[MÚSICA] Olá pessoal. Estamos começando mais uma aula do curso de criação de startups do Núcleo de Empreendedorismo da USP. E a gente vai falar pouquinho sobre tema que dialoga com a aula anterior. A aula anterior foi sobre ecossistemas. E como vocês lembram são seis elementos: mercado, política pública, financiamento, cultura, suporte e capital humano. E o elemento financiamento eu ate falei que eu ia começar a falar mais na outra aula. E esta é a outra aula que é falar pouquinho sobre lógica de financiamento. É tema importante e a importância deste tema tem duas vertentes. A primeira, uma vertente mais de consciência sobre o papel do investimento e a outra uma vertente mais de técnica. Quais são os elementos, o que é importante se atentar. E primeiro sobre consciência, assim, é questão de você entender o que significa receber investimento, entender que também é uma dívida. Porque há muita vaidade no meio do empreendedorismo que " recebeu grande aporte de capital, recebeu isto e aquilo". É muito mais importante olhar como é que foi a lógica do investimento do que o fato si. Tem muita gente bradando que recebeu muito dinheiro mas as vezes os contratos são ruins, as vezes as lógicas não são tão legais por trás. E transformar isto como métrica de vaidade é perigoso. É mais importante você saber como é o modelo de investimento que você está recebendo, quais foram os contratos. Porque você ter o receber investimento como elemento de vaidade lhe atrapalha muito na hora de decidir. Coloca elemento de vaidade no meio e é uma decisão muito, muito delicada porque envolve diversos fatores é perigoso. Alguns fatores que envolvem que são arriscados. O primeiro deles é a questão de participação no 'board'. Possivelmente o investidor vai querer uma participação no conselho e é voto de opinião. As vezes é conselho consultivo, mas as vezes é conselho no qual ele pode deliberar decisões. E quando o conselho começa a deliberar decisões você vai perdendo o controle da sua empresa. E você tem que entender se isto é uma lógica que você quer. Se não é como é que vai ser? Então estes modelos são bem perigosos. Então este é grande perigo que acontece. Outros perigos que acontecem, por exemplo, está ligado a questão da lógica do contrato. Por exemplo: muito investimento que ocorre, ocorre num contrato de opção de compra. Então a empresa fala que vai investir você, seja uma aceleradora, seja fundo de investimento. "Vou investir você uma opção de compra de dez porcento por 150 mil. Só que esses 150 mil por ser uma opção de compra futura você não vai receber estes 150 mil. Você vai estar uma lógica de investimento que daqui a período N que o fundo ou a aceleradora vai configurar com você, ela pode comprar esses dez porcento, ela pode exercer esta opção de compra de dez porcento a 150 mil. Tem aceleradoras, investidores, que fazem isto. E aí você não recebe nenhum dinheiro e fica uma lógica de participação bem perigosa. É muito importante se atentar a estas coisas e entender que você ceder dez porcento no começo, lá na frente quando você vai receber uma rodada maior o fundo grande que está querendo investir mais você vai falar "Cara, não dá. você já está muito diluído, você já está com a participação muito, muito, muito distribuída e eu não vou aceitar este percentual que você está podendo me vender hoje." Então tem que fazer recálculo, tem que fazer monte de coisa e é bem problemático. Então entender esta lógica de como que está sendo o contrato é muito importante para que ninguém saia prejudicado. O investimento é importante mas todo mundo tem que sair feliz ou pelo menos não reclamando. Alguns outros elementos não daria tempo para falar mas a gente recomenda canal que se chama 140 MBA, MBA, 140 MBA, é canal do Marco Gomes e nele ele fala sobre diversos detalhes sobre investimento. Por exemplo, 'drag along', 'tag along', efeitos de multiplicadores do seu investimento. Então é quando eles falam que o cara vendeu a empresa mas não ficou com nada. Tem jeito de você vender a empresa por muito dinheiro e acabar não ganhando nenhum centavo no final. Dependendo do seu contrato de investimento com alguns multiplicadores o outro lado da mesa pode acabar ficando com todo o dinheiro e você nem perceber. Então esses detalhes, mais minúcias assim é importante que você saiba e a gente recomenda estes canal. E aí saindo pouco dessa questão de uma consciência maior sobre como tomar uma decisão sobre a lógica de investimento entram umas questões mais específicas de "tá, mas e quando eu vou fechar contrato, para onde que eu tenho que olhar, o que eu tenho que olhar?" Algumas métricas que são importantes, que geralmente investidor olharia para você. 'Turn rate' que é a taxa, a gente já fala isto pouco nas aulas de produto, mas 'turn rate' é a taxa que você perde pouco o usuário. A taxa que o usuário está saindo da sua plataforma e indo para outra. Então mostra pouco de como você está segurando usuário na sua plataforma. 'Burn rate' significa o quanto você queima o seu caixa por mês. Então investidor vai colocar 100 mil na sua empresa e ele sabe que seu 'burn rate' é 10 mil por mês, ele sabe que este investimento vai durar dez meses. Então você tem que ter plano para ele que seis meses você vai fazer ouro com isto. Então ter 'burn rate' baixo é sempre fundamental. Outras coisas que eu já falei outras aulas, por exemplo custo de aquisição de usuário, o tempo de vida de cliente na sua plataforma, o 'lifetime value'. Tudo isto conta pouco, são números que o investidor olha. Sua taxa de crescimento, claro. Mas o elemento principal que geralmente o investidor olha muita gente acha que é previsão de receita. " mas eu tenho previsão de ficar rico, de ser o próximo Facebook daqui a seis meses." Todo investidor sabe que isso é balela, todo investidor sabe que isto é hipótese. O mais importante, pelo menos é o que a gente fala para os nossos alunos, é você mostrar para o investidor a sua consciência sobre como você vai gastar o dinheiro dele. Então plano de gastos, plano de onde você vai investir, como que isto vai gerar retorno, termos de crescimento, de aquisição de usuário. Então o quão consciente você está quanto aos seus gasto e o quão inteligente você é no gasto deste dinheiro do investidor. A gente fala que o melhor modelo é quando o empreendedor chega para para investidor e fala "cara eu já estou crescendo sem o seu dinheiro mas com o seu dinheiro eu quero crescer mais rápido". Este é geralmente cenário ideal, quando a pessoa já tem tudo muito consciente e o dinheiro é só para acelerar este processo. Então é interessante saber. E entender que, como eu falei na aula passada, investimento é uma escadinha né, são etapas seriais. Então você começa talvez 'seed', ou 'zero stage fund', mas geralmente é 'seed', primeiro investimento, investimento anjo, que é coisa de 30 mil, e aí o 'seed' vai até uns 300 mil, 500 mil. São a primeira rodada e depois começa a crescer. Aí você começa, este primeiro dinheiro geralmente é para validar, estes 50 mil é para validar, para começar a fazer alguns testes. Aí depois 'seed' é para você começar a crescer, começar a estruturar sua operação, fazer as primeiras vendas, as primeiras aquisições. E aí depois começa a entrar as séries: Series A, Series B, Series C (Série A, Série B, Série C), que aí já é na casa de milhão de dólares para cima, então três milhões, cinco milhões e aí isto começa a crescer. Na China, se você olha algumas rodadas de investimento eles estão bem avançados lá. Você está nas séries F, séries G, que são séries de 500 milhões, é dinheiro meio maluco assim. Mas então é meio que uma escadinha. E cada passo desta escada está relacionada a uma fase do desenvolvimento da startup. Então como eu falei, no começo é para para validar, depois é para crescer vendas, depois é para você começar a escalar o seu produto, depois é para você internacionalizar. Então tem todo processo aí de evolução e que é importante saber. Entender o papel dos anjos e das aceleradoras né. O anjo é aquele que dá o primeiro investimento e ele tem o papel de anjo mesmo. Então é o 'smart money' que a gente fala que é entrar com suporte, entrar com contatos, entrar com mentoria. O anjo ele entra quase que como sócio ajudando e fazendo uma aposta muito mais alta do que outros investidores. A aceleradora geralmente ela vem para lhe dar suporte vendas e distribuição e crescimento. Então ela te ajuda a alavancar, mas tem que ficar atento aos contratos das aceleradoras. Existem aceleradoras que têm contratos de opção de compra que são delicados para o investidor. Você tem que ficar bem atento aos contratos. E aqui no NEU as nossas startups, a gente olha muito contrato por contrato, a gente tem assessoria, a gente tem investidor por trás que é muito, muito chato com isto. Porque os fundos de investimento, por exemplo, que são diretamente ligados a gente, eles não querem pegar empresas que estão altamente diluídas. Então tem que tomar muito cuidado com o nível de diluição nestes primeiros investimentos. E aí a pergunta final é sempre "tá, mas e aí, depois de todos estes investimentos como é que as pessoas ganham o retorno?" E este retorno ele acontece momento de venda da empresa, ou momentos de RPO, que é por exemplo abertura de capital. Então você vende sua empresa por pequenas moedinhas, ou pequenos papeis e isto levanta grande dinheiro, e quem tinha estes papéis, que são os investidores todo o mundo recebe o seu retorno, recebe uma boladinha final. Então esta lógica de investimento é importante saber e mais importante entender as questões de contrato. Ficar muito atento aos contratos, muito atento aos momentos de receber investimento. Então tudo isto que a gente falou dos multiplicadores, estas questões de 'drag along', 'tag along' que vocês podem ver outras lugares, da sua diluição, Tudo isto é muito mais importante do que o oba-oba de se levantar dinheiro. Levantar dinheiro é uma coisa muito importante, mas que tem que ser feita com muita consciência. A gente espera que esta aula tenha ajudado e que vocês levantem a grana de vocês de uma maneira bem consciente e inteligente. Obrigado viu, gente. [MÚSICA]