etc. Este é o trabalho não assalariado. O resto desta conversa tem a ver com o trabalho que é pouco diferente, aparentemente, que simplesmente é a presença de empregador e trabalhador que, por algum mecanismo, seja verbal ou escrito, faz contrato com o empregador para desenvolver certo tipo de trabalho. É interessante observar que neste caso você se transforma trabalhador dependente. As decisões de produzir, como produzir, quando produzir, são feitas pelo empregador e não por você. Isto faz uma diferença com o trabalho não assalariado. E troca deste trabalho que você desenvolve, você tem pagamento. O pagamento pode ser monetário, ou pode ter outras formas diferentes. Mas, basicamente, se pagamento monetário, pode ser pagamento por dia, por semana, por mês, e pode ser dinheiro ou pode ser uma proporção direta daquilo que você produziu ou desenvolveu como serviço. Mas as formas diversas do salário se caracterizam todas por quê? Porque são formas de pagamento de trabalho que é dependente. Eu gostaria de sublinhar esse fato. Vamos tentar entender como o nível de emprego de toda uma empresa específica é determinado. Esse nível de emprego é determinado pela perspectiva de venda, o futuro dos serviços ou dos produtos. Essa perspectiva está baseada nas expectativas do empresário, do empregador, no nível geral de atividade da economia, e para poder materializar esta decisão de produzir, você tem que ter uma decisão prévia, que é fazer investimento. Investimento matéria prima, construções, equipamento, tecnologia, estrutura organizativa. Uma vez que você tenha este investimento feito, que é você construir a empresa propriamente, você vai decidir quanto trabalho contrata função daquelas expectativas venda que você tem. O número específico de trabalhadores que contrata uma empresa depende da tecnologia da produção. Se você tem tecnologia muito desenvolvida, muito automatizada, você vai ter menos trabalhadores que uma empresa que tenha uma tecnologia mais atrasada, por exemplo. Evidentemente, o salário vai formar parte do valor do produto. Vai ser uma fração do valor do produto que você está vendendo e do tempo de trabalho que você precisa para produzir esta mercadoria ou este serviço. Não pode ser igual o salário ao valor do produto, porque senão o empresário teria lucro zero e temos que lembrar que a lógica final do empresário capitalista, que é este empresário que contrata o trabalho assalariado, é ter lucro. Mas tão pouco pode ser salário zero, porque ninguém vai trabalhar por salário zero. Portanto, o salário num momento específico vai ter zero e o total do valor da mercadoria produzida. O que determina, especificamente, o ponto no qual você tem salário? Esta determinação não é uma determinação tecnológica. A determinação é a sua capacidade como indivíduo, ou uma seleção de trabalhadores, para barganhar com o empresário. Condições onde você tem grande poder de barganha, o seu salário vai ser maior, vai se aproximar a uma parte importante, 60, 70% do valor do produto e o empresário terá 30% do valor do produto. Mas isso acontece só momentos muito específicos do capitalismo. Termos gerais, o salário está determinado de forma tal, que o empresário, o empregador, ganha a maioria do valor do produto. Ou seja, o lucro dentro do valor do produto vai ser maior que o salário. E quando a oferta é igual com a demanda, ou seja, quando aquilo que está sendo ofertado por trabalho é comprado ao empresário, nesse preço, o mercado vai se equilibrar e aí vai acabar o processo, vai terminar o processo. Só que temos dois problemas aqui. Qual é o preço específico? Segundo. Uma vez alcançado o equilíbrio, este equilíbrio é estável, se mantém ao longo do tempo, o que acontece com ele? A teoria clássica fala que o preço de equilíbrio no mercado que tem concorrência perfeita, é preço que é igual ao produto marginal do trabalho, a produtividade marginal do trabalho. O que significa esta produtividade marginal do trabalho? Significa que quando você incrementa com diárias muito pequenas o trabalho, você vai incrementar o produto. Este incremento do produto, que é incremento material, físico, vai estar avaliado o preço do produto. E este valor que é o valor do produto marginal, o trabalho vai ser igual ao salário. No momento que o salário seja igual a isto, o empresário vai parar de contratar, não tem motivo para contratar, porque as demandas vão ser iguais à oferta, estarão no ponto de equilíbrio e, portanto, a determinação do salário é uma determinação tecnológica, porque depende da produtividade marginal do trabalho. Esta produtividade está determinada pela tecnologia da produção e pela eficácia e eficiência do trabalho. Só que temos problema. Ninguém neste mundo tem medido a produtividade marginal do trabalho. Salvo para casos muito específicos, é problema muito difícil, porque não existe mecanismo claro para relacionar capital de trabalho e produto. A produtividade do trabalho não depende só do indivíduo, depende também da tecnologia da produção. E além disto, temos conjunto de problemas extra, tradicionais, que têm que ser considerados quando a gente tenta responder a pergunta sobre o nível salarial, que é o seguinte: nós temos casos de pessoas que, desenvolvendo a mesma atividade ocupacional, a mesma ocupação, setores diferentes, com a mesma história, com a mesma capacidade produtiva tem salários diferentes. Ou o mesmo setor, lugares diferentes, na região norte, sul, sudeste, certamente as mesmas atividades. Por quê? Porque parece que os mercados de trabalho, que determinariam o salário, nos quais este salário está determinado, estão fragmentados, segmentados. Isso acontece muito termos da tecnologia. Vamos ter uma pessoa que tem exatamente as mesmas qualificações, as mesmas habilidades, numa empresa que tem alta tecnologia, e numa empresa que não tenha a mesma tecnologia e o salário vai ser diferente. O que significa que nós não temos mercado de trabalho homogêneo forma, mas heterogêneo. Temos múltiplos mercados e estas formas múltiplas de divisão dos mercados determinam formas diferentes de determinação salarial. E pode ser uma coisa que é inata ou pode ser aprendida. Se suas habilidades podem melhorar pelo aprendizado, de alguma forma, ou por conjunto de fatores associados, por exemplo, melhorias na saúde, melhorias no transporte que você faz da sua casa para o trabalho, se melhorando o nível de vida, esse conjunto de fatores tem uma incidência sobre a sua produtividade. Isto é uma coisa clara, ninguém vai discutir este fato. Mas a teoria do capital humano pega elemento ali que é o seguinte. Você pode racionalmente aumentar a sua produtividade pela via do investimento. Na forma seja de saúde, seja educação, seja treinamento técnico, na qual o nível que você vai melhorar vai depender de uma decisão sua, de você, de como investir termos de tempo, dedicando tempo para a saúde, dedicando tempo para a escola, dedicando tempo para treinamento técnico. A quantidade de tempo que você vai dedicar vai depender de fator, que é o seguinte: você vai fazer cálculo entre aquilo que você vai ter de renda posteriormente, porque você vai ter uma produtividade marginal maior, que é fluxo no futuro e vai calcular quanto que esse fluxo, comparado com o dinheiro que você vai parar de receber, porque você vai ocupar o seu tempo melhorar a sua produtividade, e você vai sair do emprego, vai se dedicar a outras atividades e esse tempo que você fique fora do emprego é o salário que você não tem, o salário de hoje. Mas você vai fazer racionalmente os cálculos, de quanto dinheiro você vai receber termos reais no futuro e no momento que este fluxo seja minimamente igual àquilo que você está parando de receber porque você saiu do trabalho, aí você decide o número de horas, o tempo que você vai dedicar a incrementar as suas habilidades. Olha, é cálculo racional, com conhecimento do que vai acontecer no futuro e como vai evoluir a inflação para você poder medir termos reais o dinheiro que você vai receber no futuro. Esta é a teoria do capital humano. Hoje, esta teoria de capital humano está totalmente deslavada e tem só a parte educativa. Se você se educa mais, se você tem mais renda, você, portanto, tem que se educar para ter mais renda. Agora, infelizmente você pode se educar tudo o que você quiser, mas se não tem demanda pelo seu trabalho, você não vai receber salário nenhum. Isto não é limitante, que pode ser explorado com muito mais cuidado noutro momento, porque, dessa teoria de capital humando deriva conjunto de políticas públicas, nas quais a ênfase de seu treinamento é para o trabalho, a ênfase de ser na educação para o trabalho, como mecanismo para incrementar o salário, e isso deixa de lado os determinantes que a gente já tinha discutido anteriormente. Eu terminarei aqui. Esta é uma apresentação muito breve da relação entre emprego e salário no nível da empresa e abre espaço para conjunto de termos muito mais amplos e desenvolvidos, que serão discutidos posteriormente nestas aulas. [MÚSICA] [MÚSICA]