[MÚSICA] [MÚSICA] Olá. Tudo bem? Hoje nós vamos falar sobre o desemprego. Segundo a OIT, por exemplo, Organização Internacional do Trabalho, somente nos próximos anos nós vamos ter que gerar cerca de 600 milhões de empregos no mundo, apenas para voltar a alcançar o mesmo nível de desemprego antes da crise de 2008, considerando o que foi destruído de emprego e o crescimento da população mundial. Ou seja, é grande desafio e portanto tentando mostrar pra vocês como o desemprego depende de ritmo de crescimento econômico e portanto quanto às políticas que levam ao crescimento econômico são decisivas, fundamentais. Por outro lado, seria importante aqui destacar para vocês que junto com o desemprego, com essa situação difícil para a classe trabalhadora, vem geralmente a precarização do trabalho. Vem o trabalho por conta própria, o emprego doméstico, os vendedores de rua. Os assalariados geralmente nessa situação de desemprego, sem renda, eles tendem a aceitar trabalhar sem carteira, sem direitos, aceitam ser empregados com salários bem mais baixos. Ou seja, isso faz a renda do trabalhador cair e também nesse contexto, nessa mesma situação de desemprego, de quanto mais alto o desemprego pior, também os sindicatos enfraquecem, para defender os direitos dos trabalhadores os sindicatos precisam ter força. Quando o desemprego é alto os trabalhadores ficam com maior receio de mobilizações, de paralisações, de greve, de ter posições mais ativas defesa das suas condições de trabalho, dos seus direitos, dos benefícios trabalhistas e sociais e portanto eles têm receio, temem reações dos capitalistas, temem perder o emprego. Isso agrava a situação política de forma desfavorável aos trabalhadores. Então geralmente quando vem a crise e o desemprego começa a subir, há fatores que diferenciam as demissões considerando certas características da sociedade, dos segmentos sociais. Por exemplo, considerando o preconceito relação a alguns segmentos sociais, ou também considerando o grau de experiência, o grau de escolaridade. Assim, processo de início de queda do nível de atividade, da produção, as empresas geralmente começam a demitir primeiro os segmentos mais vulneráveis do mercado de trabalho, como os jovens, as mulheres, os negros, os imigrantes, os de menor qualificação relação à posição que ocupam, ou relação aos salários. Ou seja, há segmentos sociais que são mais vulneráveis quando a crise vem e eleva o desemprego e eles têm maior chance de ficar desempregado primeiro, ou de ficar tempo maior desempregado. Por quê? Porque no mesmo sentido, se a crise diminui, a economia volta a crescer e gerar emprego, esses segmentos mais vulneráveis geralmente serão os últimos a ser contratados, está certo? Então esses segmentos mais vulneráveis tendem a ficar tempo maior sob essa condição de desemprego. Além do crescimento, da relação entre crescimento econômico e crescimento da população, há importante determinante também que pode influenciar elevações do nível de desemprego, que é a inovação tecnológica. A inovação tecnológica pode também resultar no aumento do desemprego a longo prazo, ou pode se somar aos impactos de uma crise e aumentar ainda mais o número de desempregados, na medida que podem levar ao aumento da substituição do homem pelas máquinas, pelos robôs, pelo computador, pela tecnologia da informação, processos automáticos de produção que estão crescendo rapidamente, profundamente no nosso mundo contemporâneo. A tecnologia si mesma, ela não é ruim para os trabalhadores e para a sociedade. Ao contrário, a tecnologia traz muitas oportunidades de aumentar a produção, aumentar a renda per capita, de melhorar a vida na sociedade. Ela pode ser muito favorável e, portanto, os trabalhadores não tem porque ser contra a tecnologia e isso não levaria a nenhum avanço positivo. Mas para que esse avanço tecnológico tenha esse aspecto positivo, temos que fazer com que seus impactos positivos sejam distribuídos a todos e não somente aos empresários, aos donos das empresas, donos das máquinas, ou a parte dos trabalhadores que não vão ser substituídos por esse processo de inovação tecnológica. Assim os trabalhadores têm que lutar para reduzir o tempo de trabalho, a jornada semanal, mensal, anual, o tempo de vida produtiva, reduzir o tempo de trabalho. E como é que se faz isso? Para alcançar isso, você tem que ter a participação política dos trabalhadores nas negociações coletivas, na formulação de leis, na defesa de políticas. Então você tem que fazer políticas, regulamentações, leis que tenham sentido geral de trabalhar menos para trabalhar todos e todos se beneficiarem dos impactos positivos da tecnologia, do aumento da renda, da produtividade, da eficiência, da riqueza por hora trabalhada. Caso contrário, se isso não acontecer, a tecnologia gera mais riqueza que será apropriada somente por uma parte da população e a outra ficará desempregada, ou com trabalho precário, com poucos ou nenhum direito e baixos salários. Por isso são importantes as políticas de apoio aos desempregados. Por exemplo, a política de seguro-desemprego, as políticas de formação, qualificação profissional, de reciclagem, de mão de obra, de trabalhadores que às vezes estão perdendo emprego num setor, numa região, numa atividade, numa ocupação que só vão encontrar emprego outras ocupações. Eu preciso retreinar esses trabalhadores, é preciso de políticas de apoio aos jovens para diminuir suas desvantagens na entrada no mercado de trabalho. Jovens que geralmente não tem experiência de trabalho. É preciso que haja políticas como treinamentos, qualificação, estágios, políticas como o primeiro emprego, incentivos fiscais, ou de redução de contribuições sociais sobre a folha de salários, sobre a contratação de jovens no primeiro emprego até que esses jovens alcancem uma certa idade. É preciso também políticas de suporte a desempregados, ou que as vezes não estão totalmente desempregados, mas que como não podem viver desempregados, não tem condições de subexistência e mesmo as vezes recebendo o seguro desemprego apenas por período, essas pessoas acabam ficando sem renda. Então é preciso pensar nas políticas de transferência de renda e de proteção aos que não ficam totalmente desempregados, mas ficam nessa condição de trabalho precário e baixa renda. Essas políticas de transferências de renda é preciso que elas sejam pensadas também no longo prazo, a medida que a tecnologia aumentar sua capacidade de substituição do trabalho, de reduzir o tempo de trabalho necessário. Então é preciso que você tenha a ideia de dissociar a renda do trabalho, de ter uma renda básica, uma renda mínima, para que as pessoas possam sobreviver independentemente desses movimentos do capitalismo que pode provocar o desemprego, a conjunto maior ou menor de pessoas que querem trabalhar e que não vão ter renda e que vai ser grande problema social. Então essas políticas, elas teriam que promover acesso a renda independentemente das pessoas não conseguiram trabalho. No Brasil contemporâneo, de hoje, o desemprego é elevado e cresceu desde o final de 2014, depois de vir caindo por longo tempo, principalmente desde 2004, quase 10 anos, pouco mais de 10 anos queda, o desemprego volta a crescer e hoje no Brasil há cerca de 13 milhões de desempregados e houve aumento muito grande relação ao ano de 2015, final de 2014. Só para vocês terem uma ideia, somente nos últimos 12 meses cerca de milhão e meio de pessoas entraram nesse segmento de desempregados e a taxa de desemprego e a quantidade de trabalhadores que procuram emprego, relação à quantidade total de trabalhadores que estão ocupados empregados, essa taxa chegou a quase 13%. Ou seja, uma pessoa desempregada para cada sete ou oito brasileiros que estão no mercado trabalho, ou procurando emprego. Hoje há, infelizmente, cerca de 3 milhões a mais de desempregados, ou pessoas que trabalham poucas horas, tipo de desemprego oculto pelo trabalho precário do que havia 2014. Qual é a saída para melhorar a situação? O maior crescimento econômico, juros mais baixos, incentivo a investimento privado, ou investimento público, ampliação do gasto público e não uma política severa de corte de gastos, de redução da demanda que vai obviamente, como tem ocorrido, elevar o desemprego. Quando o desemprego está alto vocês podem ter certeza de que há uma política contrária aos interesses dos trabalhadores, está certo? Uma política que não tem capacidade de promover o desenvolvimento do conjunto da economia e do conjunto da sociedade. E você olha para o mundo concreto real e vê que não tem acontecido nada de diferente, você não vê concretamente uma guerra, a queda de meteoro, problema climático, uma seca, ou enchentes, crises determinando o desemprego. Então como eu disse, sem nenhum problema concreto você vê o desemprego como problema sistêmico do capitalista, como sistema que tende a funcionar com problemas e que não se não forem corrigidos, amenizados pela força, intervenção do Estado, ele tende a gerar situações de crise para uma grande parte da sociedade, mesmo num mundo, num contexto que a tecnologia, a ciência ela permite que a gente tenha cada vez, a cada ano, a cada década uma melhoria das condições de vida e a gente vê coisas desse tipo, desemprego que não deveria existir. Então nesses casos de desemprego alto, ou crescente ao longo de anos, vocês poderão perceber que as políticas do governo não pensam no conjunto da população e muito menos nos trabalhadores, nos empregados. Mas elas estão muito mais focadas, ou apenas são destinadas a proteger, ou beneficiar os lucros dos bancos, do capital financeiro, como é comum hoje nesse período de maior poder do capital financeiro, ou nos interesses dos ricos, nos interesses do capital estrangeiro, fazendo como ocorre hoje no Brasil, privatizações, venda de terras, ou até mesmo de ilhas, dando mais dinheiro a certos segmentos produtivos, dando mais dinheiro à certos segmentos privilegiados já, ou mesmo segmentos políticos por interesse de organização política e ao mesmo tempo que você corta direitos trabalhistas, sociais e reduz gastos educação, saúde. Ou seja, no mesmo contexto que o corte de gasto desses setores que beneficiaria o povo com serviços sociais prestados na saúde, na educação, alimentação, na infraestrutura e que ao mesmo tempo além dos serviços geraria emprego. Então desemprego é apenas uma das formas de expressão das diversas formas de dominação e de exploração dos pobres pelos ricos. Quanto maior o desemprego, maior é o medo dos trabalhadores e menor a força dos sindicatos. Então é maior o poder dos ricos sobre os pobres, maior o poder de controlá-los, de contratá-los pagando menos e sem direitos, ou simplesmente deixando-os suplicando por qualquer tipo de ocupação mesmo que com salários muito baixos. O que contribui para elevar o lucro da parte mais rica da população e o que na verdade significa simplesmente sistema econômico ineficiente e injusto, quando expressa esta situação de desemprego. Até mais. [MÚSICA]