[MÚSICA] [MÚSICA] Olá! Nós vamos ver agora os indicadores financeiros de risco e a gestão de liquidez ou solvência de uma empresa. Então, ao final desse vídeo, você deverá saber calcular os indicadores financeiros de liquidez ou solvência e interpretar o que eles representam. A gente tem que lembrar que uma empresa, ao gerenciar os seus fluxos de caixa, ela tem que ter capacidade de saldar todos os seus pagamentos, e pontualmente. Então, se ela tem que pagar salário no dia cinco, no dia cinco o salário tem que estar na conta do funcionário. Se os credores têm direito a receber os juros uma certa data, eles vão querer receber aquele juros; e se não for pago, esses títulos podem ser processados, podem até gerar falência de uma empresa. Então é bastante importante que uma empresa tenha geração de caixa suficiente para conseguir pagar e honrar seus compromissos. Então, ela vai ter indicadores que vão mostrar a solvência de curto prazo da empresa, ou seja, o quanto que ela consegue ter de recursos caixa para pagar os seus fornecedores, os juros etc Isso no curto prazo. E no longo prazo, às vezes, a empresa pode até ter bastante caixa, mas se eu começar a olhar que a empresa tem uma dívida muito grande, a pergunta é; será que ela vai ter dinheiro no longo prazo para pagar essa dívida? Será que se cair as vendas no ano que vem, ela vai conseguir ter dinheiro para poder pagar isso? Então a gente olha para o outro lado, os indicadores de solvência de longo prazo; são indicadores que estão relacionados a dívidas de longo prazo e a capacidade, de no futuro, pagar e honrar essas dívidas com os credores. Os principais indicadores que a gente vai ter aqui então: são indicadores de liquidez corrente e liquidez seca, que eles medem isso no curto prazo; e no longo prazo, individamento total, a dívida sobre capital próprio, o grau de alavancagem financeira ou multiplicador de PL, e o índice de cobertura de juros. Vamos ver cada deles agora, detalhes para a gente entender. Vamos começar com os de solvência de curto prazo ou de liquidez. Então nesse caso, para a gente falar de liquidez, a gente quer dizer dinheiro vivo; quanto mais próximo lembra de cima do meu balanço patrimonial, mais liquidez eu tenho. O ativo de maior liquidez é o caixa; o segundo ativo de maior liquidez é o contas à receber; o terceiro é o estoque, é o menos líquido, porque eu ainda não vendi. O contas à receber eu já vendi, estou só esperando o dinheiro no caixa e o caixa já está lá. Então, é comum eu comparar isso com os compromissos que eu tenho de curto prazo com os meus fornecedores, os meus funcionários, que estão no meu passivo circulante. Se eu pegar então o total de ativos circulantes- que vai ter o total de caixa, mais contas à receber, mais estoque- e dividir pelo passivo circulante- que normalmente aponta fornecedores, empréstimos de curto prazo, salários à pagar- eu vou descobrir esse índice que se chama Liquidez Corrente. Quanto maior esse índice, mais a minha empresa tem liquidez. É claro que ter mais liquidez é bom, porque ela vai ter mais dinheiro para honrar os seus compromissos. Mas, também, vamos lembrar que quanto mais dinheiro ela tem aqui, mais dinheiro dos investidores ela precisa pegar. Então, isso também vai prejudicar pouco o resultado que ela vai gerar; se ela tiver muito dinheiro parado, não é bom negócio. Então, esse número tem índice que é ideal, para cada setor a gente vai olhar que isso funciona de forma diferente. Se eu pegar, por exemplo, a Renner, Guararapes, Marisa e Hering, a gente vai ver que termos de liquidez, a Hering é a que tem maior liquidez; ela tem mais ativos circulantes para cada real de passivo circulante, ela tem 3,66 reais de ativo circulante. A segunda é a Marisa, ela também está bastante líquida. A terceira é a Guararapes, ou seja, a Riachuelo. E a que tem menor índice de liquidez corrente vai ser a Renner, ou seja, ela trabalha com menos caixa, menos dinheiro de curto prazo; para cada real de dívida que ela tem com os fornecedores, ela tem 1,40 de ativos circulantes para honrar isso. Outro indicador importante é o seguinte, vamos lembrar que parte desse ativo circulante não tem muita liquidez- que é o estoque- o estoque não foi vendido ainda, ela espera vender, mas não vendeu ainda. E o quê acontece se ela não vender? Então vamos fazer teste pouco mais rigoroso- que a gente chama isso de liquidez seca- eu vou pegar o ativo circulante e tirar o estoque; então eu vou olhar o que ela realmente recebeu de clientes e o ela tem já de dinheiro no caixa, e vou dividir isso pelo passivo circulante. Então se eu olhar aqui, novamente, a Hering tem a maior liquidez do mercado, a Marisa é a segunda, a Guararapes a terceira e, também, no caso, a Renner a quarta; ou seja, para cada real que ela tem dívida de curto prazo, mais fornecedores- que é o passivo circulante dela- ela tem 1,13 reais termos de ativo circulante, já excluído o estoque. Então a menor liquidez aqui é da Renner. Outros indicadores importantes são indicadores de solvência de longo prazo; ou seja, será que daqui a ano, dois anos, três anos, a empresa vai ter recursos para honrar seus compromissos? Então, o quê que a gente vai olhar aqui? Eu vou pegar, por exemplo, índice que se chama Individamento total. Como é que eu calculo isso? Eu pego o ativo total, tiro o patrimônio líquido e essa diferença- vamos lembrar que é o dinheiro que vem de terceiros, patrimônio líquido dos acionistas, do ativo total, total que ela tem de investimentos no seu ativo- peguei desse ativo, tirei o patrimônio líquido, é dinheiro que ela está pegando de terceiros, sejam credores, fornecedores etc. Se eu dividir isso pelo ativo total, eu vou ver qual a proporção de dívida relação ao ativo total. Então, quanto maior esse indicador, mais dinheiro de terceiros ela está pegando, portanto maior risco de no futuro ela não ter dinheiro para pagar. Uma outra forma que eu posso fazer é pegar essa dívida total e dividir pelo patrimônio líquido; é outro indicador, chama-se índice Dívida Capital Próprio. E outro indicador, também similar, é o Multiplicador de Patrimônio Líquido ou Grau de Alavancagem Financeira, GAF. Ele é obtido pegando o ativo total dividido pelo patrimônio líquido. Nesse caso, quanto maior esses indicadores individamento, índice de dívida capital próprio e multiplicador de PL, mais dívida a empresa tem. Ter dívida, para uma empresa, não é necessariamente uma coisa, muitas vezes pode ser uma coisa boa. Por que se ela tem uma dívida, mas ela paga juros pequenos, isso pode ser uma boa. E para saber se os juros dela são pequenos ou são altos, a gente tem indicador bastante importante que se chama Índice de Cobertura de Juros. O quê que eu vou fazer? Eu vou pegar o lucro operacional da empresa, ou lucro antes dos juros, imposto de renda, que é o LAJIR. Lembrando: como é que eu obtenho isso? É a receita, menos os custos, menos as despesas operacionais das empresas. Então, quanto que desse resultado operacional da empresa, ela tem para pagar os juros? Então a gente dividi isso pelos juros. Se eu pegar o resultado operacional e dividir pelos juros, eu obtenho o que se chama de Índice de Cobertura de Juros. Esse número, idealmente, tem que ser acima de três, esse é o número que o mercado costuma utilizar. Então se os meus juros é só terço do meu resultado operacional, eu considero que está dentro de uma normalidade. Agora, se esse número começa a ficar muito pequeno, eu começo a ficar preocupado, ou seja, o meu resultado operacional não é suficiente para pagar os juros. E como é que a empresa vai conseguir então pagar esses juros? Ela vai ter que pegar dinheiro emprestado ou rolar dívidas, ou coisas dessa natureza. Então como a gente pode ver aqui no endividamento total, a Marisa é a que está mais endividada, ela tem 61% de endividamento total. Segundo lugar nós temos a Renner, com 59%, a Guararapes com 53% e a Hering só 20%, ou seja, a Hering trabalha praticamente sem dinheiro de terceiros. E se a gente olhar a Dívida Capital Próprio; o quê que está acontecendo? Os indicadores mostram a mesma situação. Eu tenho a Marisa como a mais endividada, a Hering como a menos endividada. Agora, será que essa dívida é boa ou é ruim? Então eu vou olhar para o meu índice de cobertura de juros, lembrando que esse índice de cobertura de juros, quanto maior melhor. O índice de cobertura de juros tem que ser pelo menos acima de três para ser considerado razoável, abaixo de três ele é considerado ruim. Então vamos olhar aqui o que acontece no caso dessas empresas. A Marisa está bastante endividada, mais do que as outras, mas olha que o índice de cobertura de juros dela é 0,06%, ou seja, ela tem seis centavos, de resultado operacional, para cada real de juros que ela tem que pagar por ano. Ela está uma situação financeira bastante delicada no final de 2016; então isso aqui é bastante preocupante. Então esse grau de endividamento elevado que ela tem é preocupante, que pode ser que no longo prazo, ela não consiga recursos para honrar seus compromissos. Ela vai ter que arrumar uma estratégia, não é uma coisa imediata, porque ela tem uma liquidez razoável no curto prazo, mas no longo prazo ela tem pepino para resolver aqui. Ela vai ter que trabalhar bastante para virar esse resultado e gerar mais vendas, mais lucros para os anos seguintes, senão ela fica maus lençóis, ou seja, ela tem risco bastante alto. Já a Renner, ela apesar de ter 60% de endividamento praticamente, 59,27%, ela tem índice de cobertura de juros muito confortável, para cada real de juros que ela deve, ela tem 9,48 reais de resultado operacional. A Guararapes está índice de 3,16, que ainda é razoável. E a Hering tem valor negativo, ou seja, eu nem vou me preocupar com a Hering, porque a Hering não tem dívida; então, para cada valor que ela tem ali recebendo de resultado operacional, ela tem resultado financeiro, ela não paga juros, ela recebe juros. Então a Hering, eu nem vou olhar, ela não tem risco nenhum de longo prazo. Então aqui no caso, a mais preocupante é a Marisa. Se eu comparar então as duas coisas ao mesmo tempo, solvência de curto prazo com de longo prazo; o quê que eu vou ver? A Renner tem o melhor ROE do mercado, seguido pela Hering, porém a Renner está mais endividada que a Hering; esse endividamento é bem razoável, principalmente se a cobertura de juros é bem elevada. A Hering tem muito investimento ativos financeiros, que gera receitas financeiras elevadas e por isso há essa diferença. A Riachuelo, por outro lado, está pouco menos endividada do que a Renner, agora, ela tem índice de cobertura de juros dentro do limite do aceitável. A Marisa é a pior de todas, está muito endividada, com cobertura de juros bastante preocupante. Então essa é a análise que eu faço para verificar como está o risco dessas empresas. Então, aqui, termos de risco, parece que a Marisa é a pior, é a que tem mais chances de no futuro, ou dar resultados muito bons ou muito ruins. A Renner é a, aparentemente, mais equilibrada; é a que tem mais chance no futuro de ter resultados dentro do esperado. Então, essa é a conclusão sobres os indicadores de risco dessas empresas. [MÚSICA]