[MÚSICA] [MÚSICA] Olá, nós vamos agora fazer uma junção das análises que a gente é capaz de fazer, juntando a análise vertical, horizontal, DuPont, tudo e vendo como, a partir de tudo isso, consegue inferir a saúde financeira de uma empresa. Então a nossa intenção é que quando você terminar esse vídeo, você vai ser capaz de inferir a saúde financeira de uma empresa a partir de seus demonstrativos contábeis e, com isso, você vai poder ver se aquela empresa está indo bem, está indo mal, e poder ter a sua opinião sobre a gestão daquela empresa. Então, a gente agora vai integrar todos os conceitos. Nós vamos pegar a análise DuPont, a análise de indicadores vertical e horizontal, e nós vamos entender como juntar tudo isso numa análise integrada. Essa é a nossa intenção nesse caso. Então, se a gente for lá, no caso de uma análise DuPont, eu vou lembrar que ROE é Giro do Ativo, vezes Margem Líquida, vezes Alavancagem Financeira. É assim que eu decomponho o ROE, que é o retorno para o acionista, e eu consigo verificar qual desses componentes e como é que ele está se comportando termos de geração de resultado. Agora, Giro de Ativo, ele está relacionado com diversos outros pequenos componentes que medem como a gestão dos ativos está sendo feito: Prazo Médio de Recebimento, de Estoques, Pagamento de Fornecedor, Ciclo de Caixa e Giro de Ativo Fixo. Margem Líquida, por outro lado, eu vou olhar Margem Bruta, Operacional, Cobertura de Juros e as Alíquotas de Imposto de Renda, porque, às vezes, a área tributária da empresa consegue algum benefício fiscal, alguma redução e isso precisa ser reconhecido como uma atitude legal da empresa. E outra questão: Alavancagem Financeira. Nesse caso, eu estou preocupado principalmente verificar a parte de risco da empresa e quanto que eu alavanco os resultados gerados pros ativos para os acionistas. Então aqui eu vou analisar indicadores do tipo Liquidez Corrente, Seca, o próprio Grau de Alavancagem Financeira e Endividamento, a Relação de Capital Terceiros com Capital Próprio, e o Índice de Cobertura de Juros, para saber se a alavancagem alta ou baixa reflete numa capacidade maior ou menor do pagar juros que a empresa tem. Então, nós vamos olhar isso e ver como é que a Renner ao longo de 2015 e 2016 gerou resultados. Então, se a gente pegar aqui e partir dos Balanços Patrimoniais e DRE da empresa, eu tenho que ser capaz de olhar para isso e construir toda a análise que vai sair a partir daqui. Somente dessas tabelas aqui a gente vai conseguir gerar todas as informações que decorrem a partir de agora. Então, começando com a análise vertical e horizontal, o que é que a gente vai ver? As receitas da Renner cresceram menos que a inflação. Vamos ver que 2016 a inflação foi de 6,29 por cento. Esse foi o IPCA do IBGE. Então, o que a gente espera é que, ao longo de ano, a empresa cresça mais do que a inflação, mas as empresas nem sempre conseguem fazer isso. No caso, a Renner cresceu as suas vendas cinco por cento e foi abaixo da inflação. Só que os seus custos cresceram bem menos, ou seja, ela pressionou bastante o fornecedor, cresceu só 2,7 por cento. Então o lucro bruto cresceu de 6,7 por cento e a empresa consegue manter lucro bruto próximo ao valor da inflação. A empresa também consegue uma redução de despesas financeiras e fez com que o lucro aumentasse ligeiramente acima da inflação. O lucro cresceu 7,9 por cento. Num Balanço Patrimonial, o que é que a gente pode observar? Principalmente uma redução de passivo não circulante, ou seja, a empresa reduziu acentuadamente as suas dívidas de longo prazo. Então, por isso também ela conseguiu resultado melhor, porque as despesas financeiras caíram. Vamos olhar agora na descomposição DuPont como é que isso ficou. Se eu pegar lá o ROE, 2016 23,7, 2015 era 25, ou seja, o ROE piorou. Ela perdeu pouco do ROE ano de crise, mas foi quase que milagre, porque 2016 foi ruim para quase todo o varejo. A gente teve resultados, por exemplo, da Marisa que foram péssimos. Então, dentro de todos os cenários, a Renner fez bom trabalho, ela perdeu pouquinho de ROE. Mas como é que ela conseguiu fazer isso? Se a gente for olhar ali, o Giro de Ativo praticamente ela manteve, deu uma ligeira redução, ela conseguiu aumentar a Margem Líquida, mas reduziu o seu Grau de Alavancagem Financeira de 2,54 para 2,56. Prestem atenção que essa tabela não está ordem cronológica, 2016 vem antes de 2015 aqui. Então sempre prestando atenção nessa ordem das colunas. Então, o que é que a gente pode conseguir notar? Que ela fez trabalho legal, reduzindo o endividamento, conseguindo com isso pagar menos juros e aumentando a Margem Líquida e manter o Giro de Ativo mais ou menos próximo do que já estava antes. Agora a gente pode decompor isso mais, a gente pode ir para os direcionadores. Então, se eu pegar agora e for analisar mais detalhes o Grau de Alavancagem Financeira diminuiu. A gente olhando agora nos indicadores de risco da empresa, a gente vai ver que termos de Solvência de Curto Prazo, a empresa reduziu Liquidez, mas o mais importante é que a empresa reduziu o Endividamento Total, principalmente se a gente olhar ali a relação entre Dívida e Capital Próprio, foi de 53 para 34,93 por cento, quase 35. Então há uma redução de endividamento, principalmente de longo prazo. E a Cobertura de Juros foi de 8,89 para 9,48, ou seja, a empresa ficou mais tranquila relação ao pagamento dos seus dividendos e, com isso, o Grau de Alavancagem diminuiu pouquinho. Então isso vai fazer com que na hora que eu calculo o ROE, eu não tenho aquele multiplicador muito grande, mas, por outro lado, eu tenho ganho na margem porque eu estou reduzindo o meu gasto com juros. Então isso, nos Indicadores de Risco, mostra como é que esse Grau de Alavancagem Financeira foi alterado ao longo de 2015 para 2016. Vamos olhar agora o Giro de Ativo. O Giro de Ativo, como a gente viu, foi praticamente mantido, era 1,05 passou para 1,00. Como que isso foi nos detalhes? Então, se a gente olhar aqui nos Indicadores de Gestão de Ativos, a gente vai ver que o Giro de Contas a Receber aumentou pouco, ou seja, a empresa está conseguindo girar mais, está dando pouco menos de prazo, dava 125 dias, está dando 124, quase mantido. O Giro de Estoque diminuiu, então claramente a gente está vendo aqui aumento de 90 para 110, ou seja, aumentou 20 dias o tempo que as mercadorias estão ficando expostas na loja, porque, claro, ano de crise é mais difícil vender e a empresa não quer deixar a loja desfalcada, então ela deixa com mais estoque mesmo. E com os fornecedores, a gente vai ver aqui que ela pagava 80 dias e está pagando 96 dias agora 2016, então ela pressionou os fornecedores e parte desse aumento de 20 dias, ela repassou para os fornecedores. Então aumento de quase 16 dias aqui. Então o que acontece? Quem está financiando, praticamente, esse aumento de prazo que está ficando no estoque é o fornecedor dela. Então, o resultado disso é que o Ciclo Operacional tem pequeno aumento e o Ciclo de Caixa tem aumento de só quatro dias. Lembrando que Ciclo de Caixa, ele quanto maior, pior. Então aumentou só quatro dias. Isso daqui é o prazo, número de dias, que fica entre o tempo que ela paga o fornecedor e o tempo que ela recebe do cliente. Então, com isso ela conseguiu não ter uma piora muito grande no giro, o Giro do Ativo Fixo diminuiu também, porque, claro né, o volume de vendas que ela gerou 2016 não cresceu o tanto quanto ela esperava, cresceu abaixo da inflação, e os ativos cresceram o tanto que vem crescendo historicamente, então, com isso, eu tenho uma redução do Giro de Ativo. E o resultado total é que o giro foi de 1,05 para 1,00, então ficou praticamente mantido, uma redução bastante pequena. Então, a empresa, termos de giro, manteve-se mais ou menos equilibrada. Olhando agora para o terceiro item, que é a Margem Líquida, o que é que a gente pode ver? A Margem Líquida da empresa tem pequeno aumento, lembrando que ela está pagando menos juros. Então, esse pequeno aumento foi obtido, principalmente, porque ela conseguiu pressionar os fornecedores na redução de custo, como a gente pode ver a Margem Bruta aumentou de 59 para 60 e a gente pode ver também que a Margem Operacional caiu, ou seja, ela teve aumento de despesas ao longo de 2016. Lembrando que entre a Margem Bruta e a Margem Líquida, a diferença são as despesas administrativas e as despesas comerciais. Como essas despesas cresceram pouco além da inflação, o que é que acontece? Mesmo conseguindo pressionar mais os fornecedores, ela teve gastos que fazem com que a sua Margem Operacional fosse praticamente mantida, ali torno de 15 por cento. Agora, como ela pagou menos despesas financeiras 2016, ela conseguiu melhorar quase 0,3 o seu Indicador de Margem Líquida. Então, a composição desse aumento de Margem Líquida com giro mais ou menos mantido e o Grau de Alavancagem Financeira com uma pequena redução, fez com que o ROE diminuísse, não tanto quanto de outros concorrentes, mas tivesse uma pequena redução. Então, dessa forma, a gente fica com uma visão bastante integrada do conjunto de tudo que aconteceu. Resumo, a gente vê que a GAF reduziu por redução de endividamento, o Giro de Ativo reduziu por aumento de estoque e ativo fixo, mas é aliviado pela maior pressão de prazo sobre fornecedores e margens aumentaram pela redução de custos e despesas financeiras. Agora vamos ver como é que isso repercutiu nos indicadores de mercado da empresa. Se a gente for olhar, termos de Lucro Por Ação, a empresa aumentou de 0,82 para 0,89, porque ela teve aumento de lucro. E o Índice Preço Lucro foi de 21 para quase 27 dias, ou seja, o mercado reconhece que a empresa, num ano de crise, está tendo uma boa performance e que espera que no futuro ela tenha uma performance melhor ainda. Se eu for olhar aqui termos de valor de mercado, ela foi de mais ou menos 12,5 bilhões para 16,9 bilhões no final de 2016, ou seja, o mercado, mesmo num ano de crise, aumentou o valor de mercado dessa empresa. E foi ano que, com esse aumento, o Dividend Yield, que relaciona o dividendo com o preço da ação, cai pouquinho, mas ela distribuiu mais resultados, ou seja, 2015 ela distribuiu 40 por cento do seu Lucro Líquido na forma de dividendos e 2016 ela distribuiu 46 por cento. Então, com isso, a empresa mostra que o mercado está reconhecendo isso. Então, ao mesmo tempo que a empresa num ano de crise tem uma performance razoável, praticamente mantendo o seu ROE, conseguindo isso com a redução de endividamento, tem esse fato reconhecido pelo mercado. A consequência é que o risco dela está diminuindo e o preço é alto, ou seja, se eu for investir na Renner, eu vou esperar menos volatilidade no futuro, ou seja, aquela oscilação de preços no futuro, mas vou pagar mais caro. Se eu for investir outras empresas de maior risco, eu possivelmente pague mais barato, mas eu corro o risco de, no futuro, ter prejuízos inesperados. Se eu olhar agora aqui gráfico, e aqui a gente pega a cotação de mercado da Renner ao longo desde maio de 2015 até recentemente, o que a gente vai observar é que janeiro, quando fechou esse balanço, a ação estava cotada cerca de 20 e poucos reais. O que acontece? De lá para cá há crescimento bastante forte, ou seja, de janeiro para cá o mercado está reconhecendo como a Renner tem melhorado a sua operação. 2015 já tinha tido esse aumento expressivo das cotações. Então a gente viu que ela tem uma melhor performance, quando comparado com os concorrentes, tem menor risco, mas o seu preço é maior. [MÚSICA]