[MÚSICA] [MÚSICA] Olá, você vai ver agora a análise horizontal de uma empresa. O objetivo aqui é que você, ao final desse vídeo, consiga interpretar a análise horizontal dos demonstrativos de uma empresa. Como a gente sabe, a análise vertical analisa composição dos itens numa mesma data. Na análise horizontal, a gente vai olhar a evolução ao longo do tempo. Então a gente vai ver o que está acontecendo com a mesma empresa ao longo de vários anos. Das empresas varejistas do Brasil, nós vamos escolher fazer essa análise com a Renner. Vamos ver como é que, a partir dos balanços demonstrativos financeiros publicados e auditados pela Renner, a gente tira conclusões a respeito do que está acontecendo ao longo do tempo com a empresa. Então, se a gente olhar aqui, nós temos o Balanço Patrimonial e DRE 2016 e 2015. Observe que é bastante comum as publicações serem colocadas ordem não cronológica, ou seja, coloca-se na primeira coluna o demonstrativo mais novo e na segunda o mais antigo. Então, isso, às vezes, pode gerar uma certa dúvida, mas então tenha sempre ciência que é comum isso acontecer, então é importante a gente sempre prestar atenção nas datas nos cabeçalhos desses demonstrativos. E a pergunta é: "Tá bom, 2015 a empresa tinha 5 bilhões e 864 milhões ativos, ela cresceu 2016 para 6 bilhões e 475 milhões. Agora, o que aconteceu com a receita? A receita foi de 6,1 bi para 6,4 bi. Será que isso foi bom?" Se a gente olhar lá o lucro líquido, foi de 579 para 625. A gente olhando para esses números, a gente fica pouco dúvida. Como será que a gente analisa melhor isso? Vamos lembrar que de 2015 para 2016 houve inflação. Então será que esses ativos cresceram acima da inflação ou abaixo da inflação? Será que essa receita foi acima da inflação ou abaixo da inflação? O que aconteceu com os custos e assim por diante. Então aqui, nós estamos colocando a análise horizontal junto com as duas análises verticais. Veja que é bastante comum a gente colocar assim para que a gente consiga observar as duas coisas ao mesmo tempo. Então, se a gente lembrar que a inflação foi de 6,29, que foi o IPCA publicado pelo IBGE 2016, a gente consegue agora verificar nessa última coluna que está aqui, a análise horizontal, eu estou dividindo valores de 2016 pelos de 2015. Então eu estou pegando, por exemplo, os ativos de 2016, 6,475, divido por 5,864 e vou olhar quanto variou. A variação foi de dez por cento. Veja que essa variação foi acima da inflação, ou seja, a empresa cresceu os seus ativos acima da inflação. E a receita? A receita variou cinco por cento, ou seja, a receita variou menos que a inflação. Como então que eu vou chegar a uma conclusão geral sobre isso? Então, se a gente olhar bem detalhadamente e descer no detalhe de cada conta, a gente vai poder falar algumas coisas mais importantes sobre a empresa. Por exemplo, a gente já viu que as receitas, por exemplo, cresceram menos que a inflação, mas será que isso foi importante para o acionista? Será que isso gerou impacto nos resultados? Então vamos ver detalhes. Os custos cresceram bem menos que as receitas e, assim, a empresa consegue manter o lucro bruto bem próximo do ano anterior sem descontar a inflação. Então, se a você olhar ali, o que vai tá acontecendo? O custo da mercadoria vendida cresceu só 2,6 por cento e o lucro bruto então cresceu 6,7, ou seja, o lucro bruto aumentou até pouco mais do que a inflação. Então, mesmo vendendo pouco menos, ela conseguiu custos melhores, ou seja, ela conseguiu negociar melhor os preços das mercadorias que ela comprou com os fornecedores e com isso ela conseguiu lucro bruto até pouquinho melhor que o crescimento da inflação. Por outro lado, as despesas cresceram 7,4 por cento. Então isso demonstra o que? Que cresceu pouquinho acima da inflação. Mas o lucro operacional foi então impactado por isso, então aquele resultado melhor de lucro bruto fez com que o nosso lucro operacional não fosse assim tão bom, porque a gente teve crescimento nessas despesas administrativas. As despesas financeiras, por outro lado, elas vão, nesse caso, ter decréscimo, ou seja, na análise horizontal a gente consegue perceber que reduziu o gasto e despesas financeiras, mas por que será que isso aconteceu? Se a gente olhar como eu tô com as duas análises verticais aqui, e se eu for lá cima olhar passivo não circulante, eu vou verificar que o passivo não circulante foi de 21 para 14 por cento, ou seja, a empresa reduziu o seu endividamento, portanto está pagando menos juros esse ano. E, com isso, ela também pagando pouco menos de imposto de renda, o lucro líquido dela cresceu 7,9, ou seja, cresceu acima da inflação. Então isso foi a forma como a empresa acabou conseguindo resolver o seu problema e gerar, mesmo com uma queda de vendas num ano de crise, num ano terrível que 2016 foi muito ruim para todo o varejo, ela conseguiu vendendo menos, crescendo menos nas vendas do que a inflação, gerar lucro líquido para os seus acionistas. Então veja que isso daqui demonstra uma capacidade muito boa da empresa de reagir e trabalhar dentro de crise. Perceba também no balanço patrimonial, como a gente já tinha notado, que teve uma redução expressiva do seu passivo não circulante e, por outro lado, crescimento expressivo de fornecedores. O que é que a empresa está fazendo? Além daquela redução de custos que a gente já mencionou, ou seja, ela pressionou mais os seus fornecedores, ela está atrasando mais os pagamentos para os fornecedores, negociou mais prazo com os fornecedores. Porque, obviamente, num ano de crise o volume de vendas é menor, a empresa vai tentar deixar os seus estoques lá na loja e tentar conquistar mais clientes. Então, com isso, convenceu os seus fornecedores a dar pouquinho mais de prazo para receber, cresceu 23 por cento essa conta de fornecedores, e ela pegou menos empréstimos de longo prazo. Lembrando que na conta de fornecedores ela, além de conseguir mais prazo, ela também conseguiu menores custos. Então veja que a Renner conseguiu usar o seu poder de mercado para, apesar de crescimento ruim de vendas, que foi abaixo da inflação, gerar lucro líquido muito bom nesse ano de 2016, que muitas empresas, vamos lembrar, como a Marisa, por exemplo, tiveram prejuízo.