[MÚSICA] Olá pessoal, meu nome é Bruno Yoshimura. Eu sou o cofundador e CTO do Kekanto. O Kekanto é guia online colaborativo onde você pode procurar restaurantes, bares e baladas perto de você com a opinião dos usuários. Você também pode usar quando você estiver viajando ou procurando alguma coisa para fazer. A gente fundou 2010, foram três fundadores, o Fernando Okumura que está na parte de negócio, o Alan que está na parte de produto e eu que toco tecnologia. Minha formação é de Ciência da Computação pela USP e desde pequeno eu brinco pouco com tecnologia. Então desde 2001 eu desenvolvo sites, monto negócios na internet e acompanho algumas startups. Hoje além do Kekanto eu também sou 'Advisor' e anjo outras quatro startups. Então eu brinquei pouco, tanto de montar uma startup, que é o que eu faço hoje, levantar dinheiro e fazer ela crescer; e também jogar pouco do lado do investidor anjo que tenta olhar a empresa com uma perspectiva meio que inversa. O Kekanto ele tem uma história bem legal de levantar capital. Acho que é legal dar contexto porque a gente nasceu 2010. E 2010 para 2011 foi uma das maiores febres e 'bonds' de fundos vindo para o Brasil, inclusive alguns fundos estrangeiros muito grandes. E aí a gente de 2010 para 2011 usou dinheiro próprio para fazer o Kekanto chegar de zero a três milhões de acessos. Então a gente conseguiu muita tração deste dinheiro. E 2011, quando a gente já estava pensando começar a desenvolver pouco mais a parte 'mobile', para dar contexto Android estava nascendo no Brasil 2011, então a gente queria realmente aproveitar essa onda de ser uma das primeiras startups a usar a geolocalização para encontrar lugares. E a gente resolveu levantar dinheiro justamente porque primeiro: a gente já tinha bastante tração, a gente já tinha provado que o modelo era viável e tinha muito acesso, pelo menos no ponto de vista de atrair pessoas para usar. E a gente sempre conversou com alguns fundos porque o Fernando, que é o CEO, tem muito contato. Ele veio do mercado financeiro, fez Stanford, então a gente conhecia pessoas de alguns fundos. E quando foi o momento de levantar a gente optou primeiro por levantar com anjos amigos, deles é amigo pessoal do Fernando, o outro o CEO do Groupon Brasil e a gente levantou uma rodada 2011. Foi muito interessante porque no aniversário do nosso investidor anjo, do Florian, o Fernando conheceu os investidores da Accel Parkers, que investiram no Groupon, mas também são dos maiores fundos americanos, principal investidor do Facebook, do Groupon, do Angry Birds e muitas outras empresas. E aí uma semana depois eles convidaram a gente para ir para o Vale para fazer o 'pitch' do Kekanto. Fomos nós três e uma reunião bem diferente do que a gente imaginava. A gente sentou na mesa, apresentou muito mais o que a gente já tinha feito antes, nossa carreira pré Kekanto, depois o que a gente fez no Kekanto. A gente não levou nenhuma apresentação, foi muito mais bate-papo com eles. E por algum milagre do universo uma semana depois a gente voltou e a gente estava com 'turb sheet' sem nunca ter mandado uma planilha. Então isto mostra pouco da importância que eles dão para os fundadores e o que a gente tinha feito antes, não apenas para o negócio si. E também eles trouxeram fundo que chama Kaszec Ventures, que naquela época era bem iniciante, acho que foi o segundo investimento deles. Hoje eu considero o melhor fundo da América Latina. São dos fundadores do Mercado Livre. Então a gente praticamente nem usou o investimento anjo e esse CRZ trouxe dos fundos melhor do Silicon Valley e dois anos depois a gente levantou de novo com eles e com o fundo brasileiro chamado W7. Então a gente conseguiu juntar anjos estratégicos, investidores bons que manjavam tanto da parte de Silicon Valley, que é a Accel, a Kaszek que tem uma experiência muita grande de América Latina, porque eles foram do Mercado Livre, e depois fundo brasileiro, o W7, que podia ajudar a gente aqui na parte de monetização que eles conhecem melhor do que quem está fora do Brasil. Eu acho que para você saber quando procurar investimento, eu vou listar algumas formas de saber que você está pronto, mas acho que a primeira delas é que você nunca deve procurar investimento se você, pelo menos, não tiver validado e ter certeza do propósito da sua empresa, se ela tem valor, se as pessoas usariam. O ideal é você pelo menos ter protótipo rodando, aí vai depender pouco do modelo de negócio. Então eu nunca buscaria antes. Se for negócio que precisa de aquisição de cliente, precisa trazer compradores para o e-commerce, ou as duas pontas de 'market place', seria legal ter noção de quanto custaria isto. Você faça a conta se os 'economics' do negócio são viáveis. Então não adianta nada você ter negócio que você gasta 200 reais para trazer cara que vai gastar 50 reais. Então ter a mínima noção dos 'economics' vai ajudar você a convencer o fundo que você está pronto para receber dinheiro. Acho legal também para alguns negócios, como o Kekanto, que são geográficos, talvez você possa focar uma região menor, por exemplo, bairro ou uma cidade, e provar para os investidores que aquilo é replicado. Então provar que uma pequena região você teve sucesso nas métricas e você só precisa de dinheiro para escalar. Este seria mundo ideal, mas a maioria das startups não consegue provar regionalmente sem ter dinheiro. Então ser muito inteligente pré dinheiro e não precisar do dinheiro enquanto você consegue ter tração sozinho, acho que é a melhor estratégia. E a outra coisa que ajudou o Kekanto, acho que 2011 teve pouco de frenesi de muitos fundos vindo interessados empresas boas. Então o 'timing' é importante, você não vai querer levantar numa época péssima, hoje não é uma época péssima, acho que o ano passado foi pior, mas o 'timing' de 2011 era perfeito para quem precisava de dinheiro. Eu vou listar algumas dicas que eu daria para quem quer levantar dinheiro. Acho que a principal delas tendo conversado com dezenas de fundos investidores para tentar vender a ideia do Kekanto, é que os melhores fundos se preocupam primeiro no time e na equipe fundadora. É muito mais importante do que o modelo de negócios. Eles falam que eles investem empreendedores e não modelos, porque o modelo é copiável e ideias não valem nada se não tem execução. Então ter time bom, ter 'cofounders' que completam a empresa é muito mais importante. E alguns dos fundos inclusive, eles analisam primeiro o time antes de ver se o modelo é viável, se o mercado é grande. Porque eles nunca vão investir num time que eles estejam confortáveis, porque os modelos de negócios mudam e o que importa é a execução. A outra coisa que é muito importante é ter foco. Dificilmente investidor vai investir numa pessoa, ou numa equipe que não esteja 'full time' no negócio, porque ele investiria, porque a pessoa não está 'full time'? Será que o negócio não é bom o suficiente? Então antes de procurar investidor você tem que ter plano de ficar 'full time' na empresa, largar o emprego, ou ter conforto financeiro para isso. Outra coisa importante no caso do Kekanto é 'networking'. Tanto o 'Series A' quanto o 'Series B' foram introduções que aconteceram aniversários de amigos. A 'Series A' foi aniversário do investidor anjo, 'Series B' foi aniversário de amigo pessoal meu. E não adianta nada você pedir uma introdução para fundo que você pede para cara meio desconhecido tentar lhe vender a ideia. Quanto mais forte for o seu 'networking' e mais amigos próximos tiverem empreendendo e conhecendo fundos, melhor vai ser a introdução. Então raramente fundo muito bom investe cara que bate na porta perdido. Empreendedor bom precisa ter outros empreendedores na rede e alguns investidores que gostam dele. Se for investimento anjo, acho que muita gente acha que investimento anjo é investidor profissional, que aparece na mídia. Mas o fato é que a maioria dos investimentos anjos, acho que até 80 por cento, são feitos por amigos e família. E isto é verdade no Brasil também nas empresas que eu sou próximo. Não necessariamente você precisa ir longe, então se você tem pessoas que confiam você, ex chefe, colegas de trabalho, aí é caminho muito bom para começar anjo. E o anjo tem uma característica muito engraçada que é muito difícil de trazer os primeiros caras. Então o mais importante é garantir que você consiga convencer dois ou três caras, pode ser amigo, pode ser família, que os outros vem muito fácil. Então tem a questão psicológica do cara, ele não quer ser o primeiro a tomar decisão de investir, mas ter cara que entende muito de mercado, como o Florian que era CEO do Groupon e foi para o Kekanto, é muito mais fácil alguém de fora tomar a decisão porque já tem uma pessoa que manja dentro. Então sempre conseguir trazer rapidamente pessoas no hall de anjo vez de sair batendo na porta de milhão de pessoas. Para fundo americano, acho que uma das coisas mais importantes, e o brasileiro tem muito disto, é mostrar a inteligência, Então o brasileiro consegue fazer muito sem dinheiro. Porque nos Estados Unidos tem abundância de dinheiro uma fase 'super early' e aqui quando a gente mostra o que a gente consegue fazer sem dinheiro e todo empreendedor brasileiro faz isto, eles ficam muito impressionados. Então não subestime mostrar os detalhes de como você conseguiu crescer sem dinheiro, ou quais foram os truques de, que eles chama hoje de 'gowth hacking', que você fez e não gastou dinheiro. Isto impressiona muito eles. Uma coisa importante, acho que 'pitch' é uma coisa que você treina e fica meio que automático. Então você nunca vai querer fazer 'picth' para o melhor fundo do mundo sem antes ter treinado com outros. Alguns deles dão feedback. Então quando você estiver no décimo, ou vigésimo 'pitch', você vai saber todas as perguntas que ele vai fazer, já vai estar na sua cabeça. Então antes de bater nos fundos que você realmente quer levantar, treina com amigo e treina com investidores que você não quer levantar. Eles vão lhe dar feedback e quando você chegar, você vai chegar muito melhor. E outra coisa importante acho que é escolher mercado super grande. Porque nenhum investidor profissional de fundo, investe negócios potencialmente pequenos porque a conta para ele não fecha. Ele tem que dar retorno de três, quatro vezes, as vezes até mais no dinheiro que ele tem. Então mercados gigantescos atraem investidores grandes. O que é diferente para investidor anjo. O investidor anjo está disposto, as vezes, a investir negócios menores e lucrativos. Bom eu espero que vocês tenham gostado do papo sobre investimento. Eu tenho post no blog Investidor Jovem, que conta pouco mais de dicas sobre isto. Baixem o app do Kekanto, mandem feedback se vocês quiserem e boa sorte para levantar investimento. Acho que o Brasil todo mundo acha que está crise agora e o mundo vai acabar, mas o fato é que não está tão ruim para levantar investimento, especialmente com anjos que já estão devolvendo o que eles ganharam nos últimos quatro anos empreendendo. Então boa sorte e é isto aí. [MÚSICA]